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28/03/2017 às 09h22min - Atualizada em 28/03/2017 às 09h22min

Cia Teatro Epigenia e o teatro questionador

Grupo carioca apresenta “Race” e “Oleanna” hoje e amanhã, respectivamente, no Municipal

ADREANA OLIVEIRA | EDITORA
GUSTAVO PASO/DIVULGAÇÃO Gustavo Falcão e Heloísa Jorge em “Race”, que será apresentada hoje

Criada em 2000 no Rio de Janeiro, a CiaTeatro Epigenia chega pela primeira vez a Uberlândia com apoio do Sesi e Fiemg Regional Vale do Paranaíba para apresentação de dois espetáculos: “Race” (hoje) e “Oleanna” (amanhã), às 20h, no Teatro Municipal. As sessões são gratuitas e a reserva de ingressos pode ser feita por telefone e a retirada antes do início de cada sessão.

Os textos originais são do dramaturgo norte-americano David Mamet e têm direção de Gustavo Paso, fundador da Epigenia ao lado da atriz Luciana Fávero. “Em 2014, quando completamos 14 anos, escolhemos três textos do Mamet por ser um autor com uma linguagem muito atual, diálogos sobrepostos que trazem à tona a questão do abuso de poder”, conta Luciana, em entrevista por telefone ao jornal Diário do Comércio. “Race” está em cartaz há um ano e meio e “Oleanna” há três anos. A próxima peça da chamada Trilogia Mamet a ser apresentada pela companhia será “Hollywood”, já com data marcada de estreia para 4 de abril, no Rio de Janeiro.

“Race” traz os bastidores de um crime que envolve abuso de poder, racismo e violência contra mulher, da construção da defesa de um homem branco acusado de estuprar uma jovem adulta negra. Na peça, o bilionário Charles, réu em um julgamento por estupro, procura advogados para defendê-lo. O acusado é branco e a vítima, negra, assim como o são, respectivamente, Jack e T.J.. Os dois são sócios no escritório que tentará inocentá-lo, para indignação de Susan, advogada idealista — e negra — que trabalha com eles. O espetáculo desperta inquietudes e incômodos ao botar o racismo na mesa. O fator étnico se sobrepõe à discussão do estupro.

“Oleanna” revela os problemas de comunicação entre professor e aluna e na peça, a frase “Tudo o que você disser pode e será usado contra você” se encaixa bem ao enredo. O subtítulo da obra - uma peça sobre poder - dá o clima do que se pode se esperar da trama onde as “armas” para a luta pelo poder são as palavras proferidas. Na trama uma adolescente que acusa um professor de assédio sexual porque ele não aumentou a nota da aluna em uma prova, o que a impediu de ingressar na faculdade. A montagem traz um diálogo instigante e um final surpreendente. A ideia é criar uma reflexão sobre o poder e a incomunicabilidade entre as pessoas.

 

DISCUSSÃO

Companhia orgulha-se do posicionamento político

 

GUSTAVO PASO/DIVULAÇÃO


Fernando Vieira e Luciana Fávero em cena de “Oleanna”, que será apresentada amanhã

A turnê pelo Estado de Minas Gerais é a primeira da CiaTeatro Epigenia fora do eixo Rio São Paulo e é a primeira vez que os espetáculos são patrocinados. “Para o marketing de muitas empresas não é interessante apoiar espetáculos como esses. Temos orgulho de nosso posicionamento político e questionador, valorizamos isso. Estamos felizes com este primeiro patrocínio e essa turnê por Minas Gerais tem nos surpreendido. As apresentações em Uberaba e Belo Horizonte foram muito boas. Mesmo quando as apresentações não são em finais de semana, atraímos um bom público, e o melhor, a maior parte dele fica para o debate”, comenta Luciana Fávero, atriz e fundadora da companhia ao lado de Gustavo Paso.

Racismo, sexismo, abuso de poder são assuntos que precisam ser debatidos. Por isso, a Cia fica para um debate com o público após as sessões, Segundo Luciana Fávero, esse bate-papo com a plateia tem sido enriquecedor. “Fico surpresa e feliz porque geralmente 95% da plateia fica para o debate. Não se trata de saber quem está certo e quem está errado, e sim de dar a sua opinião sem desvalorizar a do outro. Por exemplo, o texto de ‘Race’ é inteligente, mostra o racismo do lado dos dois personagens porque muitas vezes temos atitudes racistas sem perceber”, comenta a atriz.

Para Luciana, as pessoas que ficam para o debate levam o assunto adiante, compartilham e o texto traz uma valiosa revisão de conceitos que incentiva a tolerância. “As pessoas estão muito insatisfeitas e estão abertas à discussão. Sabemos que não adianta só criticar, isso não vai mudar nada. A mudança começa dentro da gente”, finaliza a atriz.

 

SERVIÇO 1

O QUE: Peça “Race”

QUEM: Cia Teatro Epigenia

QUANDO: Hoje, 20h

ONDE: Teatro Municipal de Uberlândia (Av. Rondon Pacheco, 7.070, Tibery)

ENTRADA FRANCA: Reserva de ingressos pelo telefone 3230-5200

 

SERVIÇO 2

O QUE: Peça “Oleanna”

QUEM: Cia Teatro Epigenia

QUANDO: Amanhã (29), 20h

ONDE: Teatro Municipal de Uberlândia (Av. Rondon Pacheco, 7.070, Tibery)

ENTRADA FRANCA: Reserva de ingressos pelo telefone 3230-5200

 

 


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