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04/10/2020 às 08h30min - Atualizada em 04/10/2020 às 08h30min

Benefícios dos medicamentos à base de canabidiol

TÚLIO MENDHES

Olá... mais um sábado dedicado a informações sobre medicações a base da maconha. É obtida de uma planta com o nome científico Cannabis sativa, que tem na sua composição diversas substâncias, entre elas o tetraidrocanabinol (THC), principal substância química. Além do THC, outro canabinoide presente na maconha.

Existe um medicamento com canabidiol que já é comercializado no Brasil, com o nome Mevatyl, e que está indicado para o tratamento dos espasmos musculares em pessoas com esclerose múltipla. Além do Canabidiol (CBD), que segundo vários estudos, proporciona diversos benefícios terapêuticos. O consumo de maconha é proibido no Brasil, porém, em alguns casos, o canabidiol pode ser usado para fins terapêuticos, mediante autorização específica. Também é possível importar outros medicamentos com esta substância, com devida autorização.

Entenda. Nos últimos anos, estudos têm demonstrado diversas propriedades terapêuticas de algumas das substâncias adotadas como opção farmacológica. Embora não sejam ainda amplamente utilizados, alguns dos componentes da maconha têm comprovadas várias utilidades clínicas, como: tratamento da crônica; alívio das náuseas e vômitos causados por quimioterapia, também é certo estimulante do apetite em pacientes com AIDS ou câncer, tratamento de convulsões em pessoas com epilepsia. Tratamento da rigidez muscular e dor neuropática em pessoas com esclerose múltipla, analgésico em pessoas terminais com câncer, tratamento da obesidade, da ansiedade e depressão, diminuição da pressão intraocular, útil nos casos de glaucoma, atividade antitumoral e anti-inflamatória.

Na última segunda-feira (21), um grupo composto por 29 senadores abriu um protocolo no Ministério da Saúde solicitando a inserção e a distribuição gratuita de remédios à base de canabidiol.

No protocolo está solicitado a incorporação do Mevatyl e o fitoterápico Canabidiol Prati-Donaduzzi. Até dezembro, o Ministério da Saúde poderá incorporar dois medicamentos à base de canabidiol no Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, a distribuição gratuita dependerá de aval da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Pois bem, raciocinando é fácil concluir que se o plantio de Cannabis for aprovado, automaticamente o preço de medicamento no mercado deve ficar 50% mais barato... e isso é muito bom!

Por ora, a prioridade para a inserção do primeiro medicamento seria o Mevatyl, utilizado para o tratamento sintomático da espasticidade moderada à grave relacionada à esclerose múltipla. Por outro lado, o segundo medicamento seria o fitoterápico Canabidiol Prati-Donaduzzi. Embora a justificativa principal do pedido seja a acessibilidade dos medicamentos, infelizmente o plantio e cultivo de Cannabis medicinal continua proibido. A proposta da garantia da provisão de medicamentos à base de Cannabis pelo SUS foi apresentada,em reunião realizada pela Comissão Especial sobre Medicamentos Formulados com Cannabis da Câmara dos Deputados para debater o PL 399/2015 para regulamentar o cultivo, processamento, pesquisa, produção e comercialização de produtos à base de Cannabis para fins medicinais e industriais.

Obviamente que houve posicionamento de alguns parlamentares contra a permissão do plantio. Contudo, esse “tipo” de parlamentar jamais entenderá a aflição, o desespero e a sensação de impotência de uma mãe ou pai que tem um filho que sofre com convulsões e que fazem de tudo – até mesmo recorrem à Justiça ou à desobediência civil – para lhe oferecerem o melhor. Enfim, a principal questão é diminuir o custo (de venda) e oportunizar que nós brasileiros possamos ser um novo player no mercado nacional e internacional nessas questões que envolvem tanto o uso medicinal quanto o uso industrial. Hoje as medicações citadas são comercializadas no mercado entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00 a dosagem mensal poderia sair pela metade do preço.

Finalizo questionando. Será que os mais de 50 países superdesenvolvidos que estão cultivando a Cannabis sativa estão errados? Só nós brasileiros estamos certos em proibir o plantio de uma cultura (Cannabis medicinal) que será controlada e não faz efeito (psicoativo) nenhum? O que sai mais em conta, permitir o cultivo ou reduzir os preços das medicações? Fica a pergunta.
 
Até mais!

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 

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