Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
05/04/2023 às 08h00min - Atualizada em 05/04/2023 às 08h00min

A síndrome dos 100 dias e os indicadores econômicos e sociais

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
Os primeiros 100 dias de governo correspondem ao período de início de mandato de um representante eleito para ocupar um cargo executivo. Por seu caráter transicional, a boa governança durante o período é requisito fundamental para o desenvolvimento de um bom mandato nos 04 anos que seguirão após a posse.

No âmbito do executivo, os primeiros 100 dias de governo constituem o momento em que os eleitos preparam para cumprir suas promessas de campanha, a fim de que possam desenvolver uma gestão realista, fundamentada e eficiente durante o seu mandato, acertando nas nomeações dos secretários e ministros, que sejam capazes de desenvolver os projetos que atendam aos anseios da população.  

Analistas de mercado e economistas ouvidos, reconhecem que a cobrança é mais intensa que a média - visto que, a rigor, o mandato começou recentemente, mas atribuem parte da culpa aos sinais dúbios do presidente e de seus novos ministros.

Antes mesmo de subir a rampa do Palácio do Planalto, Lula precisou gastar capital político para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que desafogou os recursos para o funcionamento do estado e garantiu o aumento permanente do antigo Auxilio Brasil - uma promessa de campanha de ambos os candidatos.

O mercado financeiro se sentiu atacado no primeiro discurso do presidente e a indisposição veio em formato de disparo do dólar e bolsa em queda.

A nomeação de Fernando Haddad para o comando do Ministério da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva causou reações diversas entre importantes membros do mercado financeiro. 

Outra  indicação vista com reservas foi a de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não agradou aos agentes do mercado financeiro.

O economista e ex-diretor do Banco Central Tony Volpon faz uma analogia com um jogo de tênis, e chama as decisões de Lula de “erros não forçados”.  Para ele, as declarações não trouxeram pistas sobre os planos de governo e serviram apenas para dar um tom de confronto à relação com os agentes econômicos - “Com o passar do tempo foi caindo a ficha: esse é um governo que vai gastar mais, vai tributar mais. O equilíbrio é inflação e juro maior, porque esse é um contraponto a um impulso fiscal maior”, diz o economista.

Ainda sem encontrar uma marca para o seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre para tentar reempacotar velhos programas que serão a tônica do que pretende apresentar como resultado dos seus primeiros 100 dias de governo, a serem completados no dia 10 de abril.

Ao menos quatro planos do governo estão, desde a eleição, sob escrutínio intenso dos investidores: o reajuste do salário-mínimo, a ampliação do Bolsa Família. No caso do Bolsa Família, cujos pagamentos foram retomados recentemente, o desafio do governo tem sido identificar os milhares de cadastros irregulares, beneficiários incorporados ao programa durante o período eleitoral.

Os focos principais são a nova versão do Bolsa Família e a retomada do Minha Casa, Minha Vida, carro-chefe dos 100 dias será a retomada. O programa habitacional que foi a marca das primeiras gestões petistas. Nessa nova fase, focará apenas em entregar unidades já concluídas - e finalizar as inacabadas. A estimativa da pasta é que haja ao menos 120 mil unidades nestas condições.

No pacote dos 100 dias, o governo também pretende incluir outras reembalagens. Estão na lista o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), relançado semanas atrás, e o novo Mais Médicos, já anunciado. Para os próximos dias, estão previstos uma nova versão do Água para todos, voltado para combater a seca, e do Programa de Aquisição de Alimentos para distribuição para famílias carentes.

A terceira e última reunião ministerial para tratar das ações voltadas aos 100 dias, justamente para demonstrar que o governo não está parado, pontuou que Lula vai começar a viajar pelo país com a meta de visitar três estados por semana,

Vamos refletir:  A corrida na gestão petista, no momento, é para lançar um pacote de obras de infraestrutura, que seria um sucessor do PAC. O governo, porém, nem sequer tem um nome para o programa. Na reunião da semana passada, o presidente se incomodou em chamá-lo de “novo PAC” e cobrou do ministro Paulo Pimenta (Comunicação Social) uma marca para mostrar que o governo está “inovando e tem criatividade”.

Por outro lado, o tema “política fiscal” abordado em entrevista recente, Haddad disse “se o novo arcabouço fiscal for aprovado com a credibilidade necessária, o BC terá de reagir à nova regra em algum momento”.

"A tese da harmonização do fiscal com o monetário tem que acontecer em algum momento do dia, não é possível manter a taxa de juro indefinidamente com as projeções de inflação que hoje estão no mercado", disse Haddad. "Não faz sentido manter a taxa de juros perto de 14,0%." O ministro da Fazenda afirmou que o espaço fiscal existente hoje no País para garantir crescimento econômico deve vir do Banco Central. 

Pensando estrategicamente: Ao contrário do que nos conta o horário político brasileiro, em época de campanha. Nesse novo contexto, se delineia a necessidade não só da reforma da administração pública e o planejamento tão necessário, muito conhecido e pouco utilizado em sua essência.  Tal qual em uma guerra, é fundamental conhecer profundamente do terreno, suas potencialidades e as adversidades do dia a dia, para evitar a repetição de episódios ocorridos com o Brasil em épocas recentes, em que o discurso populista veio como um canto de sereia, iludindo a todos, mas na verdade, não se implementou. 

Haverá futuro promissor para uma sociedade estruturada assim como a nossa? Pensamos que sim! Considerando pelo lado, digamos mais transcendente da questão, para apurar a estrutura social deste País.  


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90