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29/06/2018 às 15h20min - Atualizada em 29/06/2018 às 15h20min

Emoção marca noite do festival literário mineiro

O encontro entre dois Pedros foi o ponto alto do segundo dia do evento que segue até domingo (1º), no Tauá Grande Hotel

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Ampla livraria foi montada na entrada do Tauá Grande Hotel de Araxá (Adreana Oliveira)
Pedro Davi Oliveira, estudante, mineiro, 15 anos, leitor assíduo. Pedro Bandeira, santista, escritor e professor, quase 50 livros publicados em 40 anos de uma carreira dedicada à literatura infanto-juvenil. O caminho desses dois se cruzou na noite de quinta-feira (28) dentro do Mastigando Autores, na 7ª edição da Fliaraxá.
Pedro Bandeira falou a uma plateia majoritariamente formada por professores. “O Brasil nunca recebeu uma boa educação. Mas é preciso acreditar que podemos mudar isso, é preciso incentivar cada vez mais a leitura”, disse o escritor.

Na plateia, o jovem Pedro Davi contou sua experiência. Ele mandou um e-mail para Afonso Borges, curador da Fliaraxá, pedindo ajuda para vir ao festival e conquistou a simpatia e o apoio dele. Pedro tem 15 anos. Nasceu em Varal, cidade mineira próxima a Teófilo Otoni. Atualmente mora em Ipatinga e não vem de uma família de leitores.

“Nunca tive incentivo, nem mesmo da diretora da escola. Fiz uma campanha e com a ajuda de autores consegui arrecadar quase 500 livros para a biblioteca da minha cidade natal, que era muito pequena, sinto falta desse incentivo. Mas estar aqui hoje mostra o quanto podemos fazer para realizar nossos sonhos e estou muito feliz por estar aqui”, afirmou o estudante, que emocionou o escritor.
 
PÚBLICO

Com uma bela e ampla livraria montada na entrada do Tauá Grande Hotel de Araxá, a Fliaraxá atrai público de todo o país. Os uberlandenses comparecem em peso também. Entre os estandes, com livros a partir de R$ 5, encontramos entusiastas da literatura, músicos, empresários, professores e muitas crianças. Algumas delas chegam nos ônibus de excursões organizadas pelas escolas, que acontecem inclusive no período da manhã.

A tendência é que o público desta terça-feira (29) comece a aumentar e assim siga até o domingo (1º) quando acontece o encerramento. Todas as atividades são gratuitas.

A arena montada para o evento conta com um espaço gastronômico (FliGastronomia), tem um Museu do Brinquedo e música ao vivo todos os dias, além dos debates, palestras e sessão de autógrafos com vários autores.

DESTAQUES

A mesa “Ser republicano no Brasil Colônia: A história de uma tradição esquecida” discutiu o trabalho da historiadora e escritora Heloísa Starling com participação de Sérgio Abranches e Eugênio Bucci. A escritora lembrou de uma história de luta que não devemos esquecer. Para Sérgio, o Brasil despreza sua história e Heloísa tirou o véu da invisibilidade dessas lutas que contam com “pessoas extraordinárias”.

Eugênio Bucci fechou a conversa com uma bela frase: “o escritor trabalha contra o esquecimento”.

A mesa “O país da delicadeza perdida”, com os escritores Marcia Tiburi e Nilton Bonder, teve mediação de uma das homenageadas desta edição da Fliaraxá, Leila Ferreira. Para Marcia Tiburi, a delicadeza está na atenção ao outro, mas a delicadeza não deve ser confundida com docilidade.

“Tenho conversado muito com a Bruna Silva, mãe de Marcos Vinícius, menino morto enquanto ia para a escola no Rio de Janeiro. A imagem dela com a camiseta de uniforme ensanguentada do filho sob o caixão não sai da minha cabeça. É uma imagem inominável, mas de uma clareza que reflete o peso desse horror que vivemos. Ou os donos do capital, dos meios de produção, começam a refletir ou não sobra pedra sobre pedra”, afirmou.

Muitas mesas e debates ainda acontecem até domingo. Já estão por aqui escritores como Leonardo Boff, Marcelo Rubens Paiva, e o mexicano Juan Pablo Villalobos.
 
HOMENAGEADOS

O tema da Fliaraxá 2017 é “Alma, Leitura e Revolução” e tem duas damas da literatura brasileira como autoras homenageadas: Ana Maria Machado e Marina Colasanti. Como patrono local, o poeta João Rios Montandon e autora homenageada local, Leila Ferreira. Em 27 de junho, há 110 anos, nascia João Guimarães Rosa; há 80 anos, Graciliano Ramos publicava o clássico “Vidas Secas”, por isso foram escolhidos os Patronos da sétima edição do festival literário.
Confira a programação completa no fliaraxa.com.br.
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