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04/10/2023 às 08h00min - Atualizada em 04/10/2023 às 08h00min

Nióbio: sua importância estratégica para a balança comercial brasileira

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
O Nióbio é um elemento químico de símbolo Nb e número atômico 41. Ele é um metal de transição, de cor cinza-azulada, extremamente resistente à corrosão e com alta capacidade de condução térmica e elétrica. O nióbio é utilizado em uma variedade de aplicações, incluindo a produção de ligas metálicas, superligas para a indústria aeroespacial, equipamentos eletrônicos, turbinas de avião, equipamentos nucleares, entre outros.

No final do século 19, o nióbio começou a ser usado nos filamentos de lâmpadas, até descobrirem que o tungstênio é mais resistente. A partir dos anos 1930, começaram a surgir pesquisas indicando que misturar nióbio com ferro era uma boa ideia. Mas, para usá-lo em escala industrial, era preciso encontrar uma boa quantidade desse metal. Na década de 1960, foi descoberta a primeira grande reserva do planeta: em Araxá, a 360 km de Belo Horizonte. Em 1965, o almirante americano Arthur W. Radford, integrante do conselho da mineradora Molycorp, convidou o banqueiro brasileiro Walther Moreira Salles para montar uma empresa de extração e refino do nióbio. A Molycorp tinha acabado de comprar algumas minas em Araxá. Nascia ali a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). 

Reflitam comigo: A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), uma empresa privada brasileira, é a líder mundial na produção e comercialização desse metal. O controle das reservas de nióbio tem sido uma questão estratégica para o Brasil, uma vez que o elemento é considerado uma commodity essencial para setores industriais de alta tecnologia.

Com suas principais reservas estimadas em 842 milhões de toneladas do mineral, localizadas na região de Araxá, no estado de Minas Gerais, 

No contexto das reservas internacionais o Brasil detém as maiores reservas conhecidas de nióbio globalmente, com aproximadamente 98,4% do total das reservas mundiais localizadas dentro de suas fronteiras. O mineral é encontrado em quantidades substanciais, muitas vezes dentro de reservas indígenas na região amazônica. O nióbio é um dos minerais mais importantes do Brasil e sua exportação desempenha um papel significativo na balança comercial do país. O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, sendo responsável por cerca de 90% da produção global.

No entanto, apesar de sua importância, o nióbio representa uma porcentagem relativamente baixa das exportações brasileiras totais, segundo dados do Ministério da Economia.

Em 2022 houve quedas expressivas nas exportações de ouro (7,8%), de manganês (45%), de cobre (20%) e de bauxita (14%). Alguns minerais, no entanto, registraram aumento nos valores gerados com exportações. É o caso do nióbio (9%) e do caulim (13%). Devido à variação da cotação do dólar e de preços praticados no mercado internacional.

Isso ocorre porque o Brasil possui uma gama diversificada de produtos e commodities que são exportados, como soja, minério de ferro, petróleo, carne bovina, entre outros. Esses setores representam uma parcela significativamente maior das exportações brasileiras e, portanto, reduzem a porcentagem das exportações de nióbio no total.

Apesar disso, o nióbio desempenha um papel estratégico na balança comercial do Brasil. O mineral é amplamente utilizado em indústrias de alta tecnologia, como aeroespacial, energética e de transporte, devido às suas propriedades únicas, como alta resistência e capacidade de suportar altas temperaturas.

Apesar das importantes reservas de nióbio do Brasil, o país não exerce um controle direto sobre o preço mundial desse metal. O mercado é amplamente influenciado pelas oscilações da demanda global, especialmente da China, que é o maior consumidor de nióbio. Além disso, o Brasil enfrenta desafios em relação à exploração sustentável dessas reservas, buscando equilibrar a atividade econômica com a preservação ambiental e o bem-estar das comunidades locais.

No contexto do desenvolvimento tecnológico, o nióbio desempenha um papel crucial para a indústria. O metal apresenta propriedades excepcionais, como alta resistência à corrosão, condutividade térmica e elétrica, além de ser extremamente resistente ao calor e às altas temperaturas.

Essas características fazem com que o nióbio seja amplamente utilizado na produção de aços especiais e superligas, principalmente para a fabricação de componentes em setores como aeroespacial, automotivo, petrolífero, petroquímico e de energia nuclear. Esses aços especiais são essenciais para a construção de motores de aviões, turbinas a gás, sistemas de transmissão de energia elétrica, entre outros.

Além disso, o nióbio pode ser empregado na produção de ligas supercondutoras, utilizadas em equipamentos de ressonância magnética nuclear, em aceleradores de partículas, na indústria de defesa, sendo utilizado na produção de blindagens e equipamentos militares.  É também um elemento importante na produção de baterias de longa duração, geradores eólicos e painéis solares, contribuindo para a expansão da energia renovável.

Pensando estrategicamente: A contribuição do nióbio para a indústria e para o desenvolvimento tecnológico do Brasil é essencial. Além de ser uma fonte de receita significativa, sua utilização em diversas áreas impulsiona a inovação e a competitividade do país no cenário internacional. O investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao nióbio pode trazer ainda mais benefícios para a economia brasileira, fortalecendo o setor industrial e ampliando sua participação global.

Devido à importância econômica do nióbio, é fundamental que o Brasil mantenha uma política de gestão e exploração adequada desse recurso. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como em tecnologias de extração sustentáveis, que podem contribuir para aprimorar a produtividade e a qualidade do nióbio brasileiro, fortalecendo ainda mais a posição do país no mercado mundial. Portanto, a valorização e o aproveitamento adequado do nióbio são fundamentais para a economia brasileira e para o desenvolvimento nacional.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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