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12/05/2017 às 10h05min - Atualizada em 12/05/2017 às 10h05min

MPF diz que defesa de Lula mentiu

Órgão rebateu as declarações dos advogados sobre a ata de uma reunião da diretoria da Petrobras

SÃO PAULO
O ex presidente Luiz Inacio Lula da Silva durante ato em Curitiba

A força-tarefa da Operação Lava Jato divulgou, ontem, uma nota em que afirma que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "prestou informação falsa à sociedade" na coletiva que os advogados concederam na quarta-feira, após o depoimento do petista ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba.

O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, que montou a denúncia originária do processo contra Lula, rebateu as declarações dos advogados sobre a ata de uma reunião da diretoria da Petrobras e disse que a defesa teve acesso ao documento, diferente do que foi afirmado pelos defensores.

"A informação é falsa, uma vez que o documento está no processo desde 14/09/2016, data da acusação criminal. Isso pode ser verificado por qualquer pessoa, mediante acesso ao evento 3, 'COMP25', dos autos eletrônicos n.º 5046512-94.2016.4.04.7000", pontua o comunicado.

Os procuradores ainda apontam que houve "muitas contradições" no testemunho do ex-presidente e que se manifestarão oportunamente no processo. "Quanto às muitas contradições verificadas no interrogatório do ex-presidente Lula, à imputação de atos à sua falecida esposa, à confissão de sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras e à ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência, o Ministério Público Federal se manifestará oportunamente, no processo, especialmente nas alegações finais."

Em entrevista à reportagem ontem, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que o MPF pretende pedir novas diligências na ação antes das alegações finais. Lima também criticou os advogados pelas informações feitas na declaração quando falaram que eram usados papéis que não estavam nos autos. "Talvez, a defesa devesse olhar os autos com mais cuidado", disse.

"Todos os documentos que embasam a acusação, inclusive mostrados na audiência, constam nos autos e foram mencionados inclusive aonde constam", afirmou o procurador, para quem as afirmações da defesa de Lula foram feitas, "talvez, para confundir" e são "inadmissíveis".

 'PROVA PLANTADA'

Policiais federais vão abrir processo

A Federação Nacional dos Policiais Federais afirmou, por meio de nota, ontem, que vai processar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por "denunciação caluniosa". A entidade afirmou que, ao ser apresentado a um documento pelo juiz Sérgio Moro, durante interrogatório, o ex-presidente Lula "insinuou" que agentes federais teriam "plantado provas em seu apartamento".

As declarações, segundo a entidade, foram feitas no âmbito de processo em que Lula é réu pelo suposto recebimento de R$ 3,7 milhões de propinas da OAS. O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Boudens, afirmou que "atribuir a inserção de provas dentro do local de busca é uma afronta à Polícia Federal".

Lula teria feito a insinuação de prova plantada quando o juiz Sérgio Moro, que o interrogou na quarta-feira, o questionou sobre documento sem assinatura que agentes da Polícia Federal apreenderam no apartamento em São Bernardo do Campo onde o ex-presidente mora.

O endereço foi alvo de buscas na Operação Aletheia, desdobramento da Lava Jato, no dia 4 de março de 2016. Naquele mesmo dia, os federais conduziram coercitivamente o petista para depor em uma sala no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Congonhas.

"Lula foi pego de surpresa pelo documento exibido por Moro. Ele reagiu de pronto, não pode ter uma reação calculada ou ensaiada. Não vamos permitir que essa alegação de Lula gere como efeitos processos administrativos contra os colegas federais ofendidos", declarou Luís Boudens. A entidade ainda afirma que "a fala de Lula vai gerar consequências" e que o ex-presidente fez uma "denunciação caluniosa contra a PF".

A reportagem entrou em contato com a defesa do ex-presidente Lula, mas não obteve resposta.


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