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16/07/2017 às 04h49min - Atualizada em 16/07/2017 às 04h49min

Jogadores transitam entre o amador e o profissional

Ao longo de 74 anos de história, muitos jogadores começaram suas carreiras no campeonato da LUF

EDER SOARES | REPÓRTER
Marinho Donizete vai disputar o amador pelo Tabajara / Foto: Eder Soares

 

Falta apenas uma semana para começar o Campeonato Amador de Uberlândia e os fanáticos torcedores, dirigentes, treinadores e atletas se encontram ansiosos para o começo da competição, que se inicia no próximo domingo (23) com a Divisão Especial (Primeira Divisão) e Divisão de Acesso (Segunda Divisão).

Ao longo de 74 anos de história, muitos jogadores deram o pontapé inicial em suas carreiras de atletas profissionais justamente no futebol amador. Alguns, porém, estão fazendo o trajeto contrário e, depois de carreiras de sucesso no futebol profissional, vão terminar uma trajetória vitoriosa no campeonato organizado pelo Liga Uberlandense de Futebol (LUF). 

Nesta segunda reportagem das três especiais produzidas pelo Diário do Comércio sobre o futebol amador de Uberlândia, estão algumas passagens de jogadores que fizeram e fazem a história desta competição, que é considerada uma das principais competição de futebol amador de todo o Brasil.

 

HERÓI DO VERDÃO

O meia Maurinho, campeão com o Uberlândia Esporte Clube (UEC) da Taça CBF de 1984 (Campeonato Brasileiro Série B), começou a sua trajetória no futebol jogando ainda no começo dos anos 70 pelo Vasco, equipe amadora que na época era sediada no bairro Roosevelt, na zona norte da cidade. Mais tarde, com 15 anos de idade, foi para o Ypiranga, uma das equipes locais mais tradicionais e que não está mais em atividade.

“Eu não me lembro muito, pois era jovem demais, mas quando estava no Ypiranga, já com uns 16 anos, eu tive até a oportunidade de jogar contra o meu pai (Ditão), que jogava no Vasco.” Mais tarde, Maurinho faria um teste no Santos, onde foi aprovado, mas não chegou a atuar “Eu fiz o teste e passei, mas  o Uberlândia Esporte ficou sabendo e me trouxe para jogar aqui. E foi muito bom para mim, pois aqui no Verdão eu fiz a minha história e conquistamos o título mais importante na história do  clube”, afirmou.

Depois que encerrou a carreira de atleta profissional, em 1993, Maurinho jogou no Arsenal, equipe do bairro Luizote de Freitas, zona oeste, no qual se sagrou campeão amador. “Naquele ano montaram um time muito forte no Arsenal, com jogadores que foram campeões no Uberlândia comigo, como o Geraldo Touro e o Chiquinho. Fizemos um grande campeonato e tive a honra de conquistar este título do Campeonato Amador, que trago comigo com muito carinho”, disse. 

 

MAIOR ARTILHEIRO

Lenda nos gramados do futebol amador de Uberlândia, Haender acumula 237 gols na competição e ainda a conquista de sete títulos do certame. Ele começou a jogar futebol na escolinha do técnico Valdir Silva, em 1991, no antigo Campo do Moinho, no bairro Brasil, setor central. Em 1993 foi para as categorias de base do América Mineiro, onde jogou ao lado de atletas como Gilberto Silva e Alex Mineiro. Em 1994, o centroavante passou pela base do Goiás e um ano mais tarde ingressou nos juniores do Uberlândia Esporte Clube. Depois de uma breve parada, ele voltou a jogar em 1997, ano em que se profissionalizou no Araxá Esporte.

Após uma rápida passagem pelo Boa Esporte, em 1998, Haender começou a sua trajetória no futebol amador de Uberlândia, onde ficou até 2003. No ano seguinte, voltou ao futebol profissional, novamente vestindo a camisa do Uberlândia Esporte, no qual conquistou a artilharia do Módulo II do Campeonato Mineiro daquele ano.

“Esta eu considero a principal marca na minha carreira, pois foi no clube que eu amo e no qual meu pai jogou na década de 1970. O feito de sair do amador e dar uma resposta no futebol profissional é muito raro”, disse.

Depois, Haender rodou por vários clubes profissionais, entre eles URT, Brasiliense, no qual foi campeão do Campeonato Candango, e Ferroviária (SP), campeã paulista da Série A2. “Foram mais de 60 gols como jogador profissional, uma marca que acho muito considerável e da qual eu me orgulho muito”, afirmou.

No futebol amador, Haender é dono de cinco artilharias, recorde que nenhum atacante ainda conseguiu alcançar, além dos sete títulos da competição. O artilheiro, que tem 237 gols marcados no futebol amador, pretende chegar à marca de 250 gols ainda neste ano, quando deverá vestir a camisa do C&A Construtora Tabajara. Considerando todas as artilharias em campeonatos profissionais, amadores e regionais, Haender garante ter mais de 800 gols na carreira.

“Tenho tudo catalogado, cada gol marcado, em cada competição. Acho que consegui cumprir bem, até aqui, a minha missão de forma digna. Ter saído do futebol amador e conseguir ter sucesso no futebol profissional é uma história de superação”, afirmou.

 

DIAMANTE NEGRO

Aos 37 anos, o lateral esquerdo Marinho Donizete está na URT de Patos de Minas disputando a Série D do Campeonato Brasileiro, mas, ao final da competição, retornará a Uberlândia, sua cidade natal, para disputar mais vez o Campeonato Amador. Marinho está apalavrado com o Tabajara, que neste ano será comandado pelo técnico Celisvaldo Silva, o Pezão.

Antes de explodir com a camisa do Uberlândia na Série C do Campeonato Brasileiro, em 2000, e vestir a camisa de clubes como Atlético Mineiro e Villa Nova (MG), Marinho teve o seu início nas categorias de base do Santa Luzia, em 1995.  Em 1998, o jogador disputou o Campeonato Amador da Primeira Divisão com a camisa do América, antes de ser guindado para as categorias de base do Uberlândia Esporte.

“Na época, o treinador do Santa Luzia era o Euripinho. No América, jogando o Amador, eu fiz somente cinco jogos, pois logo em seguida já fui para o Uberlândia Esporte, no qual fui muito feliz, e dali em diante rodei por vários clubes do futebol brasileiro”, disse Marinho, que falou sobre Amador deste ano.

“Eu estou na URT firme no propósito de subir o time para a Série C, mas assim que o campeonato terminar eu tenho um compromisso com o pessoal do Tabajara para voltar e disputar o Campeonato Amador, competição que eu gosto muito por tudo o que ela representou na minha vida e por aquilo que faz pela comunidade da minha cidade”, afirmou.

 

ANDRÉ BALADA

Em outras épocas, ele foi conhecido como André Balada, principalmente em função da vida um pouco desregrada fora de campo, situação que mudou há muitos anos, segundo o que o atacante, hoje com 39 anos, relata em suas entrevistas. Natural de Patrocínio (MG), André saiu do Patrocinense para o Uberlândia Esporte no final da década de 1990. Destaque no Verdão, o atacante foi negociado com o Atlético Mineiro, passando por grandes clubes como Internacional (RS), Vitória (BA), Palmeiras e Benfica (Portugal). 

Pela primeira vez na carreira, André Neles jogará o Campeonato Amador de Uberlândia. A tradicional equipe do Fluminense, que depois de muitos anos volta a disputar a primeira divisão, será o destino de Neles. “Para mim será uma emoção muito grande poder jogar no futebol amador de Uberlândia, essa cidade que eu adoro e na qual tenho muitos amigos. Não foi pela parte financeira, mas sim pelo desejo que eu tinha de um dia jogar nessa competição, e também pelas pessoas que me fizeram o convite, que são pessoas que vão cumprir todos os compromissos”, disse Neles, que jogará ao lado do seu irmão, Atila.

“Era um desejo antigo da minha mãe de ver eu e o Atila jogando no mesmo time. Agora este sonho dela irá se concretizar. Espero que possamos escrever uma página bonita na história do futebol amador vestindo a camisa dessa equipe tão tradicional que é o Fluminense”, disse André, que confessou ter o desejo de encerrar a carreira profissional no ano que vem.

“Se eu me sentir bem fisicamente, fizer muitos gols e considerar que ainda tenho condições, eu gostaria muito de encerrar a minha carreira profissional, ano que vem, vestindo a camisa do Uberlândia Esporte, que é o time que tenho uma gratidão enorme e onde tudo começou”, afirmou.


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