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03/03/2017 às 08h46min - Atualizada em 03/03/2017 às 08h46min

Goleiro Bruno pode ser garoto-propaganda da Apac

Ex-goleiro passou pelo sistema convencional e pela Apac e tem como avaliar

"A Apac é uma obra de Deus." A frase, dita pelo ex-goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes das Dores de Souza, no dia em que deixou a unidade da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, vai virar tema de uma campanha para divulgar o sistema alternativo de cumprimento de pena ainda pouco conhecido no Brasil. De acordo com o advogado Mário Ottoboni, de São José dos Campos, idealizar do método Apac, o goleiro Bruno será uma espécie de garoto-propaganda desse regime prisional.

Condenado a 22 anos e três meses pela morte de Eliza Samúdio, em 2010, ele obteve autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para aguardar o julgamento do recurso em liberdade e deixou a prisão no último dia 24. "Ele conheceu o sistema convencional e a Apac, então tem condições de falar sobre os dois. O que o Bruno tem dito à imprensa é que a Apac o salvou, então ele já está fazendo propaganda da Apac. Estou à espera de um contato dele para uma conversa sobre isso", disse Ottoboni. Antes de ser transferido para a Apac de Santa Luzia, em setembro de 2015, Bruno havia passado cinco anos em presídios de segurança máxima do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.

Ottoboni acredita que o ex-goleiro Bruno aceitará divulgar o modelo de prisão que o ajudou na sua recuperação. "Ele ganhou vida nova lá, fez seis cursos, conseguiu visitar as filhas e até se casou dentro da Apac." O escritório do advogado Lúcio Adolfo, que defende Bruno, informou que apenas ele poderia falar a respeito. O ex-goleiro não foi localizado. Para ser selecionado para a Apac, a família do preso precisa morar na região da unidade e ele deve manifestar disposição de seguir uma disciplina rigorosa, que inclui horas de estudo e trabalho. Não há agentes armados e os próprios detentos preparam suas refeições.

O método desenvolvido por Ottoboni foi exportado para países como Alemanha, Argentina, Estados Unidos, Inglaterra, País e Gales Nova Zelândia e Noruega. No Brasil, são cerca 100 em apenas quatro Estados, a maioria em Minas Gerais. O modelo foi reconhecido pelo Prison Fellowship Internacional, organização que atua como órgão consultivo da Organização das Nações Unidas (ONU) para assuntos penitenciários, como uma alternativa para humanizar a execução da pena.

Na Apac, o custo do preso é 50% menor e não são admitidos integrantes de facções. "Os presídios brasileiros são faculdades do crime, não recuperam ninguém. O preso fica enjaulado, esquecido e abandonado à própria sorte. Aí a facção oferece proteção para a família, drogas e mordomias e o sujeito acaba virando operário do crime."


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