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06/12/2019 às 12h42min - Atualizada em 06/12/2019 às 12h42min

O poder das conexões

MARIANA SEGALA
Interagir com o ecossistema de empreendedorismo e tecnologia de Uberlândia no último ano me ensinou que não há inovação sem conexão. Ou pelo menos, não há inovação tão inovadora, nem tão rápida, nem tão abrangente. Foi fortalecida pelas conexões que participei do CASE na última semana, uma conferência anual de startups e empreendedorismo promovida pela ABStartups, associação que representa o setor. Foi a sexta edição do evento, mas minha primeira vez nele. Eu era uma em meio a 10 mil outras pessoas que circulavam pelos corredores do Transamérica Expo Center, em São Paulo. E quantas conexões – umas fortuitas, outras nem tanto – estabeleci com algumas delas.

Eventos grandiosos como esse – repletos de palestras inspiradoras, atividades inusitadas e altas doses de criatividade – são nada mais do que um pretexto para que as pessoas com interesses complementares estejam juntas no mesmo ambiente. Já havia escutado essa definição de Murilo Gun, mestre de cerimônias do CASE, em outra ocasião. Durante um dia inteiro, vivi pelo menos cinco situações diferentes que demonstraram o quanto de verdade há nessa frase.

Estar no evento me permitiu estreitar conexões que iniciaram por aqui, em solo mineiro, e fora também. Estive cara a cara com quem só havia conhecido e interagido por troca de mensagens em aplicativos. Cruzei com pessoas que entrevistei muitos meses atrás e que, na ocasião, me ajudaram a ilustrar o fenômeno da inovação em reportagens publicadas por aí. A esse propósito, aliás, fica registrada a satisfação pelo encontro com os empreendedores cearenses da Agenda Edu, que acabou sendo premiada como a startup do ano durante o próprio CASE. Além disso, tive a chance de conversar pessoalmente com clientes atendidos remotamente (ah, as maravilhas do trabalho 4.0). E inclusive promovi, na vida real, alguns encontros entre pessoas que se frequentavam apenas no meio virtual.

Foi durante o evento que pude compreender a dimensão que negócios nascidos em Uberlândia estão tomando Brasil afora. Caso da startup Vitta, dedicada ao setor da saúde. Começou com uma solução de prontuário eletrônico, comprou uma corretora de planos de saúde e agora oferece, ela mesma, planos pensados especialmente para outras startups. Soube que só aqui na cidade a equipe da Vitta chega a 40 pessoas, fora outras tantas baseadas em um escritório em São Paulo.

A força da conexão dos atores do ecossistema de Uberlândia ficou evidente durante também em outros momentos do evento. O Uberhub, como é chamado, concorreu durante o CASE ao prêmio de comunidade de startups do ano. Chegou à reta final, disputando com outras comunidades de peso, como a de Florianópolis (Startup SC) e a da capital paulista (Zero Onze). Foi a primeira vez que um ecossistema que não o de uma capital alcançou essa posição. Mérito, como não canso de repetir, dos seus abnegados integrantes.

O interessante é que o Uberhub trouxe para junto de si, na torcida, participantes de outras comunidades mineiras também, de BH a Montes Claros. Eis aí novamente o poder das conexões. O prêmio foi para outro ecossistema – para meus conterrâneos de Santa Catarina. Mas restou a sensação de que, de alguma forma, o que acontece no interior está ganhando mais e mais visibilidade.
O que há de mais nobre nessa cultura disseminada entre os ecossistemas de inovação talvez seja exatamente o reconhecimento de que todos podem aprender algo com alguém – e ensinar também. Estou cada vez mais convencida de que é isso o que esse emaranhado de conexões deve sempre proporcionar.


*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.





 
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