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02/10/2019 às 07h54min - Atualizada em 02/10/2019 às 07h54min

O Pitch de elevador

FERNANDO CUNHA

Fim de semana, passeio com os amigos. Todos decidem ir ao pub mais badalado da cidade. Entre um drink e outro, dezenas de pretendentes desfilam na sua frente. De repente, uma pessoa olha para você e se mostra interessada. Você olha para trás e para os lados, acha que não é contigo. Não acredita que aquilo esteja acontecendo. Ela se aproxima. O seu coração vai acelerando mais e mais a cada passo que essa pessoa dá em sua direção. Você engole seco, as mãos suam, as pernas tremem. Parece que o teto vai desabar. Você tenta ensaiar mentalmente as palavras que dirá, mas nada lhe vem à cabeça. Fugir da situação não é uma opção, afinal “todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite”, não é mesmo? A pessoa se posiciona bem à sua frente e lhe diz: “olá, eu sou X. E você, quem é”? Sabendo que tem apenas vinte segundos para impressionar com suas primeiras palavras, o que você diria?   

Não há como se precaver diante de um flerte, pois cada caso é um caso. Porém, no mundo corporativo, situações semelhantes acontecem conosco todos os dias, sejam em encontros casuais ou em eventos de networking. Quantas vezes temos a oportunidade de conversar com uma pessoa importante para o nosso negócio e ficamos sem palavras? Por outras vezes falamos mais do que o necessário e acabamos causando uma má impressão. Quando vamos nos apresentar em público é a mesma coisa. Não sabemos como começar o discurso e caímos nos vícios de linguagem, como “éééé...”, “bom...”, “então...”. Pior ainda é tentar tirar um “bom dia” mais entusiasmado da plateia, dizendo: “não ouvi direito, bom diaaaa”. Se você já passou por isso, não está sozinho. A maioria das pessoas não se prepara, até mesmo por que situações como estas surgem quando a gente menos espera.  
   
Possuímos espécies de “caixinhas” em nossas mentes sobre as diversas profissões e serviços existentes. Para nós, um advogado é um advogado, um médico é só um médico, vendedor é um vendedor, e por aí vai! Quando nos apresentamos abrindo uma caixinha que o nosso interlocutor já conhece nada de novo acontece, porque o mundo está cheio de profissões generalizadas. Eu não conseguirei o impacto desejado se eu disser simplesmente: “eu sou Fernando Cunha, jornalista e palestrante”. O interlocutor dirá: “Ah. Está bom”! Mas se eu conseguir inserir em minha rápida apresentação algo que agregue valor ao produto que vendo ou ao serviço que presto, as minhas chances de aguçar a curiosidade de quem pergunta pode ser maior, principalmente nos primeiros segundos de uma conversa ou de uma apresentação em público.

Imagine a seguinte situação: você está num elevador e, do primeiro ao quinto andar, um potencial cliente que está ao seu lado lhe pergunta: “Olá, como vai, quem é você? Você tem alguns poucos segundos para responder. Então, procure despertar a atenção dessa pessoa para o seu diferencial em relação aos outros. Ouse ser diferente oferecendo a mesma coisa. O seu pitch de elevador deve abrir uma “caixinha” nova, inexistente, na mente dessa pessoa, mesmo que a sua profissão ou serviço seja algo bem comum. Pitch, na tradução simples do inglês, significa arremesso. No universo corporativo, pitch é uma apresentação direta e curta, com o objetivo de vender uma ideia ou produto a um investidor, mais comumente usada no ramo de startups, mas que podemos adaptar ao nosso dia a dia na oferta de produtos e serviços considerados convencionais, como o de um advogado, médico, vendedor, etc.

A sugestão de pitch que ofereço responde a três questões básicas, porém importantes: 1) quem é você; 2) O que você faz (se possível, insira a dor do seu cliente que você resolve) e 3) Como você faz. Vou citar como exemplo o meu próprio pitch de elevador. Eu digo: “Olá! Meu nome é Fernando Cunha. Eu sou jornalista, comunicador profissional e palestrante motivacional. Eu desperto nas pessoas a vontade de falar em público controlando melhor a ansiedade e usando 100% do seu potencial de comunicação. Eu faço isso através de palestras e treinamentos em grupo e individuais”. Pegue agora um papel e caneta e crie o seu pitch de elevador. Depois treine ele exaustivamente até que a sua apresentação fique bem natural, seja para uma única pessoa ou para um público maior. O feedback das pessoas será o termômetro para que você vá ajustando o seu pitch até que ele chegue no formato definitivo. Quando as pessoas disserem “que legal, fale-me um pouco mais” ele estará no ponto ideal.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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