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03/10/2017 às 05h13min - Atualizada em 03/10/2017 às 05h13min

O artista comprometido com o planeta

Cristiano Raimundo Sousa transforma resíduos sólidos em arte que já ganhou destaque até em novela global

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Cristiano Raimundo Sousa diante do presépio que demandou quatro meses de trabalho por 17 horas diariamente / Foto: Adreana Oliveira

 

A arte tem o poder de transformar a vida das pessoas, quanto a isso não há dúvidas, mas há um certo retorno quando o artista tem no seu foco principal transformar e melhorar o ambiente em que está inserido. No caso de Cristiano Raimundo Sousa, com algo próximo do trabalho de formiguinhas, a transformação de resíduos sólidos em arte é a sua contribuição para o planeta Terra.

O hoje artista uberlandense, que retornou à cidade há 10 anos, está focado na sustentabilidade. Ele era um jovem atleta quando deixou a cidade. Dedicou-se ao vôlei até os 20 anos de idade, quando começou a frequentar rodas de artistas e viu ali naquele meio algo que poderia mudar a sua vida e consequentemente impactar de forma positiva no planeta.

“Vivi por 12 anos na Europa e foi por lá que comecei a me interessar pelas artes plásticas, artes visuais e resolvi trabalhar com resíduos sólidos porque transformando eles em arte eu tiro do meio-ambiente coisas que demorariam centenas de anos para se decompor e causariam muitos danos às nossas vidas”, disse o artista em entrevista ao jornal Diário do Comércio durante a Virada Cultural – Cultura em Movimento, segunda edição.

Cristiano brinca falando que “ficou com inveja dos artistas”. “Conheci primeiro uma bailarina e depois os amigos dela, fiquei apaixonado por esse estilo de vida e decidi que seria artista também”, afirmou.

O que para muitos é lixo e nada mais é o que atiça a criatividade de Cristiano. “Não tem como explicar o que sinto ao ver que transformei algo feio em coisas bonitas, em obras de arte e tudo feito de material reciclável”, comenta. Dessa forma o artista tenta ainda conscientizar a população sobre a importância do descarte correto do lixo. “Vejo isso praticamente como uma missão minha para ajudar o planeta, nossa mãe Terra”, disse.

Durante a Virada Cultural Cristiano exibiu um presépio produzido em 2016 que lhe tomou quatro meses de trabalho, 17 horas por dia. “Fiquei intensamente envolvido com esse processo. Ali tem latas de tinta, cerveja, aerosol e muitos lacres de latas de alumínio trabalhados de diferentes formas que dão uma certa leveza às peças”, explica.

E realmente, para quem vê de longe é praticamente impossível resistir à vontade de ver de perto as obras e às vezes até tocá-las para tentar entender melhor a transformação daquele material.

Além das peças que faz livremente Cristiano Raimundo também trabalha como designer e com projetos que envolvem cenografia de peças teatrais, dança, faz bonecos e trabalha também como figurinista. “Tudo com um viés que traz essa proposta econômica e abre outros leques de geração de emprego para pessoas de baixa renda porque a matéria-prima é acessível e barata. Também quero servir de inspiração para outras pessoas que desejam fazer o mesmo”, comenta ele que teve visibilidade nacional em 2014, na novela “Avenida Brasil”, exibida pela Globo. Ele fez uma imagem de Nossa Senhora e cenários do lixão.

Para Cristiano o artista tem que ir na direção da sustentabilidade não só por modismo, mas por ser algo latente em pleno século 21. “São toneladas de resíduos sólidos descartados por dia em nosso planeta. Ao reutilizá-lo damos uma nova linguagem a ele por meio de técnicas antigas aprimoradas. Me sinto feliz por contribuir com a nossa vida na Terra e nada mais inspirador do que a vida em si”, comenta o artista.

Atualmente Cristiano Raimundo trabalha em painéis na cidade de Uberlândia como o que já pode ser visto no muro do Centro Educacional Maria de Nazaré, na rua Ângelo Zocolli, no bairro Custódio Pereira. Pais e alunos da escola forneceram o material, algo em torno de 12 mil latas. “Pretendo contar uma história com cada mural”, disse o artista.

Saiba mais sobre o artista, clicando aqui.


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