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12/11/2017 às 05h43min - Atualizada em 12/11/2017 às 05h43min

Conservatório: 60 anos de tradição na música

Noite de hoje terá uma homenagem especial à fundadora Cora Caparelli

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Dona Cora é a fundadora do Conservatório de Uberlândia / Foto: Adreana Oliveira

 

Em 26 de dezembro de 1925 nascia em Uberlândia Cora Pavan Capparelli. O parto foi difícil. Uberlândia era uma cidade pequena e somente dois médicos atendiam aqui. “Cuide bem dessa menina porque a senhora não poderá ter mais filhos”, disse o doutor à mãe de dona Cora. Prestes a completar 92 anos de idade, a musicista será homenageada em um evento que marca os 60 anos do conservatório que leva seu nome, fundado por ela em 13 de julho de 1957, então como Conservatório Musical de Uberlândia, passando a Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli em 1967.

A filha única do político Angelino Pavan e da modista Adélia de Oliveira Pavan cresceu saudável e feliz. É uma das personalidades marcantes da sociedade uberlandense. A pianista teve autorização do pai para estudar Canto e Música no Conservatório Dramático e Musical e História e Geografia na Pontifícia Universidade Católica (PUC), ambos em São Paulo. Foi uma das primeiras mulheres graduadas da cidade.

Dona Cora atendeu a reportagem do jornal Diário do Comércio de Uberlândia em sua casa, um oásis em meio ao tumultuado Centro de Uberlândia. Na sala o piano chama atenção pela beleza. Por todos os lados, fotos da família que sofreu uma grande perda em 4 de dezembro do ano passado. O patriarca, o médico Vittorio Capparelli, faleceu aos 101 anos. Ele e Cora se casaram em 1950. Da união nasceram Cristina Maria Capparelli Gerling, Vittorio Amilcar Pavan Capparelli e Silvio Capparelli.

Dona Cora se orgulha e tem paixão pela família. “Já tenho oito netos, oito bisnetos e mais uma bisneta a caminho. Me considero uma pessoa de sorte. Acompanho o crescimento dos meus netos e bisnetos, faço álbuns de fotos deles. Estou atenta ao que meus filhos fazem. Desde o falecimento do Vittorio eles e a música me ajudam a seguir em frente. Sou uma pessoa simples e muito feliz, apesar das limitações da idade”, disse.

Até hoje ela é requisitada pelo Conservatório. Participa de reuniões e dá sua opinião quando é solicitada. “Jamais imaginei que fosse assistir e falar para alguém que a escola foi fundada há 60 anos. É uma distância grande e ainda há tanta gente daquele tempo aqui, vivos e bem; professoras e professores, amigos e amigas muito íntimos. Sou agradecida pela bondade de Deus porque eu não pensava que estaria viva 60 anos depois”, disse a musicista.

Ela conta que o trabalho sempre foi intenso e na época em que dirigia o Conservatório de Uberlândia também lecionava em Araguari, a noite, três vezes por semana. “A estrada era ruim. Viajávamos eu e a professora Geralda Guimarães, eu dirigindo. Meus pais sempre me esperavam acordados”, recorda.

Dona Cora está feliz por acompanhar toda evolução pela qual passam a música e o Conservatório. “É bom ver as crianças hoje em dia cada vez mais dispostas a se aventurar pela música. É preciso incentivar isso. Quanto aos professores, é fundamental ter paixão pelo que faz. Eu sempre amei lecionar, sou vocacionada pelo ensino da música. Já estudei muito e estudo... a música faz bem para nosso corpo, para nosso organismo e para a nossa alma. A música é a minha companheira constante”, disse.

Sobre os momentos mais marcantes da história do Conservatório ela cita um concerto com mil vozes realizado na praça Tubal Vilela. Entre seus compositores favoritos está Frédéric François Chopin (1810-1849). “Gosto mais de música romântica. Além de ter essa paixão por Chopin gosto de muitos compositores brasileiros”, comentou.

O carinho pelos uberlandenses por Dona Cora é intenso. Tanto que as mesas para o evento dessa noite foram todas vendidas. Na quarta-feira já não havia mais ingressos. Luciana Maria de Sousa e Silva, idealizadora do projeto que marca os 60 anos do Conservatório e os 92 anos de Dona Cora. “Tivemos uma adesão incrível dos nossos parceiros para realizar uma revista cultural que será lançada depois do evento e produzir um documentário para homenagear tanto a Dona Cora como o Conservatório”, disse.

Foram oito meses para o desenvolvimento do trabalho que tem outras agendas ainda por vir. Hoje, no Palácio de Cristal, haverá violinistas na recepção, música com grupo de bossa e DJ.

O diretor do Conservatório, Julio César de Almeida, que está no segundo ano de mandato, elogia a disposição de Dona Cora. “Nesta semana ela esteve aqui com a gente. Estamos sempre em contato. Os professores são sempre muito incentivados pela presença dela”, contou.

Julio Almeida é o primeiro diretor do Conservatório e o primeiro da linha de sopro. As outras diretoras (veja quadro abaixo) foram todas mulheres e dá área das teclas. A missão da atual gestão é continuar com a ideia inicial da fundação do Conservatório: levar a música a todas as pessoas de Uberlândia. “Estamos cientes de que o Conservatório tem que ir onde as pessoas estão. Estamos melhorando nossas estrutura e infraestrutura e investiremos ainda mais na modernização da escola. Temos que usar a tecnologia a nosso favor”, disse.

O Conservatório de Uberlândia é o maior dos 12 do Estado. Nesta semana outros eventos marcam o aniversário de 60 anos da instituição que segundo o diretor tem uma equipe muito unida, alunos dedicados e pais cada vez mais presentes.


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