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29/09/2017 às 05h10min - Atualizada em 29/09/2017 às 05h10min

O amor entre dois ou mais mundos

'Constelações' traz à Uberlândia Marília Gabriela e Sergio Mastropasqua com elogiado texto de Nick Payne

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Marília Gabriela (Marianne) e Sergio Mastropasqua (Roland) são os protagonistas do espetáculo / Foto: Caio Gallucci/Divulgação

 

Marília Gabriela está apaixonada. O alvo dessa paixão é Marianne, a física interpretada por ela na comédia romântica “Constelações”, em cartaz hoje e amanhã no Teatro Municipal de Uberlândia. Seu parceiro em cena, Sergio Mastropasqua, vive Roland, um apicultor, que compartilha do mesmo sentimento da colega. A visão de Marianne é voltada para o universo enquanto a de Roland está em um microuniverso e o encontro entre eles, o desenrolar dessa paixão, é o fio condutor da peça que une física quântica, universos paralelos e questionamentos sobre o impossível...possível.

O texto original é de Nick Payne, dramaturgo britânico de 33 anos que foi o mais jovem a receber o Evening Stardard Theatre Award de melhor peça do ano, então com 29 anos. A tradução é de Marcos Daud e a direção de Ulysses Cruz. Em pouco mais de 40 cenas de forma dinâmica eles unem duas vidas muito diferentes em um amor improvável.

Em entrevista por telefone ao jornal Diário do Comércio, Marília não escondeu a empolgação com o novo trabalho, que estreou em fevereiro no Rio. “A Marianne tem uma ‘nerdice’ que confere a ela uma ingenuidade muito particular. Ela não tem filtro. Está tão focada em seu universo que acaba se tornando inadequada para o resto do mundo e para as questões práticas da vida em sociedade. Isso a torna honesta e direta, o que rende momentos muito engraçados na peça”, disse a atriz.

“Enquanto a Marianne olha para o universo o Roland é um cara cético apicultor, envolto em seu microcosmo. O amor entre eles acaba sobrepondo as diferenças e ao mesmo tempo prova que o diferente pode ser atrativo”, disse Mastropasqua, que ficou com o papel quejá foi de Caco Ciocler e está feliz com a oportunidade. “A dramaturgia inglesa é inteligente, simples, fala com o cidadão comum, costumo dizer que é a dramaturgia sem salto alto. Além disso, trabalhar com a Marília Gabriela é um prazer excepcional. A paixão dela em cena, a entrega é algo que vi pouco em meus 30 anos de profissão”, disse o ator.

O primeiro contato de Marília Gabriela com o texto foi na versão original em inglês por uma indicação do amigo e também ator Bruno Fagundes. E foi amor a primeira leitura. “Li o texto em voz alta no computador, sozinha. Chorei, ri, fui cativada de imediato. O Ulysses queria fazer um monólogo mas preferi fazer com duas pessoas”, recorda Marília que afirma que a peça tem um charme todo especial e um texto inteligente. “Trabalhamos tudo isso com muitas inovações, desenhos modernos e atraentes no palco em cenas curtas que se repetem, ou parecem se repetir. “É um espetáculo bonito e emocionante. Desde o início comecei a fazer um bate-papo com o público depois da apresentação para falar sobre a origem desse texto”, conta.

Para ela, o público do teatro se interessa pela novidade e a peça não é algo linear. “O Ulysses fez um trabalho instigante e bonito e em uma peça de 70 minutos”, disse Marília. Para Mastropasqua, infelizmente, o teatro ainda é um fenômeno cultural longe do interesse do cidadão comum e nesse bate-papo o artista faz o seu papel trazer esse público para mais perto. “E eu amo o público mineiro. Vocês têm uma capacidade literária tão grande, trabalham a construção de imagem na fala, deve ser a tal mineiridade, e são bons e sofisticados ouvintes. Estou empolgado com as apresentações em Uberlândia”, adianta ele para quem o público é o principal protagonista do teatro. “Sem a plateia o teatro não existe, o público é aquela integrante não citado na ficha técnica”.

O ator destaca também a praticidade da montagem. “Já nos apresentamos em arenas e em palco italiano e essa adaptabilidade é que pode levar a peça mais longe”, comenta ele que volta a trabalhar com o diretor Ulysses Cruz. “Estou com 52 anos e trabalhei com o Ulisses quando tinha 16 anos e participava do grupo Boi Voador com atores como o Alexandre Borges e o Angelo Antônio, entre outros. A peça era ‘Corpo de Baile’, de Guimarães rosa, que não cheguei a completar”, recorda o ator.

Coincidentemente, como produtor em São Paulo, Mastropasqua também trabalhou com uma versão de “Constelações”. “Mas dessa vez é diferente estar somente na atuação. É uma oportunidade rara e difícil de acontecer”, comenta ela que afirma ser um ator artesanal.

Para Masatropasqua, o que atrai é a intuição original da peça por isso ele opta por projetos que instigam o público, ampliam a visão de repertório e têm longevidade. “Tem uma peça chamada ‘Hotel Lancaster’ com o qual trabalhei por 12 anos. Brinco que teríamos que mudar o nome para ‘Vila Lancaster’ porque todo mundo estava mais velho. É uma pena você fazer uma peça, por exemplo, por temporada, e descartar logo. Nada contra quem faz isso mas eu prefiro algo mais longevo”, disse o simpático ator.

 

 

PROJETOS

Marília Gabriela além de a atriz também é escritora, diretora, jornalista e apresentadora. Deixou a TV em 2015 para se dedicar mais à família e a projetos que a cativam, como foi o caso de “Constelações”. “Parei de fazer TV como uma norma, como um emprego. Queria ter mais tempo para mim e para a minha família. Entre dezembro e janeiro ficaremos na Califórnia reunidos, um luxo ao qual eu não poderia me dar se ainda estivesse na TV”, comenta.

A atriz está trabalhando em um documentário sobre o qual ainda faz mistério e também tem planos para uma nova peça em 2018. “Trabalhei tanto que agora quero me dedicar a projetos novos que me tragam alguma renovação, me deem prazer e alegria de fazer e contribuam com algo mais. Quero trabalhos que me façam pensar e me coloquem mais perto do público”, disse a atriz que gostaria de viajar mais com “Constelações”, apesar das dificuldades. “Estamos em um ano particularmente muito ruim, cheio de incertezas. Estamos fazendo esse espetáculo na raça, sem patrocínio porque acreditamos nele”, disse.

 

MÚSICA

O público que chegar mais cedo para as duas sessões de “Constelações” no Teatro Municipal será recebido por música de qualidade. O guitarrista Maurício Winclker Perdomo e a cantora Maria Bastos levarão um repertório de jazz, blues, fox trote e bossa nova para o saguão do teatro nos dois dias.

 

SERVIÇO

O QUE: Espetáculo “Constelações” com Marília Gabriela e Sergio Mastropasqua

ONDE: Teatro Municipal de Uberlândia (Av. Rondon Pacheco, 7.070, Tibery)

QUANDO: hoje (29) e amanhã (30), às 20h30. Apresentação de jazz no saguão de teatro com Maurício Winckler Perdomo e Maria Bastos das 19h40 às 20h20

INGRESSOS: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) à venda nas lojas Provanza do Center Shopping e Uberlândia Shopping, concessionária Toyota Futura, no bairro Santa Mônica, na bilheteria do teatro a partir das 12h e pelo site

DURAÇÃO: 70 minutos

CLASSIFICAÇÃO: 12 anos

INFORMAÇÕES: 3235-1568

 

FICHA TÉCNICA

Texto: Nick Payne

Tradução: Marcos Daud

Digitação do texto: Karol Garrett

Direção: Ulysses Cruz

Diretor assistente e de movimento: Leonardo Bertholini

Elenco: Marília Gabriela (Marianne) e Sergio Mastropasqua (Roland)

Cenógrafa e designer: Verônica Valle

Cenotécnico: FCR / Rossi

Figurino e Visagismo: Theodoro Cochrane

Iluminação: Domingos Quintiliano

Música original (livremente baseada nas Quatro Estações de Vivaldi): Miguel Briamonte

Preparação vocal: Renata Ferrari

Fotos: Estúdio Miro

Assessoria de imprensa: Daniela Bustos, Beth Gallo e Thais Peres

Assistente de Produção: Bárbara Santos

Produtoras: Selma Morente e Célia Forte


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