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09/10/2017 às 17h43min - Atualizada em 09/10/2017 às 17h43min

Biografia marca os 60 anos do 'Rei'

Maior artilheiro do Atlético Mineiro esteve em Uberlândia divulgando a obra escrita pelo filho

ÉDER SOARES | REPÓRTER
Reinaldo Lima divulgou seu livro biográfico durante o Encontro Literário do Cerrado / Foto: Leonardo Borges

 

Reinaldo, o rei eterno da torcida do Clube Atlético Mineiro, esteve no final do mês de setembro em Uberlândia para divulgar a sua biografia, “Punho Cerrado – A História do Rei”, escrita pelo seu próprio filho Philipe Van Raemdonck Lima.

Reinaldo passou uma tarde conversando com fãs e estudantes que participaram da segunda edição do Encontro Literário do Cerrado (Elicer) e depois participou de uma sessão de autógrafos.

A reportagem do Diário do Comércio aproveitou para conversar com o maior ídolo atleticano de todos os tempos e saber sua opinião sobre o momento atual do Atlético, que não vive um bom ano, além de algumas histórias na carreira. Mostrando muita simpatia e disposição, Reinaldo fez questão de exaltar também a cidade de Uberlândia e o carinho dos torceres pelo Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

“Na minha época de jogador eu vim algumas vezes jogar no Estádio Juca Ribeiro e posso afirmar que era sempre uma guerra. Era muito difícil bater o Verdão na sua casa. Sempre montavam grandes times e quando iam jogar com a gente lá em Belo Horizonte, sempre resultava em grandes jogos. Uberlândia é uma cidade que merece ter um grande clube no cenário nacional e tomara que consiga isso logo”, disse.

Sobre o livro, Reinaldo conta que a ideia partiu de seu filho, que nunca o viu dentro de campo. “Meu filho não me viu jogar e durante toda a vida foi escutando histórias e comentários sobre a minha carreira. Dessa forma ele me propôs escrever a minha biografia, baseado em meu depoimento. Ele fez pesquisas e ouviu muitas pessoas. Como ele tem um texto muito bom, conseguiu pontuar fatos importantes da minha vida até os tempos de hoje”, disse o Rei, que está contente com a procura do livro.

“O livro tem saído bastante, pois tem um público direto, que é do futebol e acho que dará uma significativa contribuição para a literatura do Brasil. Pelo menos é isso que eu espero”, disse.

O ex-craque garante que não se cansa dos elogios, dentre eles o de ser considerado o maior craque da história do Galo. “É uma honra ter este reconhecimento, ser o maior artilheiro do Galo e ser aclamado pelo nosso torcedor e de outros clubes do Brasil. Eu me sinto um privilegiado de ter todo este reconhecimento e admiração. Essa é minha grande herança que trago do futebol”, afirmou.

 

LIBERTADORES E RONALDINHO

Quando perguntado em relação ao título da Libertadores da América de 2013 e sobre a passagem de Ronaldinho Gaúcho, Reinaldo faz questão de afirmar que o Atlético não se tornou grande somente por causa destes fatos, mas que, desde a sua época, nas décadas de 70 e 80, o Galo já era tido com um clube gigante.

“O Atlético sempre foi grande e sempre teve reconhecimento. Eu mesmo participei de vários torneios pelo mundo. Na década de 70, no Plano Marshall de reconstrução da Europa, o Atlético foi convidado para jogar. O Atlético Mineiro é uma referência no futebol brasileiro, é claro que o Ronaldinho e os títulos da Libertadores e da Copa do Brasil trouxeram mais brilho para o clube. Mas a história do Galo é centenária. Ele sempre foi e sempre será um grande clube. O Atlético é o maior sentimento em Minas Gerais”, afirmou.

 

PROJETO

Ex-atacante aprova arena própria

Em setembro, o Conselho Deliberativo do Atlético aprovou o projeto de construção da Arena MRV, estádio do Galo, que tem previsão para ficar pronto em 2020. Reinaldo aprova a ideia. “Sou a favor da construção da arena, sim. O Atlético tem que ter o seu estádio, um espaço que pode ser utilizado não só para partidas de futebol, mas também para outros eventos e que trará renda. Foi uma negociação muito bem feita pela diretoria. Belo Horizonte precisa de um novo espaço para eventos e com certeza a arena será mais um grande espaço para os mineiros”, disse.

 

2017 DO GALO

Se por um lado o Rei está feliz com a estrutura e planos do Galo para os próximos anos, em relação a 2017 ele garante estar decepcionado e espera que em 2018, a situação possa melhorar e que o clube volte a disputar títulos. “Não está bom não. Este ano o clube não acertou nada em campo e teve muitas dificuldades, o que é uma pena, pois se tem um grande elenco e todos os torcedores esperavam muito. A Primeira Liga não deu, agora resta brigar para terminar o Brasileiro em uma posição digna, quem sabe ainda conquistar pelo menos uma vaga para a Libertadores e dessa forma se reorganizar, pois 2018 deverá ser um ano ainda mais duro”, concluiu.

 

ORIGEM

José Reinaldo de Lima nasceu no dia 11 de janeiro de 1957, em Ponte Nova (MG). Em 1971, o talento precoce fez com que o Atlético o buscasse em sua cidade, com apenas 14 anos, para fazer um teste contra o time profissional, que viria a ser o campeão brasileiro daquele ano. A habilidade com a bola chamou a atenção de todos naquele dia, o que imediatamente favoreceu a assinatura do contrato com o clube. Apenas dois anos depois, aos 16 anos, Reinaldo já disputava o seu primeiro Campeonato Brasileiro. Pouco tempo depois chegou também à Seleção Brasileira, pela qual vestiu a camisa por 37 vezes, marcou 14 gols e disputou a Copa do Mundo de 1978, na Argentina.

 

MOMENTO MARCANTE

Placa no Mineirão marca um dos maiores gols da carreira

Reinaldo tem uma placa comemorativa do “gol de placa” marcado contra o América (RN), em 1978, na goleada por 6 a 0, pelo Brasileiro, quando driblou toda a zaga adversária e deu um toque sutil na saída do goleiro. “Na época só se falava sobre este gol, considerado por muitos como um gol impossível de um jogador fazer. Eu driblei a defesa do América, driblei a torcida, sem encostar na bola, e toquei de leve por cima do goleiro. A bola foi mansa e nem balançou as redes. Foi um dos maiores gols da minha carreira. Tanto que virou placa no Mineirão”, disse Reinaldo.

 

PUNHO CERRADO

Em 1975, o Rei do Galo passou a comemorar seus gols com o braço esquerdo erguido e o punho cerrado. Um gesto que tinha ficado famoso através do grupo dos Panteras Negras, que combatiam o racismo nos Estados Unidos. O punho cerrado era um gesto revolucionário e socialista e Reinaldo o fazia para protestar contra a ditadura que governava o Brasil naquela época. O gesto também foi considerado polêmico e fez com que Reinaldo sofresse muita perseguição por parte de grupos reacionários, mas também serviu para torná-lo uma referência entre artistas e intelectuais de esquerda. 

 

PROBLEMAS

Entre as glórias dos gramados também estão os inúmeros problemas com as drogas e a redenção, após a recuperação do vício. Aos 60 anos, pai de cinco filhos e avô do pequeno João, ele só quer saber de tranquilidade e alegria. “Hoje procuro levar uma vida tranquila, mas sempre assistindo futebol e principalmente o Galo”, disse o craque, maior goleador do Estádio Mineirão, com 157 gols. Reinaldo possui ainda a melhor média de gols da história em uma única edição do Campeonato Brasileiro. Foram 28 gols em apenas 18 jogos disputados.

 

FICHA

José Reinaldo de Lima

Idade: 60 anos

Altura: 1,72

Peso:  71kg

Nascimento: Ponte Nova (MG)

 

Clubes: Atlético (1971 a 1985)

Palmeiras (1985)

Rio Negro-AM (1985)

Cruzeiro (1986)

BK Hacken-Suécia (1987)

Telstar-Holanda (1987/1988)

 

Títulos

Pelo Atlético

- Vice-campeão Brasileiro: 1977, 1980

- Campeão da Copa dos Campeões da Copa Brasil: 1978

- Campeão Mineiro Invicto: 1976

- Hexacampeão Mineiro: 1978, 1979, 1980, 1981, 1982 e 1983

- Campeão da Taça Minas Gerais: 1975, 1976 e 1979

- Campeão Mineiro de Juvenis: 1971 e 1972

- Campeão do Torneio dos Grandes de Minas Gerais: 1974

- Campeão do Torneio Conde de Fenosa (Espanha): 1976

- Campeão do Torneio de Vigo (Espanha): 1977

- Campeão do Torneio Costa do Sol (Espanha): 1980

- Campeão do Troféu Brasília (DF) 21 anos: 1981

- Campeão do Torneio de Paris (França): 1982

- Campeão do Torneio de Bilbao (Espanha): 1982

- Campeão do Torneio de Berna (Suíça): 1983

- Campeão da Taça Tancredo Neves: 1983

- Campeão Países Baixos - Torneio de Amsterdã: 1984

 

Pela Seleção

- 3ª Colocação na Copa do Mundo da Argentina: 1978

- Campeão da Taça da França: 1981

- Campeão da Taça da Inglaterra: 1981

 

Prêmios

- Bola de Prata da Revista Placar (artilheiro do Campeonato Brasileiro - 28 Gols: 1977)

- Bola de Prata da Revista Placar (Seleção do Campeonato Brasileiro: 1977, 1983)


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