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20/09/2017 às 05h39min - Atualizada em 20/09/2017 às 05h39min

Dança que encanta e questiona

Companhia mineira Fusion toca nas feridas da sociedade em espetáculo 'Pai contra Mãe'

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Cena do espetáculo “Pai contra mãe” com a Cia Fusion, que abre hoje o Festival de Dança / Foto: Pablo Bernardo/Divulgação

 

A Cia Fusion de Dança, de Belo Horizonte, abre hoje, oficialmente, a edição 20174 do Festival de Dança do Triângulo – (sobre) vivências em Dança, com o espetáculo “Pai contra mãe”, às 21h, no Teatro Municipal de Uberlândia. Inspirado no conto homônimo de Machado de Assis, o trabalho com sete bailarinos no palco traz à tona as dificuldades comuns aos negros e às mulheres em nossa sociedade.

“Muito do que as pessoas vão ver neste espetáculo são fruto de vivência de nossos próprios integrantes. Somos uma companhia negra e da periferia. A partir do momento em que começamos a estudar o texto percebemos que muitas das atrocidades que aconteciam quando o conto foi publicado, em 1906, acontecem até hoje”, disse o diretor da companhia Leandro Belilo, em entrevista por telefone ao jornal Diário do Comércio.

O final dessa história na visão da Fusion o espectador terá que conferir logo mais. “Temos dois personagens centrais. A escrava que fugiu grávida e luta pela própria sobrevivência e do filho e o capitão do mato que vai atrás dela porque também precisa de dinheiro para cuidar do próprio filho”, explica Belilo.

O diretor explica que o mais importante é levar verdades para este espetáculo que tem toda uma trilha sonora com sons da favela. A obra ganhou ainda uma música de Elza Soares, “Maria da Vila Matilde” em uma das cenas. “Fizeram um vídeo com uma de nossas cenas e a música dela que fala da importância da denúncia de violência contra a mulher. Esse vídeo viralizou e chegou até Elza que gentilmente cedeu os direitos da música para o grupo”, conta Belilo.

A Fusion é uma companhia mineira que usa o hip hop, dança urbana surgida nos Estados Unidos, para tematizar e promover reflexão acerca de questões como o racismo, a violência, o sexismo, a ânsia por poder e a vaidade humana.

A companhia também foi escolhida para encerrar o festival, dessa vez com um espetáculo mais leve, “Quando Efé”. “Ah, menina, ‘Quando Efé’ é uma gracinha”, diz o diretor expondo toda a sua mineiridade, que é o tema central do espetáculo. “Trazemos referências de danças tradicionais mineiras, e um espetáculo romântico que fala de toda essa construção de identidade, que, em um país como o nosso, acaba sempre se misturando”, disse o diretor Leandro Belilo.

Ainda na programação de hoje do festival tem apresentações no Palco Livre do Pratic Shopping, no Terminal Central, a partir das 17h30.

 

SERVIÇO

O QUE: Festival de Dança do Triângulo 2017 – “(sobre) vivências em Dança)

QUEM: Cia Fusion de Dança

ESPETÁCULO: “Pai contra mãe”

QUANDO: Hoje, às 21h

LOCAL: Teatro Municipal de Uberlândia (Av. Rondon Pacheco, 7.070, Tibery)

ENTRADA FRANCA: os convites devem ser retirados a partir das 12h na bilheteria do teatro. Sujeito a disponibilidade.

INFORMAÇÕES: 3235-1568

 

FICHA TÉCNICA

“Pai contra mãe” (2016)

Inspirado em conto homônimo de Machado de Assis

Idealização: Isadora Rodrigues e Leandro Belilo

Direção geral e artística e dramaturgia: Leandro Belilo

Direção executiva, Produção artística e produção de textos: Isadora Rodrigues

Assistente de direção: Wallison Culu

Coreografia: Criação colaborativa

Intérpretes: Aline Mathias, Augusto Guerra, Isabela Isagirl, Jonatas Pitucho, Leandro Belilo, Silvia Kamylla e Wallison Culu

Figurino: Helaine Freitas

Cenário: Leandro Belilo e Mauricio Leonard

Trilha sonora: Leandro Belilo (seleção musical) e Matheus Rodrigues (criação original e apoio técnico).

Iluminação: Leandro Belilo e Edimar Pinto

Orientação de pesquisa: Reinaldo Martiniano Marques e Alexandre de Sena

Preparação corporal (Krumping): Italo Freitas e Silvia Kamylla

Provocações: Gil Amâncio

Produção de textos: Isadora Rodrigues

Produção executiva: Isadora Rodrigues e Victor Magalhães


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