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23/02/2022 às 08h00min - Atualizada em 23/02/2022 às 08h00min

A hora é agora, “turnaround” para os negócios!

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
Turnaround é um termo em inglês, utilizado internacionalmente em administração de empresas e que indica um conceito de gestão estratégica.  Criado por Rodolfo Biasca, especialista em gestão, na década de 1970, em bom português, turnaround significa “dar a volta por cima”. No mundo dos negócios, o termo refere-se à possibilidade de obter resultados positivos com a recuperação da estabilidade do empreendimento.
 
Charles W. Hofer afirma que as empresas "dão a volta" em situação de estagnação ou declínio com o objetivo de recuperação e êxito. As medidas estratégicas propriamente ditas vão desde dividir em sub-estratégias de investimento, política de competitividade operacional como corte de custos e ativos até medidas para aumento de vendas. O princípio da recuperação envolve análises da gestão, custos e análise da posição de competitividade (análise SWOT) para que se possa determinar porque a empresa está falhando em seus objetivos. Quando as análises são concluídas, planos estratégicos de longo prazo e de reestruturação são criados. Estes podem envolver mudanças estratégicas como: estratégia de integração vertical ou horizontal; alianças estratégicas; estratégias de foco; estratégias de segmentação; estratégias de diversificação, entre outras.
 
Cabe ao gestor do plano de turnaround torná-lo viável para a organização em momentos de crises. Uma vez aprovados os planos estratégicos, os profissionais começam a sua implementação, acompanhando constantemente o seu progresso e fazendo as alterações necessárias para assegurar que a empresa volte à solvência.
 
Uma liderança consciente e sensível, capaz de adaptar-se a mudanças, pode conduzir um processo de turnaround com sucesso. Este é um processo complexo e arriscado, que exige soluções e percursos com características próprias, porque se levam em conta as condições culturais, financeiras e tecnológicas da organização e do seu contexto ambiental.
 
Quando há casos de crise financeira, as empresas tendem a cortar gastos excedentes e enxugar o seu quadro de funcionários. Embora essas atitudes pareçam resolver a situação à primeira vista, nem sempre elas são eficazes na retomada do crescimento a fim de ampliarem seu desempenho.
 
Vamos refletir: ... é válido saber o que é um “negócio em crise” para que não haja esforços em vão. Contudo, se seu negócio, no intervalo de um ano, perdeu competitividade no mercado, aumentou as dívidas e a rotatividade dos trabalhadores e diminuiu a qualidade do produto/serviço, é bem provável que ele precise “dar a volta por cima”.
 
Os processos do turnaround envolvem uma reestruturação integral do negócio, readaptando-o à nova realidade pós-crise. A empresa deve repensar desde o seu posicionamento no mercado até o clima organizacional. Para isso, é necessário identificar e reconhecer os problemas, considerar mudanças na gestão, além de resolver os entraves operacionais.
 
Sua metodologia é baseada na avaliação minuciosa de todos os aspectos internos, que vão da estrutura hierárquica dos cargos institucionais às políticas de mercado e estratégias de marketing. Na análise mostra-se os motivos que levaram a empresa ao declínio, os erros e acertos e a capacitação dos diretores e colaboradores, levando em conta os determinantes do formato de negócio.
 
Diagnóstico concluído, são apresentadas as propostas de mudanças necessárias – às vezes, radicais – em cada departamento da empresa. O método turnaround é aplicado logo em seguida, para que se tenha resultados positivos já nos primeiros passos e modificações, promovendo confiança e credibilidade da gestão da empresa aos seus financiadores.
 
A reestruturação deve ser participativa e descentralizada, uma vez que o objetivo é levar a empresa a uma transformação substancial em seus negócios. Como em qualquer mudança, o envolvimento de todos faz a diferença. O engajamento dos colaboradores é tão valioso quanto a aceitação das medidas sugeridas por parte dos profissionais de níveis hierárquicos elevados.
 
Pensando estrategicamente: ... o turnaround faz mais do que uma restruturação: ele trabalha a quebra de paradigma dos envolvidos no processo. No contexto empresarial, “pensar fora da caixa” traz grandes desafios. Embora muitos empreendedores acreditem que somente inovar já é o suficiente para quebrar paradigmas, este movimento exige planejamento, metas e coragem para ser executado.
 
Muitas empresas estão estagnadas por não conseguirem trazer novidades para seus clientes. Em uma época em que a informação vale ouro, é necessário inovar e renovar com criatividade, pois o cenário é competitivo. Gestores e empreendedores precisam entender que as pessoas buscam por coisas novas o tempo todo e, por isso, quebrar paradigmas é vital para a sobrevivência da empresa. Numa sociedade conduzida por transformações rápidas, independentemente de sua área de atuação, o melhor caminho para “dar a volta por cima” é a criatividade.
 
A essência da quebra de paradigmas vai além da rotina: ela ultrapassa as fronteiras da empresa e impacta o público – que, satisfeito, retornará. Ir além do trivial gera desconforto, pois implica lidar com os riscos e sair da nossa zona de conforto. Desafios são assim: demandam esforço e sacrifício em troca de decisões emblemáticas.
 
O momento de instabilidade econômica pelo qual o Brasil passa não é dos mais animadores para os negócios. Inúmeras empresas tiveram que fechar as suas portas e outras tantas ainda seguirão esse mesmo caminho. Nestas situações turbulentas é quando os donos dos negócios precisam admitir que é o momento de mudança e recuperação: o turnaround.
 

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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