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19/07/2023 às 08h00min - Atualizada em 19/07/2023 às 08h00min

A reduflação é uma prática enganosa contra a economia popular

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
A reduflação é um fenômeno econômico no qual a quantidade ou o tamanho de um produto é reduzido sem uma diminuição correspondente no preço, podendo até mesmo ocorrer um aumento. Esse termo combina os conceitos de redução e preservação. 

A reduflação ganhou destaque a partir do segundo semestre de 2021, coincidindo com o período de rápida aceleração da transição político-econômica e social por que passa o país. 

A estratégia adotada pelas empresas consiste em alterar o tamanho ou a quantidade de seus produtos, mas mantêm os preços, de modo que os consumidores muitas vezes não percebem a redução do tamanho do produto, pois o preço na embalagem permanece inalterado.

Essa prática tem sido observada em vários setores, como alimentos e produtos de consumo - barras de chocolate, biscoitos recheados, arroz, feijão, produtos de higiene e limpeza, bebidas, refrigerantes etc. 

No Brasil, a lei exige que os fabricantes comuniquem as alterações nos produtos na embalagem, incluindo a redução da quantidade. A falta dessa informação permite que os consumidores denunciem a empresa aos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon.

A prática da reduflação pode ter um impacto direto nos orçamentos familiares, já que os consumidores acabam pagando o mesmo preço por um produto com menor quantidade, mascarando efetivamente os efeitos da inflação. Portanto, é recomendável verificar cuidadosamente a embalagem do produto para evitar pagar mais por menores. A reduflação pode ter efeitos negativos nos bolsos dos consumidores, pois eles acabam pagando o mesmo valor por uma quantidade menor de produto, o que efetivamente diminui seu poder de compra.  Isso pode levar a uma diminuição do valor percebido pelo consumidor. 

Reflitam comigo: O Código de Defesa do Consumidor estabelece que é dever do fornecedor informar de forma clara, precisa e ostensiva sobre as características essenciais dos produtos, incluindo qualquer alteração na quantidade ou qualidade. Caso essa informação não seja disponibilizada, os consumidores têm o direito de buscar proteção e denunciar a empresa aos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon.

Além disso, a redução pode prejudicar a economia popular, uma vez que os consumidores de baixa renda são mais afetados por esse tipo de prática. Ao pagar o mesmo valor por uma quantidade menor de produto, esses consumidores têm seu poder de compra reduzido e podem enfrentar dificuldades em manter o equilíbrio de seus orçamentos.

Portanto, a reduflação pode ser considerada uma violação dos direitos dos consumidores e do princípio da economia popular, ferindo as obrigações previstas no Código de Defesa do Consumidor. É importante que os consumidores estejam cientes de seus direitos e denunciem qualquer prática abusiva às autoridades competentes, contribuindo para a proteção do mercado e defesa dos interesses coletivos dos consumidores

A reduflação pode ser vista como uma tentativa de camuflar ou mitigar os efeitos da inflação incidente sobre os preços dos produtos. Quando os preços dos insumos e matérias-primas aumentam, as empresas podem optar por reduzir a quantidade ou o tamanho dos produtos em vez de aumentar os preços de forma visível. Essa estratégia permite que as empresas mantenham os preços aparentemente estáveis, evitando repassar totalmente o aumento dos custos para os consumidores. Dessa forma, os consumidores podem não perceber imediatamente a influência em relação aos produtos que adquirem, uma vez que o preço na embalagem permanece o mesmo.

É importante ressaltar que na reduflação, os consumidores estão pagando o mesmo valor ou até mais por uma quantidade menor de produto, o que resulta em um aumento no preço unitário. Embora a reduflação possa mascarar temporariamente os impactos da inflação, a longo prazo, os consumidores acabam arcando com os custos, pagando mais por menos quantidade.

Pensando estrategicamente:  A reduflação pode ser vista como uma estratégia das empresas para lidar e proteger suas margens de lucro, mas não é uma solução sustentável nem transparente. Os consumidores precisam estar atentos a essa prática e verificar cuidadosamente as informações nas embalagens dos produtos para entender a relação entre preços e consumo e tomar suas decisões de compra.

Muitos consumidores podem considerar a prática da reduflação como falta de ética por parte das empresas que a adotam. Isso ocorre porque a reduflação pode ser percebida como uma tentativa de enganar ou ludibriar os consumidores ao reduzir a quantidade ou tamanho dos produtos sem reduzir proporcionalmente os preços.

Ao comprar um produto com a espera de receber uma determinada quantidade e descobrir que o conteúdo foi reduzido sem uma redução correspondente no preço, os consumidores podem sentir-se enganados ou injustiçados. Eles podem ver essa prática como falta de transparência e honestidade por parte das empresas, o que pode prejudicar a confiança e o relacionamento entre consumidores e marcas.

A prática da reduflação, ao ocultar a redução na quantidade dos produtos, pode ser percebida como uma violação dos princípios éticos. Os consumidores geralmente valorizam a transparência e a honestidade das empresas, e esperam receber o valor justo pelos produtos que adquirem. Quando percebem a reduflação, podem questionar a integridade da empresa e buscar alternativas de compra junto a marcas que sejam mais transparentes e justas em relação aos preços de seus produtos.

Portanto, a prática da reduflação pode ser vista pelo consumidor como uma falta de ética por parte das empresas que a adotam, considerando a prática enganosa contra a economia popular.



*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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