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13/05/2018 às 05h28min - Atualizada em 13/05/2018 às 05h28min

Mães do esporte uberlandense dão exemplo de amor e dedicação

Mães atletas e mães de atletas compartilham histórias dedicadas às competições

ÉDER SOARES | REPÓRTER
Letícia Lucas e a filha Clarice: mais incentivo para as disputas nas piscinas | Foto: Cíntia Guimarães/Divulgação
 
Hoje é o Dia das Mães. Data cercada de emoções para aqueles que as têm no convívio, ou por outros marcados pelas histórias da vida não tem mais as suas velhinhas, adultas, jovens, adolescentes, mas todas mães por perto. A quem garanta que essa data deveria ser todos os dias. O desafio de gerar vidas, cuidar e dar carinho é uma tarefa digna de verdadeiras campeãs da vida. O esporte amador ou profissional, dentro do contexto desta relação, não é apenas detalhe. São momentos e que marcam vidas. Da primeira queda no judô à medalha Olímpica. Tudo é memória, vida e vitória.

Nossa reportagem buscou, em Uberlândia, figuras dentro do cenário esportivo: mães atletas e mães de atletas, que muitas das vezes sacrificam seus sonhos pela felicidade e realizações dos filhos. O Diário de Uberlândia revela personagens, dentro e fora da disputa pelo primeiro lugar no pódio, mas que representam um pouco da vitória pela entrega do amor.

Um dos exemplos mais conhecidos na cidade é o da paratleta do Praia Clube Letícia Lucas. Campeã nas piscinas, ela treina para se manter entre as primeiras colocadas no ranking das América e participar do Parapan de Lima (Peru), no ano que vem. Clarice Lucas Ferreira Gomes é a filha de cinco anos. A paixão à prova d’água faz Letícia ser categórica ao afirmar o quanto a chegada da filhota motivou a sua vida de atleta.   

“Depois da decisão que tomei de ser mãe, tudo mudou. Assim que a Clarice nasceu eu esperei apenas três meses para voltar aos treinos e sem dúvida, meu comprometimento e vontade de ganhar e me superar aumentou mais que 100%. Não mais por mim apenas. Hoje somos nós duas e isso me impede de fraquejar. Vou atrás das vitórias por mim e por ela”, disse ao falar o quanto  o esporte pode ser importante na vida de uma pessoa.

“Acredito que é uma necessidade na vida de qualquer criança.  A disciplina e segurança que o esporte proporciona é imprescindível na formação do caráter de um ser humano.  Desejo que Clarice se torne, acima de tudo, uma mulher digna e que saiba respeitar a todos. Que saiba o valor de uma vitória, mas principalmente que aprenda com as perdas”, disse.

A nadadora não esconde que não é nada fácil o dia a dia entre treinos e tarefas de casa, mas que tudo é muito recompensador. “Dividir as tarefas de casa, Clarice e os treinos às vezes é muito cansativo. Mas foi uma escolha, minha, tê-la em minha vida e continuar me dedicando aos treinos. Me organizo para que nada falte a ela em termos de atenção, cuidados e também para que meus treinos possam ser feitos com qualidade sempre. Tudo é uma questão de organização”, afirmou.

Atacante do Uberlândia Esporte Clube, Saulo Rodrigues da Silva, de 20 anos, teve um incentivo diferente para ingressar na carreira de atleta profissional. O mais natural é o filho ter a influência do pai, em pleno 2018, muito mais coisa de homem que de mulher - infelizmente um pensamento errado. Porém na vida do jogador, aconteceu justamente o contrário. A mãe, Raimunda Nonata Rodrigues, costureira de 52 anos é quem mais apoio o filho na jornada pelos campos.

Na adolescência, quando ainda morava em Santa Inês (MA), Raimunda jogava futebol na lateral direita, disputando várias competições pelo Maranhão. Com a vinda para Uberlândia, há 25 anos atrás, uma pausa na carreira para se dedicar à criação dos filhos. Hoje, ela joga futsal em uma equipe do Shopping Park apenas para manter a forma e não se afastar do futebol.
 
“Eu sempre incentivei muito o Saulo, vou nos jogos e torço mesmo. É um sonho que ele sempre teve e que a gente procura ajudar da maneira que pode. Graças a Deus ele vem crescendo na carreira como jogador do Uberlândia Esporte. Ele é um excelente filho, muito carinhoso e responsável e merece realizar todos os sonhos dentro do futebol e também na vida”, disse Raimunda.

Emocionado, Saulo agradeceu o carinho da mãe ao ouvir a declaração carinhosa. “Não tenho palavras para descrever minha mãe. Ela sempre fez tudo o que pode por mim e sei que irá fazer tudo enquanto puder. Quero e vou retribuir essa dedicação, dando alegrias para ela. Estou em um começo de carreira, mas me sinto mais forte com este apoio familiar, especialmente vindo dela”, disse Saulo.  

RUGBY

Sorrisos no consultório e incentivo para a vida

Outro exemplo de dedicação à maternidade e ao esporte é a jogadora do Uberlândia Rugby Camila Raquel Alves, de 32 anos. Ela é ortodontista, mãe de Fernanda Alves de Araújo, de 15 anos, que hoje prefere as corridas.

“Eu fui mãe jovem e comecei a faculdade de odontologia na UFU, quando minha filha tinha um ano, período em que eu amamentava - até os 2 anos -, o que me proporcionou desfrutar melhor a maternidade, aproveitar muito os momentos com ela, sair nos intervalos da UFU e ir até o hotelzinho que ela ficava lá do lado, amamentar, ver se estava tudo bem, ter nossos momentos todos os dias, me proporcionou, desde sempre, que me vi por mãe, essa maternidade muito próxima, muito alegre, com muito amor.

A paixão pelo rugby, um esporte tido por muitos como violento e para homens, veio a cinco anos atrás. “Quando comecei no rugby, o meu objetivo era sair do sedentarismo e fazer alguma atividade física. Eu não o via como esporte violento, porque não conhecia nada, então não fui sem nenhum preconceito. Quando conheci, amei. Tinha contado físico, mas sobretudo muita técnica e estratégia, uma necessidade de superação que me encantava e uma amizade e valores que eram vivenciados dentro e fora de campo, que eu não tinha visto funcionar em nenhum lugar”, que ainda comentou.

“O rugby virou mais que uma atividade física, se transformou em um estilo de vida. Teve fases que minha filha precisou mais de mim e que me afastei, outras em que a carreira pediu maior dedicação e me dediquei mais ao trabalho, porém mesmo sendo difícil conciliar, o rugby acabou se tornando uma família, e mesmo em fases que eu estive ausente em campo, a proximidade com o time se manteve e sei que cada uma que entra em campo, joga por todo o time, joga por aquelas que não puderam estar ali representando. A disciplina que aprendi no rugby, eu trouxe para vida, o que me ajudou a me tornar uma profissional melhor, e acima de tudo uma mãe melhor”.

VÔLEI

Frango com açafrão e Seleção Brasileira

Cozinheira em um restaurante, Rogéria Dantas, de 45 anos, é mãe do ponteiro da Seleção Brasileira, o uberlandense Henrique Honorato. Com o filho jogando no Minas Tênis Clube, de Belo Horizonte, e neste momento treinando com a Seleção Brasileira, as visitas a Uberlândia ficam um pouco mais restritas, mas o que não impede o carinho e agrados da mães para o com o filho atleta.

“Sempre que ele vem e fica um tempo comigo, ele ama quando eu faço uma galinha com açafrão e salada. Esse é o prato que ele mais gosta de comer”, disse Rogéria.

A relação dela com o esporte, ficou mais concentrada quando da infância e adolescência, no Nordeste. “Sempre gostei de qualquer esporte e estar em algum. A dificuldade era a relação com o meu pai, que por ser nordestino, tinha dificuldades em liberar as filhas para praticar esporte. Isso prejudicou um pouco, mas nunca deixei de ter um esporte, pois em meu ponto de vista é fundamental na vida de uma pessoa. Eu pratiquei vôlei, basquete, sempre na escola, sempre me envolvia nas atividades. Na fase adulta, passou a ser caminhada e academia mesmo”, disse.

Mas quando a relação passa a concentrar sobre o filho Henque a emoção acaba tomando conta dessa mãe toda orgulhosa. “Eu repliquei em meu Instagram uma frase citada pelo Henrique: “O esforço pelos seus sonhos jamais será em vão”. Eu sempre vi muito isso no Henrique. Ele nasceu no esporte. Ali na quadra, eu o amamentava, sempre acompanhando o pai dele (Manoel Honorato), que foi o primeiro treinador dele. Então ele (Henrique), foi crescendo nessa relação e precisamente com o vôlei. O meu apoio, ele sempre teve. Sempre acreditei no potencial e talento dele, pois é muito dedicado e centrado no que faz”, afirmou Rogéria.

“No começo, quando eu saí de casa pela primeira vez foi muito difícil, mas como já estava acostumado a viajar e ficar dias fora, quando tinha Seleção Mineira e Brasileira, isso facilitou um pouco para eu acostumar. E quando eu saí há dois anos para morar em Belo Horizonte acabou sendo mais tranquilo, pois eu já tinha amigos lá e isso me ajudou muito, na questão de saudade de casa. Minha mãe sempre me apoiou muito no esporte, mesmo ela não entendendo tanto de vôlei, o que é engraçado né (risos), mas meu deu todo o apoio que eu precisei. Sou muito grato, pois não estaria aqui se não fosse ela”, disse.
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