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22/11/2019 às 08h51min - Atualizada em 22/11/2019 às 08h51min

Suvaco e axila

CELSO MACHADO

Tudo na vida tem dois lados e dependendo do ângulo avaliações distintas e até mesmo opostas. Penso que o desejável seja tentar avaliar pelos dois, ver qual predomina em toda situação. Antes disso, prioritariamente saber distinguir os limites às vezes tênues que podem levar a confundir uma coisa com outra.

Por exemplo, ambição e ganância. Tem quem confunde os dois, mas são bem diferentes. O primeiro é a manifestação saudável do ser humano em querer desenvolver, ampliar seus horizontes, posses e limites. Gerar oportunidades e contribuir para o bem de mais pessoas, da sociedade da qual faz parte.

Já a ganância é a pessoa querer tudo para si, sem obedecer a limites, regras. Quer ter pelo egoísmo de ser dono, nem sempre desfrutar, menos ainda compartilhar. Para mim, quem tem ambição acresce, quem é ganancioso, adoece. Outra mistura que acontece, especialmente no meio político, empresarial, classista e às vezes até mesmo em conversas familiares, é de opinião com oposição.

Todo indivíduo tem o direito sagrado de ter colocações próprias, de discordar. Não é à toa que é individuo, único, distinto, próprio. E não é por ter opinião que não coincide com a outra, que seja opositor. Simplesmente pensa diferente. E amanhã, ou seja lá quando for, mudar de avaliação e inclusive concordar. Rotular alguém de estar na oposição por divergir de alguma colocação, no meu entendimento é mera manifestação de pressão. Pior, de opressão, de querer inibir a livre manifestação.

Nessa mesma linha, por questões também políticas, existe uma tendência de achar que toda pessoa que discorda de um lado está a favor do outro. Como se o equilíbrio fosse impensável, alguém não concordar com A sem obrigatoriamente passar para o lado do B. Isso muitas vezes acontece comigo, entre A e B fico com o C. O C de comigo e coincidentemente de outro C, de Celso.

Isto também tem acontecido com frequência em relação a mídia. Uma coisa é informar, a outra, julgar por conta própria ou pior, partidária.

Tudo bem que quando leio ou assisto um colunista, até mesmo no jornalismo esportivo o faço para saber a sua opinião. Agora quando leio uma notícia não. Desejo saber o fato e poder ter base para fazer a minha própria avaliação.

Posso dar um exemplo? Quando leio que o governo propõe medidas para voltar municípios sem sustentação própria para distritos, não me interessa saber se o prefeito da menor cidade está desapontado por ter votado em A ou B. O que gostaria de receber informação é do que aconteceu com aquele lugarejo depois que se tornou cidade. A vida dos seus moradores melhorou substancialmente? Ela se desenvolveu, cresceu e ampliou sua renda para alcançar a autonomia de assumir seus gastos?

Sinceramente esta confusão deliberada entre informar e opinar, cansa e aborrece. Sei que expressar opinião contrária a posição de alguns veículos expõe e desgasta, mas por princípio não posso deixar de manifestar que está ficando chato, aborrecido, ver e ler noticiários, principalmente políticos e econômicos.

Para quem acha que não existe informação sem opinião, que é tudo a mesma coisa, recorro ao genial Ronald Golias que frequentemente dizia: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mesma coisa é só “suvaco e axila”!

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.









 

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