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04/07/2017 às 05h53min - Atualizada em 04/07/2017 às 05h53min

Passeio por vida e obra de Helvio Lima

Artista plástico uberlandense exibe retrospectiva no Espaço Cultural do Mercado até a próxima quinta-feira

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
Telas de Helvio Lima de vários tamanhos e diferentes épocas ocupam o espaço da Galeria do Mercado, em Uberlândia / Foto: Adreana Oliveira

 

Helvio Lima, mais que um artista plástico, é o que se pode chamar de operário da arte. Aos 70 anos, ele faz uma retrospectiva de seus trabalhos que fica em cartaz no Espaço Cultural do Mercado Municipal até a próxima quinta-feira (6). Poucas vezes o espaço foi tão bem preenchido como nesta exposição.

Logo na entrada tem a imponente “Janela para a praça” (Acrílica sobre tela, 2014), que convida o espectador a chegar um pouco mais e conhecer a arte da cidade vista pelos olhos e pelos sentimentos de Helvio Lima. “Não é uma retrospectiva grande, mas estou feliz com ela. Afinal, são mais de 5 mil obras que tenho espalhadas por Uberlândia e muitas fora do país. Essas telas são do meu acervo pessoal. Tenho séries premiadas das quais não tenho uma peça sequer”, explica o artista.

Helvio afirma que bate um arrependimento às vezes por ter vendido as obras premiadas. “Vendi quase todas, o que hoje sei que é um erro”, comenta o artista plástico que começou a enveredar pelas aquarelas em 1968, mas que teve a produção intensificada a partir de 1981. No início, como nos dias de hoje, viver de arte no país ainda é algo trabalhoso e por vezes pode ser também doloroso.

Em 1976, quando dividia seu tempo entre sua arte e outros ofícios, Helvio Lima questionou as próprias atitudes. “Por algum tempo não estava satisfeito com o que produzia e por isso parei com tudo quando a arte e o emprego se chocaram. Queimei tudo que tinha pintado até aquela data. Já se passaram 41 anos e vejo aquele momento como uma ruptura, um recomeço”, recorda Helvio. Na época, seu acervo tinha mais de 200 obras.

E assim como a Fênix ressurgiu das próprias cinzas, Helvio ressurgiu nos anos 80 com séries que falavam da vida operária e do cotidiano. A partir daí vieram os prêmios nacionais e internacionais e convites para participar de mostras em outras cidades. “Nesse período comecei a pintar loucamente, mas considero os anos entre 1986 e 1989 os melhores da minha carreira. Participei do Salão Nacional de Belo Horizonte, em outros no exterior e conquistei mais de dez prêmios nessa fase”, conta o artista.

Desse reinício de carreira, entre as telas expostas na Galeria do Mercado, está “Predestinados” (Acrílica sobre seitz, 1981), que ganhou o 1º Prêmio Salão Universitário de Arte de Parnavaí (PR) e foi exibida no Salão de Artes de Ribeirão Preto (SP). “Fiz várias séries das quais tenho muito orgulho, como a ‘Operários’ e a ‘Congada’, mas hoje não estou mais preso a elas”,comenta o artista.

Helvio Lima está satisfeito com a repercussão da exposição, aberta no dia 8, e em tom de humor diz que não é fácil levar os uberlandenses para as galerias. “É algo assim, se é um casamento você convida 100 e aparecem mil, para a exposição você convida mil e aparecem 100”, brinca. Mesmo assim, ele segue firme na sua jornada artística e agradece o apoio da família, dos amigos e dos admiradores de suas obras que estão sempre presente.

 

FAMÍLIA

Pai não queria que o filho enveredasse pelas artes

Quando Helvio Lima falou que gostaria de seguir carreira nas artes plásticas, o pai dele não incentivou muito. Ficou preocupado porque temia que o filho “passasse dificuldades”. “Ele tinha pavor que eu fosse mexer com isso, disse que eu ia sofrer demais. Mas quando se tem vocação para a arte não tem como fugir dela. Todos nós passamos por algum revés mais de uma vez na vida e é isso que nos fortalece e nos inspira”, explica.

Casado com a escultora Adélia Lima, Helvio viu a filha, Isabela Lima, também enveredar pela arte, mas na fotografia. Ela, também graduada em pedagogia, teve apoio total dos pais. “Ela tem um olhar bem particular sobre as coisas e não damos palpite em seus trabalhos”, afirma o pai coruja. Agora é o neto, Davi, que já dá indícios de que pode seguir os passos do avô. Aos 2 anos e 6 meses ele faz do ateliê de Helvio um dos seus lugares favoritos. “Ele chega lá e fala: ‘vô, eu quero pintar’ e se eu tento dar algum palpite ele já devolve: ‘quero fazer do meu jeito’”.


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