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24/11/2021 às 08h00min - Atualizada em 24/11/2021 às 08h00min

Covid-19 volta a assombrar o mundo

ANTÔNIO CARLOS DE OLIVEIRA
A Europa volta a ser o epicentro de covid-19 e a taxa de transmissão no continente é preocupante, diz a OMS. O número de novos casos por dia está há quase seis semanas consecutivas em alta na Europa, e o número de mortes diárias sobe, e o aumento se deve, principalmente, a números da Rússia, Ucrânia e Romênia.
 
Juntos, Rússia, Ucrânia e Romênia têm, somados, 70% das mortes diárias do continente. Nenhum desses países chegou a um terço da população com o 1º ciclo vacinal completo. Considerando os países com mais de 1 milhão de habitantes, todos os que se encontram com maior média de mortes hoje estão no Leste Europeu ou fazem fronteira com nações do Leste Europeu. 
 
Em média, registram-se 250 mil novos casos de contaminados e 3.600 óbitos por dia, de acordo com a agência AFP. "Estamos, de novo, no epicentro, o ritmo atual de transmissão nos 53 países que formam a região europeia é muito preocupante, advertiu o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge. Se mantivermos esta trajetória, poderemos ter outro meio milhão de mortos por covid-19 na região até fevereiro".
 
Na Europa, são 21 os países que registram média de mortes em 7 dias superior à média que registravam há duas semanas. É o único continente atualmente que apresenta piora no cenário. A região como um todo tem média diária de 3,8 mortes por milhão de habitantes. Isso deixa o momento atual 30% abaixo do número de mortes da 1ª onda, em abril de 2020. No pior momento da pandemia, foram 7,5 mortes. 
 
Países da região decidiram aplicar mais restrições para tentar conter a pandemia. É o caso da Rússia, onde o presidente Vladimir Putin decretou um feriado de 30 de outubro a 7 de novembro, e determinou que idosos não vacinados fiquem 4 meses em casa. Letônia, Ucrânia e Bulgária também determinaram novas restrições. 
 
A alta de casos no Reino Unido e o que poderia ser uma nova onda na Europa assombra o mundo. No passado recente, as duas grandes ondas da pandemia começaram na Europa e, 3 meses depois, chegaram à América do Sul, com destaque para o Brasil. Desta vez, o quadro apresenta-se diferente, por duas razões principais: A maior parcela da alta de mortes se dá em países com vacinação baixa; o Reino Unido no fim de uma série de restrições teve um aumento vertiginoso de casos, chegando a 80% das infecções diárias que teve no pior momento da pandemia, em janeiro. Mesmo assim, com a população vacinada, as mortes diárias são um décimo das contabilizadas no começo do ano. A vacinação parece estar protegendo os britânicos, que estão entre os que melhor coletam e monitoram dados da covid no mundo.
 
Vamos refletir: A taxa de vacinação diminuiu em todo o continente nos últimos meses. Enquanto cerca de 80% das pessoas na Espanha estão totalmente imunizadas com pelo menos duas doses, na Alemanha, essa taxa é de apenas 66% — e, em alguns países do leste europeu, ela é ainda menor. Apenas 32% dos russos foram totalmente vacinados em outubro de 2021.
O governo holandês disse na última semana que iria impor novamente o uso de máscaras e o distanciamento social em muitos ambientes públicos após a divulgação de que as internações hospitalares aumentaram 31% em uma semana. 
 
A Croácia teve 6.310 novos casos na última quinta-feira (4/11), o maior número até agora. Já a Eslováquia registrou o segundo maior número de casos e as infecções no país voltaram aos níveis vistos pela última vez na primavera.
 
Jonathan Van-Tam, vice-médico-chefe da Inglaterra, disse na quarta-feira que muitas pessoas acreditavam que a pandemia havia acabado. No entanto, em países que mais vacinam, as taxas de infecção ainda são relativamente baixas. 
 
A Itália tem uma das maiores taxas de vacinação para maiores de 12 anos, mesmo assim os novos casos aumentaram 16,6% na semana passada.
 
O país com a maior taxa de vacinação completa do mundo é Portugal (87,39% da população está totalmente imunizada), as novas infecções passaram de 1 mil pela primeira vez desde setembro.
 
Ao longo da pandemia, a Austrália registrou um total de 170.500 casos de infecção e 1.735 mortes devido à covid-19 – um número muito baixo em relação a países comparáveis à Austrália, em grande parte devido às suas restrições e lockdowns rígidos.
 
Com pouco menos da metade da população totalmente imunizada contra a covid-19 e infecções aumentando de modo desenfreado, os Estados Unidos estão "em uma direção equivocada" na pandemia. O alerta é do assessor da Casa Branca para doenças infecciosas, Anthony Fauci, que prevê um recrudescimento da crise sanitária no país se não forem tomadas medidas para contornar a situação.
 
O país com maior número de mortos pela covid-19 viu o volume de novos casos de a doença atingir 500 mil na última semana, um avanço expressivo frente aos 92 mil registrados na última semana de junho.
 
Pensando estrategicamente: ... Diante de todas as considerações, é preciso monitorar o surgimento de novas variantes e ficar atento a áreas com “apagões” de dados, como na China e na África. No entanto, ao menos por ora, parece não haver elementos suficientes para crer que uma 3ª grande onda está a caminho.
 
Em uma entrevista coletiva, o diretor-regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, disse que o continente Europeu pode ter mais meio milhão de mortes até fevereiro. "Dados confiáveis mostram que, se continuarmos usando em 95% a máscara na Europa e na Ásia Central, poderemos salvar até 188 mil vidas do meio milhão que corremos o risco de perder até fevereiro de 2022", frisou Kluge.
 
No Brasil, governos estaduais e prefeituras, anunciam uma série de medidas de flexibilização das regras de distanciamento social para enfrentamento da covid-19. Entre elas, destaque para a ampliação do horário de funcionamento do comércio, para as 23h, e da capacidade de ocupação dos estabelecimentos, de 40% para 60%. Mesmo com o novo direcionamento, prefeituras seguem com autonomia para manter ou ampliar restrições de forma local. 
 
Será que estamos na contramão dos acontecimentos?

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.




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