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09/07/2018 às 08h17min - Atualizada em 09/07/2018 às 08h17min

O charme dos cafés

Bairros como o Fundinho abrigam cada vez mais opções gastronômicas com espaços bastante aconchegantes

IGOR MARTINS | REPÓRTER*
O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Amado pelos brasileiros e presente no cotidiano de milhões de pessoas, o grão tem ganhado cada vez mais espaço no mercado e para muitos não se tornou apenas um drinque comum, mas um estilo de vida. O Brasil é o segundo país que mais consome café no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos da América. De acordo com uma pesquisa realizada pela Euromonitor International, empresa de inteligência estratégica de mercado, quase 800 xícaras de café são consumidas por pessoa ao ano em solo brasileiro, quase seis vezes a média mundial.
 
Além disso, o Brasil é também o maior produtor e exportador de café do mundo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em 2016 foram produzidas 51,4 milhões de sacas do grão. Um aumento de quase 20% em comparação ao ano de 2015. E a tendência é que este número continue crescendo.
 
O fruto disso é perceptível quando se fala em número de cafeterias em Uberlândia. É comum ver cafés lotados nas horas de pico nas regiões centrais, centros de comércio e shoppings, por exemplo.
Bairro mais antigo de Uberlândia, o Fundinho é considerado o centro histórico da cidade. Com uma população de quase 3 mil pessoas, de acordo com o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região abriga galerias de arte, museus, praças, ateliês, prédios, lojas de alto padrão e cafeterias que são modelo para o município.
 
Para Luiz Henrique Cabral, barista há cerca de um ano, o café, assim como o vinho e a cerveja, tem ganhado cada vez mais degustadores e adeptos, tanto pela qualidade da bebida quanto pelos benefícios à saúde creditados ao grão.
 
Ex-universitário, Luiz entrou no mercado do café quando fez o curso de barista no Mundo Café, cafeteria no bairro Fundinho, onde trabalha atualmente. “Eu estava infeliz cursando Engenharia. Quando fiz o curso de barista, vi que isto era uma das maiores paixões da minha vida. Aqui estou até hoje”, disse.
 
Luiz afirma que a onda crescente do café em Uberlândia é importante para a valorização da profissão que exerce. O Mundo Café, segundo ele, oferece cursos de barista uma vez ao mês, com um valor médio de R$ 500. “A procura pelo curso é muito grande. Muita gente participa com o intuito de fazer o curso e ir para fora do país, onde a carreira como barista é mais valorizada. Nós ensinamos as pessoas todos os processos do café, como a identificação de um café especial sensorialmente, a diferenciação de categorias de qualidade do grão. O barista é tudo isso. É entender todos estes aspectos para no fim, fazer uma bebida de qualidade para os clientes”, explicou.
 
UM CARINHO
 
“Café amigo” emociona clientes pegos de surpresa
 
Ivana Lima Afonso, proprietária de uma cafeteria também no bairro Fundinho, falou com a reportagem do jornal Diário de Uberlândia sobre o crescimento dos cafés na cidade. A história da mineira de 42 anos com seu empreendimento começou há dois anos, quando comprou uma confeitaria de uma amiga. Desde então, várias mudanças foram feitas no local.
 
Natural de Pitangui (MG), Ivana disse que a mudança de comportamento dos uberlandenses é perceptível. “As pessoas gostam muito de tomar café. Mas nós estamos percebendo que cada vez mais, elas estão vindo para a cafeteria e ficam aqui por um bom tempo, lendo um livro ou conversando com um amigo.”
 
Aproveitando esta mudança de comportamento não só dos uberlandenses, mas como do brasileiro em geral, a Le Café com Chocolá, empreendimento de Ivana, aplicou uma atividade chamada “Café Amigo”. A brincadeira se trata de pagar um café para alguma outra pessoa que for à cafeteria em seguida. “Por exemplo, você compra um café espresso. Quando você realizar o pagamento, nós perguntamos se você deseja pagar outro espresso para outra pessoa. Não precisa se identificar, mas é necessário deixar um bilhete com algumas palavras para a outra pessoa ler”, disse a empresária. A mineira ainda afirmou que já viu pessoas chorarem com a ação. “Às vezes a pessoa está passando por um momento ruim. Ela ganhar um café e ler uma frase de motivação pode mudar o dia dela”, completou ela que também confirmou a ampliação da loja.
 
Apaixonada por café, Bianca Bruneto, de 30 anos, acredita na excelência dos grãos oriundos do estado de Minas Gerais. De acordo com a publicitária, o clima do cerrado faz com que a região disponibilize uma grande variedade da bebida. Por outro lado, a mineira natural de Araguari pensa que as cafeterias da cidade de Uberlândia comercializam são de qualidade inferior. “Os cafés daqui são muito conceituados no exterior. Estamos ainda no princípio do hábito de ir à uma cafeteria e realmente saborear um bom café. Trata-se de uma experiência”, afirmou.
 
Ao jornal Diário de Uberlândia, a araguarina disse que a bebida remete à sua infância. “Tomo [café] desde criança. Me faz lembrar da minha família. Jogávamos conversa fora enquanto bebíamos café e comíamos um pão quentinho.” Bianca ainda disse que esta memória afetiva a fez gostar ainda mais do grão.
 
Com o sonho de ser empreendedora, Bianca Bruneto mostra vontade de abrir uma cafeteria na cidade de Uberlândia futuramente. “Percebi como esse ramo é promissor, então associei minha admiração ao café a um futuro profissional”, disse. No mês de junho, a mineira fez uma viagem até Patrocínio para fazer um curso sobre o grão. “Depois do curso, quero buscar os melhores cursos de barista para me aprofundar ainda mais”, finalizou a publicitária.
 
Mercado local tem mais potencial, diz barista
 
Dono de uma cafeteria dentro de um estúdio de barbearia e tatuagem em Uberlândia, Marcelo Babinski disse que a profissão começou como uma necessidade de trabalho, mas que logo se tornou uma paixão.
Na opinião do barista de 41 anos, o mercado em Uberlândia está em um processo inicial de desenvolvimento das cafeterias. “Aqui na cidade ainda temos poucas. Acredito que pelo fato de Uberlândia estar em uma região produtora de café, o mercado poderia ser melhor. Mas está crescendo, temos que acreditar sempre”, disse.
 
Por outro lado, Babinski afirmou que a região do Triângulo Mineiro não fica para trás em comparação com outras grandes cidades do Brasil: “Tirando a cidade de São Paulo, praticamente as outras cidades no país estão em uma fase inicial, como Campinas, Goiânia e Florianópolis”, citou.
 
E você, já tomou seu cafezinho de domingo?

CURIOSIDADES

- O Brasil é o maior consumidor de café do mundo
- Um brasileiro consome em média quase 800 xícaras de café por ano
51,4 milhões de sacas de café foram produzidas em 2016
- Produção aumento 20% de 2015 para 2016
- O café é a bebida mais consumida do mundo, atrás apenas da água mineral
- O Brasil corresponde a quase 30% de toda a produção mundial de café
- Em função da crise de 1929, Getúlio Vargas chegou a ordenar a queima de 80 milhões de sacas de café
 
*Fonte: Abic e Revista Cafeicultura

APRIMORAMENTO PROFISSIONAL
 

 
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