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10/05/2017 às 09h36min - Atualizada em 10/05/2017 às 09h36min

Eleições na França: a razão vence o medo

Mudança é a palavra mais requisitada no momento, em seu modo literal, com toda verdade e intensidade. Prova disso são os movimentos no nosso dia a dia e em nossa estrutura política e  social, com menos tolerância aos corruptos, mais vontade de fazer justiça e mais experiências inovadoras. Metade do mundo está chutando o balde e arriscando algo novo e imprevisível, e a outra metade ainda aposta em escolhas tradicionais e sem acrobacias políticas.

É Dilma X Aécio, Hillary X Trump, Doria X Haddad.... E porque não falarmos de Macron X  Le Pen? São embates acirrados, antagonistas, que causam comoção e brigas, além do questionamento básico de qual caminho queremos seguir.

Pensando estrategicamente, no caso da França, estamos falando de uma população que está enfrentando o crescimento do desemprego, mais gente de fora ocupando espaço no mercado de trabalho, e discussões de permanência ou saída da União Europeia. Uma confusão deles, muito parecida com a nossa: reforma trabalhista, sim ou não? Menor idade penal, sim ou não?  14 milhões de desempregados, e agora?

A verdade, é que parecemos todos passar por uma catarse. Muita gente já não acha mais maluquice colocar empresários de sucesso para conduzir a máquina pública, afinal, são especialistas em fazer a coisa funcionar, em gerir crises, em começar de novo, e de novo, do zero. Uma mistura do novo, com a velha maneira de fazer acontecer.

Vamos falar de Macron, que no nosso popular idioma, foi chamado de “novinho”. Um profissional da política com alguns quilômetros percorridos, e com 39 anos rodados na vida. É  um homem tradicional, casado (com uma ex professora de teatro, diga-se de passagem, 24 anos mais velha que ele), um cara esperançoso e persistente. Para ele, a palavra do momento é a resiliência. Nada de desistir da União Europeia, de recuperar o emprego, de ter orgulho de ser francês!

Do outro lado, temos Marine Le Pen, que está num caminho anti-globalização, com o objetivo forte de proteger as fronteiras e o mundo francês dos imigrantes, e de se fechar em seu país fugindo da União Europeia. Num país traumatizado por desemprego e terrorismo, pareceu uma proposta tentadora, não é mesmo?

Nesse embate, mais se plantou dúvidas do que certezas. Queremos tudo, sem arriscar nada? Ou vamos chegar no nada arriscando tudo? Confiar naquilo que já existe parece um bom caminho para tentar outra vez. Uma boa escolha pra França, que ainda tem essa chance.

Para nossa surpresa, o francês se revelou como um sujeito tradicional e esperançoso. Na verdade, 66% dos franceses, que votaram em Macron, também estão vestindo a camisa do time, apostando em novo treinador, que quer muito que o time ganhe, indo pelos mesmos caminhos talvez, mas com técnicas mais atualizadas e diferentes.

De cara com o medo paralisante, que algumas vezes nos faz tomar decisões precipitadas, e com o museu mais famoso do mundo, Macron dispara a mensagem direta e reta que o leva daqui pra frente: Não cederemos nada ao medo, não cederemos nada à divisão”.

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