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09/07/2017 às 05h41min - Atualizada em 07/07/2017 às 05h41min

Os 74 anos de história do Campeonato Amador

O tradicional campeonato começa no próximo dia 23; diretoria e jornalistas relembram momentos importantes

EDER SOARES | REPÓRTER

No dia 23 deste mês, em mais uma manhã de domingo, começa aquela que é considerada por muitos a grande festa do esporte uberlandense e da região. O Campeonato Amador, comandado pela Liga Uberlandense de Futebol (LUF), é reconhecido por todo o Brasil como um dos mais organizados do país e completa, neste ano, 74 anos de história. Hoje e nos próximos dois domingos, o Diário do Comércio traz os principais aspectos desta tradicional competição.

Tudo começou com a fundação da LUF, em 1943, quando Bolanger Fonseca e Silva, que também foi presidente do Uberlândia Esporte Clube, assumiu o posto como o primeiro presidente da entidade.  

Ajudaram na criação da liga clubes que tinham ligação com o esporte da cidade, como o Uberlândia Esporte Clube, Sal Tropeiro Futebol Clube, Guarani Futebol Clube, William Féres Futebol Clube, Fluminense Futebol Clube, Flamengo Futebol Clube, Uberlândia Tênis Clube, Associação Acadêmica do Comércio, Associação Ginasiana Brasil Central, Associação Ginasiana Esportiva e Cultural e Praia Clube. 

Fotos: Arquivo/LUF

Boulanger permaneceu como mandatário da Liga Uberlandense até 1945, quando em uma nova eleição foi definido que Virgílio Mineiro, que era o vice-presidente, seria o novo comandante da entidade. O Uberlândia Esporte foi o primeiro campeão amador da história, emendando títulos nos anos de 1943, 1944 e 1945. Nos anos seguintes, a LUF sofreu algumas paralisações, deixando lacunas na sequência dos campeonatos. Em 1946, 1947, 1952, 1953 e 1954, por exemplo, os certames não foram realizados. Foi a partir da metade da década de 1950 que a competição ganhou tradição, sendo realizada anualmente. 

Para muitos, o que diferencia os primórdios do futebol amador para a atualidade é o amor que os jogadores e dirigentes tinham pelos clubes naquela época, que na maioria dos casos eram  atletas radicados nos bairros da cidade. “Hoje a maioria dos jogadores profissionais que não têm calendário são contratados pelos clubes, aí acabam ficando por aqui. Se um jogador começa a ser revelado em um clube amador, rapidinho ele vai para fora da cidade. A coisa mudou muito de décadas atrás”, disse o jornalista, radialista e escritor Odival Ferreira. 

O comerciante aposentado Aroudo de Castro acompanha o futebol amador desde a década de 1950 e conta que gosta da atual conjuntura, mas que tem saudade do futebol local, de algumas décadas atrás. “Nos anos de 1980, por exemplo, tínhamos equipes maravilhosas como o Ypiranga, o Estrela Dalva e o XV de Novembro. Os jogos eram de maior técnica do que os de hoje, que prevalecem muito a parte tática e física”, afirmou.

 

ATUAL PRESIDENTE

Presidente da LUF desde dezembro de 2012, quando foi eleito para substituir David Thomaz Neto, Renato Batista é um dos fundadores do Colorado, equipe tradicional do bairro Patrimônio, na zona sul de Uberlândia. Defensor ferrenho do futebol local, Batista, que milita no futebol amador há 35 anos, reconhece todas as pessoas que deram as suas parcelas de contribuição para o engrandecimento e reconhecimento da entidade LUF e do futebol uberlandense.  Ele conta que o começo do Colorado, não foi nada fácil.

“O que mais me marcou nessa nossa trajetória no futebol amador foi a forma com que conseguimos angariar recursos para pagar despesas do clube para participar do Campeonato Amador, com ações como bailes na escola Mário Porto, no Patrimônio, e rifas que montávamos e saíamos vendendo no bairro. Era dessa forma que arrecadamos dinheiro para pagar as despesas na LUF e na Federação Mineira”, disse Renato, que falou ainda sobre a sua gratidão ao futebol amador. 

“Sem dúvidas, o futebol amador é uma grande escola. O Colorado me preparou para tudo o que eu fiz, em termos de honestidade e seriedade, com todas as situações. É dessa forma que trabalhamos, hoje, na LUF. Posso garantir que este aprendizado com o Colorado, e agora com a LUF, nenhuma faculdade ensina. Só tenho a agradecer em tudo que o futebol amador proporcionou para mim em todos estes anos”, disse. 

 

HISTÓRIA

Estádio Airton Borges é o templo da competição

Vereador Airton Borges / Foto: Arquivo/LUF

O Estádio Airton Borges é o templo do Futebol Amador de Uberlândia e foi idealizado pelo então prefeito eleito de 1970, Virgílio Galassi.  A casa do amador foi o cenário de muitas disputas históricas e recebeu a maior parte das decisões do Campeonato Amador. Mas antes de passar a ser a casa oficial da maior competição amadora da cidade, o estádio foi cedido ao curso de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que o usava durante os dias de semana e o emprestava para os jogos da cidade nos fins de semana. 

No ano de 1977 foi que o campo ganhou o título de estádio municipal. O nome foi dado em homenagem ao uberlandense Airton Borges, nascido em 25 de julho de 1925 e eleito vereador em 1962, depois reeleito em 1966 e 1970. O falecimento de Airton aconteceu em 11 de novembro de 1972, quando exercia o cargo de presidente da Câmara Municipal. 

Segundo o presidente da LUF, Renato Batista, o estádio marcou uma nova era do futebol amador local. “Lá são realizados todos os clássicos da rodada. Desde 2013, quando assumimos efetivamente a presidência da liga, estamos fazendo um trabalho de reestruturação e modernização com a reforma de todos os vestiários, além do melhoramento do gramado que, seguramente, é o melhor gramado da cidade”, disse Renato.

Acompanhando o futebol amador de Uberlândia há mais de 20 anos, o jornalista Wander Tomaz, narrador da Rádio Vitoriosa AM, garante que viu muitos jogos importantes no templo do amador, mas que teve uma decisão em específico que mais o marcou.  

“Em 1999, eu assisti uma partida simplesmente fantástica no Airton Borges. Na final estavam o Triângulo de Monte Alegre e o Ypiranga, que é uma das equipes mais vitoriosas e adoradas em Uberlândia, mas que, infelizmente, está fora do amador há muitos anos. Eu não sei ao certo qual o público que estava no Airton Borges, mas posso garantir que em 27 anos que cubro o futebol amador nunca vi aquele estádio tão lotado. No jogo, o Ypiranga acabou sendo surpreendido pelo Triângulo, que foi o campeão. Foi muita emoção naquele jogo e não dá para esquecer de jeito nenhum”, afirmou Wander, que completou.

“Naquele jogo também teve um fato peculiar, pois foi ali que apareceu o Guilherme, que com apenas 15 anos foi para o Uberlândia Esporte. No ano seguinte, em plena participação do Verdão na Série C do Brasileiro (Copa João Havelange), ele foi vendido ao Cruzeiro, depois ainda passando por clubes como Bahia e Vitória (BA)”, disse. 

Comandante da equipe esportiva da Rádio América AM, Donizete Moreira, acompanha o futebol amador há mais de 30 anos. “Me lembro de uma final, em 2006, entre Guará e Tocantins, que é uma das maiores rivalidades do futebol amador. O Tocantins vinha de uma derrota no primeiro jogo de 3 a 1, e quando o Guará pensava que poderia ter certa facilidade pelo resultado obtido, para o segundo jogo, até já comprando a cerveja para fazer a festa depois da final, o Tocantins fez uma virada histórica de 4 a 1, em um dia de muita chuva”, afirmou.

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