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15/01/2020 às 12h14min - Atualizada em 15/01/2020 às 12h14min

A nova escrita

FERNANDO CUNHA

Na primeira metade do século XV, por volta do ano de 1430, um alemão chamado Johannes Gutenberg inventou uma nova forma de escrita. Antes de sua invenção, não existiam publicações em série e tudo na gráfica dele era feito à mão. Estudando a forma como algumas vinícolas amassavam as uvas para a produção de vinhos em grande quantidade, utilizando prensas que substituíam as pisadas das pessoas, Gutenberg teve a ideia de construir uma máquina similar para imprimir as letras. Pequenos carimbos, chamados de tipos móveis, cada um com uma letra, foram colocados num prelo, formando palavras e frases feitas, que, finalmente, estruturavam páginas inteiras. O primeiro livro publicado dessa forma foi a Bíblia, por volta de 1455, marcando o início da produção de livros em massa no Ocidente.

Naquela época, o acesso à informação era muito escasso e, mesmo assim, Gutenberg conseguiu juntar diferentes conceitos para produzir algo inovador. Uniu a tecnologia usada para esmagar uvas ao uso de pequenos carimbos e implementou isso a um novo tipo de negócio: o de produção gráfica. De lá para cá, muita coisa mudou. No século XIX veio a fotografia. No século XX, houve o advento do rádio, da TV e da internet. Com isso, a maneira de nos comunicarmos com o mundo vem se aperfeiçoando rapidamente. De cartas e livros, passando pelo uso de equipamentos de áudio, chegamos à produção de vídeos. Hoje, qualquer pessoa com um aparelho celular na mão e uma ideia na cabeça, parafraseando o cineasta Glauber Rocha, pode produzir um vídeo e publicar na internet.

Jawed Karim, cofundador do YouTube, foi o primeiro a postar um vídeo na plataforma. Ele gravou imagens no zoológico de San Diego (Estados Unidos) e fez o upload no dia 24 de abril de 2005. Este vídeo já foi assistido mais de 80 milhões de vezes. De acordo com o Google, cerca de 1 bilhão de horas de vídeos são assistidas todos os dias no YouTube, além dos diversos serviços de streaming disponíveis, como o Netflix, por exemplo, e os serviços de transmissão ao vivo do Facebook e Instagram, entre outros. Não é à toa que em 2017, o presidente executivo da Netflix, Reed Hastings, fez uma previsão ousada durante a feira de tecnologia Mobile World Congress, realizada em Barcelona, na Espanha. Segundo ele, “em dez ou 20 anos, 90% do que as pessoas vão assistir estará online”.

Estima-se que cerca de 10% das pessoas produzem conteúdo, enquanto que 20% replicam e 70% apenas consomem. Olha que oportunidade incrível de, além de consumir, também gerar conteúdo e, quem sabe, até ganhar dinheiro com isso. Não importa o segmento. Seja educacional, empresarial, político ou de entretenimento, a produção audiovisual artesanal caseira já é a coqueluche do momento. Segundo levantamento da consultoria Nielsen, cada vez mais a população mundial jovem, com faixa etária entre 15 e 34 anos, está trocando a leitura, o rádio e a TV por conteúdos publicados na internet. Precisamos nos adaptar a essa realidade! E se quisermos tirar proveito dessa tendência atual temos de gerar conteúdo relevante, principalmente no formato de vídeos.

Então, como gerar conteúdo sem ter ideia do que dizer e nem por onde começar? Vamos lá! O primeiro passo é determinar o público-alvo. Seja bem específico na escolha da audiência. A quem você pretende ajudar e por quê? Feito isso, liste as dez principais dúvidas que essas pessoas teriam e eleja as dez principais dicas que você sabe e que elas também precisam saber. Com a lista em mãos, posicione-se em frente à câmera e diga: “oi, meu nome é fulano. Sou especialista em...”. “Uma coisa que sempre me perguntam é ...” (apresente uma dúvida da lista). Deixe eu te contar como isso funciona...” (exponha a dica correspondente na lista e ofereça um passo a passo para pô-la em prática). “Então, lembre-se ...” (reforce o problema e a solução em uma única frase). “Para assistir mais vídeos como esse, clique aí no link”. Pronto! Use esse mesmo formato de roteiro para todos as dúvidas e dicas listadas.

Mas não vá pensando que estes dez primeiros vídeos garantirão o seu sucesso. É preciso constância. Gerar conteúdo exige persistência e criatividade. Com o tempo vá aperfeiçoando a sua oratória e conheça novas técnicas de geração e produção de temas significativos para a sua audiência. O mundo está ávido por ideias inovadoras. E como sempre, a transmissão de conhecimentos é o que nos torna protagonistas do nosso próprio êxito e do sucesso dos outros. E os vídeos são a nova escrita!

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.










 
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