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15/04/2020 às 08h40min - Atualizada em 15/04/2020 às 08h40min

O dia depois de amanhã e o coronavírus

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA
Essa é a pergunta que a população mundial está fazendo neste momento.

Há apenas alguns meses tudo fluía normalmente, todas as pessoas viviam suas vidas ocupadas com rotinas habituais. O surgimento da pandemia e a paralisação total da economia foi uma ação inimaginável. Em momento algum da nossa história, a economia já globalizada sofreu tão abruptamente e em escala global como agora. Parar a economia através de normas, portarias e decretos, não é tão difícil, basta que haja alguns políticos dispostos a usarem as suas canetas com o propósito de satisfazerem seus egos.

Há incerteza sobre o amanhã, sobre a segurança e saúde de nossas famílias, amigos e entes queridos e sobre a nossa capacidade de viver a vida que escolhemos. Como a economia é um todo interligado de forma global, por mais que alguns setores se reaqueçam rápido, o efeito global continua sendo crítico, pois a maioria vai se recuperar mais lentamente. A atividade econômica vai demorar algum tempo para se normalizar.

Há preocupação imediata com o impacto real nas vidas humanas: medo da grave crise econômica que pode resultar em uma batalha prolongada com a nova Covid-19. As empresas sendo fechadas e as pessoas perdendo seus empregos. O choque em nossas vidas e nos meios de subsistência com os esforços de supressão do vírus podem ser considerados os maiores em quase um século. Não se trata do PIB ou do desempenho da economia: trata-se de vidas e de meios de existência.

Estamos assistindo a um esforço de guerra, vemos também enormes esforços para estabilizar a economia por meio de respostas de políticas públicas. Entretanto, para evitar danos permanentes aos nossos meios de subsistência, precisamos pensar em como suprimir o vírus e reduzir a duração do choque econômico. Devemos fazer as duas coisas simultaneamente e agora!

Lidando com a incerteza, haverá intensificação dos bloqueios? Ainda será possível ir trabalhar? As fábricas poderão operar normalmente? Precisamos nos submeter a um centro oficial de quarentena no momento da chegada ou podemos fazer uma auto quarentena? As empresas subsistirão para o fornecimento de bens e serviços essenciais à população? Os trabalhadores terão um emprego? Quanto tempo isso vai durar?

Essas e inúmeras outras perguntas estão surgindo em nossas mentes, adicionando estresse à realidade já desafiadora de viver na época da Covid-19. Em dois aspectos podemos concordar, se não pararmos o vírus, muitas pessoas morrerão e o impacto em nossas vidas será maior quanto mais tempo durar um bloqueio. Com as famílias vivendo de salário em salário elas serão incapazes de cobrir uma despesa inesperada de R$ 600,00 sem empréstimos.

A resposta não pode ser o fato de aceitarmos que a pandemia sobrecarregará nosso sistema de saúde e que milhares, se não milhões, morrerão, mas pode a resposta ser que causamos sofrimento humano potencialmente ainda maior ao danificar permanentemente nossa economia.

A Covid-19 é um inimigo invisível, mas pernicioso. Devemos tentar vincular a incerteza à razão estabelecendo protocolos comportamentais abrangentes e claros, visando permitir que as autoridades liberem com segurança algumas partes das medidas gerais de bloqueio que sufocam nossos meios de subsistência hoje. Isso só funciona se encontrarmos mecanismos de execução aceitáveis ​​para esses protocolos, para que não corramos o risco de impor demandas socialmente inaceitáveis ​​às pessoas.

É hora de refletir: o mundo pode trabalhar rápido o suficiente nesses protocolos e podemos obter aceitação social para aplicá-los? Nesse caso, devemos ser capazes de controlar o vírus, suavizar a inevitável crise econômica para níveis sustentáveis ​​e salvaguardar nossas vidas e meios de subsistência.

Acreditamos que, com os protocolos certos em vigor e as pessoas que os seguem, as restrições de bloqueio podem ser gradualmente liberadas mais cedo ou mais tarde.

Pensando estrategicamente... para resolver o dilema de como salvar vidas sem destruir os meios de subsistência, precisamos encontrar maneiras de tornar efetivos os bloqueios, para que eles quebrem a trajetória do vírus no menor tempo possível. A eficácia dos bloqueios será medida em sua capacidade de controlar a propagação da Covid-19 ou se não podemos conter completamente o vírus e precisarmos continuar intervenções por algum tempo. Nos dois casos, precisamos encontrar maneiras de proteger vidas e meios de subsistência.

O grande desafio é que podemos paralisar a economia de forma fácil, mas ela não é religada por portaria. Em resumo, desligar é fácil, religar não!



Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
















 
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