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05/05/2021 às 09h31min - Atualizada em 05/05/2021 às 09h31min

Impacto da pandemia no Brasil e no mundo

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA
A pandemia provocada pelo novo coronavírus gerou diversos impactos na educação, atingindo estudantes, professores, suas famílias e as instituições de ensino na grande maioria dos países mundo afora. Todos os que trabalham com a educação estão se reinventando na busca por novas formas para executar seu trabalho e manter seus propósitos.

A educação é um dos setores que teve a rotina fortemente afetada pela pandemia de Covid-19. Afinal, ir e voltar da escola fazia parte do dia a dia de milhões de crianças, adolescentes e adultos que, de repente, viram o cenário mudar.

As autoridades decretaram medidas bastante rígidas, começando por férias e suspensão temporária das aulas, diante do risco representado pelas aglomerações, comuns na educação presencial.

Com o fechamento das instituições de ensino, toda a dinâmica de aulas, exercícios e avaliações teve de ser repassada ao ambiente virtual. Portanto, ocorreu uma digitalização da área, de forma apressada e, em alguns locais, sem a estrutura adequada para que a educação a distância (EaD) produzisse resultados de qualidade.

Após a primeira onda de mudanças emergenciais, entramos em um “novo normal” no processo de ensino e aprendizagem. Todos precisam aprender a lidar com a perpetuação da tecnologia, das metodologias ativas e os desafios de um novo “modelo mental” a ser desenvolvido por gestores, professores, pais e alunos.

A tecnologia e ensino à distância se tornaram aliados para dar continuidade ao ano letivo, mas enfrentam barreiras como a desigualdade no acesso à internet. Grande parte dos efeitos foram sentidos em maior escala pelos estudantes e professores da educação básica pública, onde uma maioria não empregava qualquer mecanismo digital antes da atual crise.

Por outro lado, os cursos de formação superior precisaram de menos adaptações, tendo em vista já usarem – em maior ou menor grau – plataformas online para expandir o aprendizado e contato com os alunos. É importante salientar que algumas instituições estavam mais qualificadas que outras, e as menos qualificadas foram forçadas a concederem férias aos alunos visando prepararem para a nova realidade.

Os encontros a distância e a possibilidade de acompanhar os conteúdos online, a qualquer hora do dia, substituíram as aulas presenciais nas escolas e os horários programados para estudo - Escolas da rede privada vêm combinando aulas ao vivo, gravadas e exercícios práticos, recomendando que os pais acompanhem a nova rotina. Uma estratégia usada com sucesso é a manutenção de chat ou utilização de aplicativos como o WhatsApp e o Telegram para facilitar a comunicação.

Mais familiarizados com o ensino a distância (EaD), professores e alunos do Ensino Superior encontraram menor dificuldade nessa transição com o uso de ferramentas já existentes. Vale ressaltar que também precisaram se adaptar às atividades 100% online, aproveitando apps para se reunir e apresentar trabalhos em grupo e até mesmo os trabalhos de conclusão de curso (TCC).

De modo geral, faculdades da rede pública e privada precisaram orientar os educadores na preparação das aulas e outros conteúdos digitais para os alunos - Também se organizaram para disponibilizar plataformas em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), facilitando acesso aos materiais de maneira organizada, com a devida proteção de dados pessoais dos estudantes.

Os efeitos da pandemia reforçaram pelo mundo a exclusão de estudantes das famílias mais pobres e de grupos específicos, como aqueles que vivem em ambiente rural. De acordo com o Relatório de Monitoramento Global da Educação (Relatório GEM) de 2020, divulgado no final de junho, 258 milhões de crianças e jovens não tiveram acesso à educação.

Produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o relatório também revelou que menos de 10% das 209 nações avaliadas possui leis que fortalecem a inclusão plena na educação. Lembrando que a pandemia de Covid-19 levou ao fechamento de escolas por todo o planeta, impactando cerca de 1,5 bilhão de alunos – mais de 90% da população estudantil.

Outro ponto que contribuiu para a exclusão são as desigualdades observadas entre os alunos de famílias ricas e pobres, ainda que vivam no mesmo país.

“Em pelo menos 20 estados – a maioria, localizados na África subsaariana – é raro que um jovem proveniente de zonas rurais complete a escola secundária” - “Estimativas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Programa Mundial de Alimentação (PMA) revelam que 370 milhões de crianças podem ter sofrido com a falta de alimento devido ao fechamento das escolas”.

Vamos refletir:... Dentre as estratégias mais comuns para amenizar os efeitos da pandemia e dar continuidade ao processo de aprendizagem, vale destacar o ensino remoto.

A popularidade e a agilidade da internet permitem o compartilhamento de informações e a comunicação entre a escola, pais e alunos, sendo uma opção importante para garantir as atividades escolares em tempos de isolamento social.

Entre os 79,1% que navegam na internet, 99,2% utilizam o celular, enquanto 48,1% dispõem de microcomputador em casa.

Esse fato implica em outro desafio: o desenvolvimento de software que facilitem o uso via smartphone.

Além disso, professores da rede pública e particular precisaram adequar toda a sua programação ao ambiente digital, dispondo de um tempo maior para o planejamento e seleção de materiais como slides e vídeos.

Enquanto parte dos educadores – em geral, das escolas particulares – estavam familiarizados com ferramentas tecnológicas e encontros mais dinâmicos, a maioria enfrentou uma transição apressada para o universo digital.

De uma hora para outra, tiveram de atender à demanda pela gravação de aulas, uso de plataformas online e didática diferenciada para manter a atenção da classe à distância.

Pensando estrategicamente... lidar com a precarização das escolas e a falta de estímulo à formação dos educadores já é difícil suficiente para professoras e professores. Não é justo que um ponto tão fundamental quanto o estímulo à criatividade recaia tão somente sobre os ombros desses profissionais.

Temos que olhar para a combinação de três fatores: a saúde, o bem-estar e a aprendizagem dos alunos. É desafiador, mas é fundamental que isso aconteça. Isso é mitigação de danos, isso é diminuição do impacto. Quando os alunos voltarem, deve ser feita uma avaliação diagnóstica para identificar as perdas e organizar um sistema competente de recuperação de aprendizagem. O fato de o impacto direto da educação sobre importantes variáveis não econômicas ser tão ou mais importante que o seu impacto sobre as variáveis econômicas revela que investimentos em educação têm importantes externalidades sociais que tornam o subinvestimento em educação ainda mais oneroso para o desenvolvimento humano de uma sociedade.
 
 

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