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25/05/2018 às 13h08min - Atualizada em 25/05/2018 às 13h27min

Governo autoriza uso das Forças Armadas para liberar estradas

A medida já vinha sendo avaliada pela área de inteligência e segurança

FOLHAPRESS | SÃO PAULO
Paralisação de caminhoneiros na Rodovia Presidente Dutra, no Rio de Janeiro | Foto: Tania Rego/Agência Brasil
 
O governo federal autorizou o uso das Forças Armadas para liberar estradas bloqueadas por caminhoneiros caso não haja um refluxo no movimento, que entrou no quinto dia nesta sexta-feira (25). A decisão foi tomada na manhã de hoje em reunião de emergência no Palácio do Planalto. O presidente Michel Temer fez  um pronunciamento nacional pouco antes das 13h30 de hoje sobre esta definição.

A medida, considerada extrema e indesejada, já vinha sendo avaliada pela área de inteligência e segurança do governo. Na noite de ontem (24), a Casa Civil havia anunciado uma trégua com as principais entidades do setor, congelando o preço do diesel que move os caminhões por 30 dias e pedindo duas semanas para retomar a negociação.

Até o fim desta manhã, contudo, não havia sinais de arrefecimento daquilo que os caminhoneiros chamam de greve, mas que o governo já identifica majoritariamente como um locaute - quando empresários incentivam a disrupção de um setor econômico para tentar auferir vantagens, o que é ilegal. Ainda assim, há também um fator de espontaneidade na paralisação que intriga e preocupa o governo, temeroso de uma repetição nas estradas do cenário urbano dos protestos de junho de 2013.

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) disse nesta manhã que era preciso esperar para que o acordado com as associações na quinta chegasse à base, mas convocou uma reunião de emergência no Planalto para avaliar o contexto. Enquanto isso, em alguns pontos do país, o estrangulamento causado pela ausência de transporte de combustível chegou a níveis drásticos. O aeroporto de Brasília, terceiro mais movimentado e maior centro de distribuição de conexões do país, está sem querosene de aviação, por exemplo.

O governo hesitava em usar o Exército, numa semana marcada por inação política e diversos movimentos contraditórios e desastrosos por parte de seus aliados na chefia do Legislativo. O agravamento exponencial da crise na quinta-feira levou àquilo que, no Ministério da Defesa, se chama de recurso ao "posto Ipiranga" -referência, irônica no contexto atual, à propaganda da distribuidora de combustíveis que promete resolver todos os problemas do cliente em uma visita. No caso, o "posto Ipiranga" são os militares.

Inicialmente, o Ministério da Segurança Pública defendia que um desbloqueio fosse feito com forças regulares, das PMs estaduais e da Polícia Rodoviária Federal. Durante a quinta, monitoramento feito pelo Exército indicou que os bloqueios estavam sendo feitos de forma ordeira, embora aqui e ali fossem registrados incidentes. Com a demora na solução negociada, há uma crescente leitura de que a medida mais drástica poderá ser mais efetiva. Não será algo inédito, se ocorrer. Em 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) chegou a convocar o Exército para a mesma missão, e a mera ameaça debelou o movimento.

O perigo mora, para o governo, no exato contrário: se a medida, a exemplo da repressão policial que incendiou os protestos de 2013, acabe por radicalizar o movimento. O fato de a gestão do presidente Michel Temer (MDB), significativamente ausente das discussões, ter virado um para-raios de insatisfação popular em praticamente qualquer decisão que tome também pesa na equação.

Veja o pronunciamento de Michel Temer:


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