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20/07/2022 às 08h00min - Atualizada em 20/07/2022 às 08h00min

Economia: quando toma um rumo não há quem segure...!

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA

A Previsão Econômica da Comissão Europeia para o inverno de 2022 foi divulgada em 10 de fevereiro, apenas duas semanas antes da Rússia invadir a Ucrânia. 

 

Antes da eclosão da guerra na Ucrânia, as perspectivas para a economia da União Europeia (UE) eram de "expansão prolongada e robusta", disse a Comissão em um comunicado à imprensa. Nessa altura, a economia estava num caminho de recuperação e crescimento, saindo da pandemia. "A logística induzida pela guerra e as interrupções na cadeia de suprimentos, bem como o aumento dos custos de insumos para uma ampla gama de matérias-primas", estão pesando na produção, ponderou a Comissão. 

 

A previsão da inflação foi aumentada para 6,8% na UE antes de descer de novo para 3,2% em 2023. Para a zona euro prevê-se 6,1% antes de descer para 2,7% em 2023.

 

A guerra exacerbou os problemas econômicos existentes, tais como o aumento dos preços da energia e a ruptura da cadeia de abastecimento. Isto está levando a inflação a atingir níveis recorde e a colocar uma pressão sobre as empresas e as famílias europeias.

 

A Ucrânia e a Rússia produzem quase um terço do trigo e da cevada do mundo e são grandes exportadores de metais. As rupturas destas cadeias de abastecimento, bem como o aumento dos custos de muitas matérias-primas, fizeram subir o custo dos alimentos e de outros bens e serviços básicos, não só na Europa como em outras partes do mundo.

 

A Alemanha quase sem gás, com a Rússia fechando as torneiras, foi obrigada a voltar com as usinas de carvão para gerar energia.  Portugal e Espanha em chamas nas suas florestas, devido às altas temperaturas, o Reino Unido enfrenta forte crise nos aeroportos por falta de funcionários. A Itália e França enfrentam greve das empresas de aviação, agravado com as manifestações dos agricultores. 

 

O Japão enfrenta instabilidade com o assassinato do seu ministro e a urgência em ter que colocar em funcionamento sete hidrelétricas nucleares. 

 

A China enfrenta forte crise de mão de obra a despeito de ser o país mais populoso do planeta com 1.433.783.692 habitantes, registrando generalizada falta matéria prima para alimentar as suas fábricas. 

 

Na América Latina, a Argentina vive um período de crise, com inflação nas alturas, e previsão de atingir 61% em 2022, além de uma crise de abastecimento que vai de papel higiênico ao tradicional café etc. 

 

Pelo lado mais caótico do cenário, a Venezuela, enfrenta uma crise econômica que fez com que até 3,4 milhões de venezuelanos abandonassem o país, segundo dados da ONU, com seu povo comendo lixo e morrendo de fome, apesar de ser detentora da maior reserva de petróleo do mundo com 300,9 bilhões de barris.

 

Os Estados Unidos enfrenta a maior inflação dos últimos 40 anos, com os preços dos combustíveis atingindo as alturas, já se fala inclusive em uma crise alimentar e energética.

 

O Brasil por seu lado apresenta redução nos custos da energia, redução nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha.

 

No campo social liberou ajuda de R$1.000,00 para os caminhoneiros, visando amenizar o preço do diesel para essa categoria.

 

Várias medidas para controlar a inflação oficial, que no último mês de junho, ficou em 0,67%, após variação de 0,47% registrada no mês anterior.

Aumento da antiga bolsa família hoje denominado de auxílio Brasil, que era de R$130,00, passando para R$ 600. 

 

A queda na taxa de desemprego ficou em 9,8% no trimestre encerrado em maio de 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

O agronegócio comanda as exportações, com carnes, grãos, frutas… batendo recorde nas exportações com US$ 15,71 bilhões. No primeiro semestre de 2022, as exportações brasileiras do agronegócio somaram US$ 79,32 bilhões (+29,4%), valor recorde para o período.

 

Reflitam comigo:  A prioridade econômica atual da zona do euro é o combate à inflação, apesar do enfraquecimento da expansão do bloco e apesar da esperada desaceleração adicional no crescimento econômico, os ministros se concentraram no combate à inflação. 

 

A escassez de oferta de alguns produtos devida à guerra adiciona pressão inflacionária. Destacam-se os mercados de commodities, que tiveram seus preços ainda mais elevados.    

 

A Rússia é a maior fornecedora de fertilizantes para o Brasil. Segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o País importou dos russos 23,3% de todos os fertilizantes comprados em 2021. 

 

O barril de petróleo do tipo Brent encerrou iniciou a semana valendo US$ 105. O gás natural, produto que a Rússia é a maior exportadora do mundo, pode chegar a US$ 30 o BTU (unidade de medida de energia.

 

Pensando estrategicamente: Para as exportações, o cenário pode ser de alta. O Brasil está ao lado de Rússia e Ucrânia como os maiores exportadores de milho, por exemplo, e com o fornecimento dos dois países comprometidos, o mercado mundial tende a procurar mais as ofertas brasileiras.

 

Em contrapartida, a melhora nas exportações do cereal pode comprometer o abastecimento interno, gerando alta não só nesse produto mas também nos preços das carnes - cujos animais dependem do milho na alimentação, no bolso dos brasileiros.

 

O preço do barril de petróleo subiu durante a guerra devido às sanções econômicas adotadas por Estados Unidos e União Europeia contra a Rússia. Os países tentam diminuir o petróleo e o gás natural russos no mercado internacional.

 

De acordo com a Sondagem da América Latina, divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a continuidade do conflito deve mudar o quadro otimista. E em caso de comprometimento do crescimento econômico nacional, combinado com a alta do dólar e da inflação, o Banco Central seria obrigado a aumentar a taxa de juros básicos da economia, a Selic.

 

Comparando com o resto do Mundo, o Brasil parece estar navegando de braçada em um mar de tranquilidade, em que pese o mar mundo afora estar muito revolto.

 

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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