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08/04/2018 às 05h35min - Atualizada em 08/04/2018 às 05h35min

Valtinho relembra os bons tempos de Uberlândia

Ex-armador encerrou a carreira no ano no Bauru e está afastado do esporte

ÉDER SOARES | REPÓRTER

Desde 2015, o torcedor uberlandense não tem mais aquelas noites emocionantes regadas a muito basquete, quase sempre disputadas no calor do conhecido “caldeirão” do ginásio Homero Santos, no Uberlândia Tênis Clube (UTC). Com o fim do Uberlândia/Unitri, em 2015, restou apenas a lembrança de grandes ídolos que fizeram a alegria de muitos uberlandenses e uberlandinos. Entre eles um em especial sempre é lembrado em rodas de bate-papo, principalmente por sua habilidade com a bola laranja e pelos títulos faturados por aqui.
 
Valter Apolinário da Silva, ou Valtinho, aposentou-se do basquete no ano passado, após conquistar o título de campeão do Novo Basquete Brasil (NBB) pelo Bauru (SP). O ex-jogador, de 41 anos, um dos grandes armadores do basquetebol brasileiro, montou um negócio no ramo de carnes na cidade de Franca (SP), a capital do basquete brasileiro e onde também jogou por algumas vezes.   
 
Valtinho passou por várias equipes do Brasil, mas foi no Uberlândia/Unitri onde mais jogou. Foram dez temporadas por aqui, conquistando um Campeonato Nacional (NBB), uma Liga Sul-Americana, nove títulos do Campeonato Mineiro, entre outros torneios. A reportagem do Diário de Uberlândia falou com o jogador no interior paulista e numa entrevista cheia de boas recordações, ele contou sobre o momento em que viveu em Uberlândia, o que ele considera como a sua melhor fase na vida pessoal e profissional.
 
Diário: Ano passado foi a sua última temporada no basquete?

Valtinho: A última passagem pelo basquete profissional, no Bauru, pelo qual fui campeão brasileiro. Meu último jogo foi dia 17 de julho. Vim para Franca, pois estava muito difícil a cada ano ficar morando em uma cidade diferente, com filhos e esposa. Então resolvi parar aqui.
 
Diário: Mesmo aos 41 anos, ainda existe chances do seu retorno às quadras?

Valtinho: Voltar a jogar acho que não. Voltar ao meio do basquete, quem sabe. Eu decidi parar pois estava cansado por alguns motivos e me distanciei de uma forma natural. Quando passa algum tempo você para e pensa no basquete, mas não é alguma coisa que eu penso todo dia e desejo, mas nada que seja impossível de acontecer.
 
Diário: O que você está fazendo agora?

Valtinho: Em dezembro do ano passado, eu abri uma casa de carnes com o meu cunhado e estamos todos trabalhando aqui, começando uma nova fase da vida. Acho que é dessa forma que quero seguir de agora em diante.
 
Diário: Você é considerado por muitos como o maior ídolo do basquete de Uberlândia como jogador. O que você pensa disso tudo e dos dez anos em que jogou aqui?

Valtinho: Eu cheguei aí com 24 anos e saí com 37, sendo que neste período fiquei três anos em Brasília. Foi uma fase de começo de carreira, passei muita coisa boa em Uberlândia. Ginásio sempre lotado. Minha família viveu muita coisa boa aí. Meu filho cresceu nessa cidade maravilhosa. É difícil falar de algo específico, não dá para descrever. Tenho amigos aí e saudade de tudo o que aconteceu.
 
Diário: Deseja vir morar em Uberlândia um dia?

Valtinho: Até planejamos morar aí depois que eu parasse de jogar, mas o time acabou antes disso acontecer e eles me mandaram embora. Então isso acabou mudando um pouco os rumos dessa história. Mas estávamos com tudo planejado para permanecer aí, mas nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente quer.
 
Diário: Como é para você saber que as pessoas aqui nunca se esquecem de você?

Valtinho: É motivo de muita alegria, fico feliz por isso. Cheguei aí, o time tinha dois anos. Eu estou dentro da história do time, participei de todos os títulos, os mais importantes, como também acabei participando das coisas ruins. Sou muito feliz por ter feito as escolhas que fiz, de ter ido para Uberlândia e passado tanto tempo aí. Não tem como mensurar a gratidão que tenho por Uberlândia e todas as pessoas daí.
 
Diário: Qual título você considera mais importante, o de campeão brasileiro em 2004, ou sul-americano em 2005?

Valtinho: É difícil falar qual é mais importante, pois são dois títulos que todo jogador almeja. Então, cada um teve o seu gosto e seu valor. A torcida estava esperando de mais algum título e eles aconteceram na hora certa, para matar aquela necessidade. Outros, aliás, não vieram por muito pouco.
 
Diário: Qual a sua maior frustração jogando aqui?

Valtinho: Foi uma final do Sul-americano (2004), que perdemos na quinta partida para o Atenas de Córdoba (Argentina), deixando escapar o título no finalzinho por dois pontos. Ficou também uma tristeza grande em uma final do NBB (2005) contra o Rio de Janeiro. Eu machuquei na semifinal, contra o Ribeirão Preto e não consegui jogar aquela final. Eu estava muito bem na competição e não pude ajudar a equipe.
 
Diário: Você pensa em tentar viabilizar um projeto de basquete profissional em Uberlândia?

Valtinho: A gente sabe como é difícil voltar com uma equipe depois que o projeto para, pois dá aquela esfriada. É complicado conseguir verba nos dias de hoje. O Cambraia (ex-jogador do Unitri) já tentou. Sei a dificuldade que é isso. Quando eu parei, dei aquele desencanada em relação ao basquete, mas eu não descarto voltar ao basquete de alguma forma.
 
Diário: Teve algum treinador em especial, que você mais gostou de trabalhar?

Valtinho: Acho que com todos os técnicos eu aprendi coisas importantes. Sempre tentei ver e aprender tanto com treinadores, quanto com jogadores mais experientes. Mas acho que o Hélio Rubens foi um cara realmente diferente. Comecei a jogar com ele quando eu tinha 21 anos, em Franca. O time já tinha o Helinho (filho de Hélio) como armador. Eu pensei: Isso não vai dar certo, mas ele sempre soube usar os dois de uma forma que sempre era boa para a equipe. Ele sabe tirar o máximo de cada jogador e eu tive o privilégio de ter sido treinado por ele também em Uberlândia.
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