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23/08/2019 às 17h20min - Atualizada em 23/08/2019 às 17h20min

Ecossistemas fora do eixo

MARIANA SEGALA

Um dos maiores eventos de startups do país aconteceu na semana passada, em Florianópolis. Cerca de 4.000 pessoas se reuniram no Startup Summit, promovido pelo Sebrae, para discutir sobre as dores e as delícias de empreender com tecnologia. Tive o prazer de encontrar, no meu estado natal, vários entusiastas e empreendedores aqui de Uberlândia. Um deles, aliás, participou de um provocativo painel para quem se embrenha no mundo da inovação. Desafios de ecossistemas fora do eixo. Como startups estão crescendo em ambientes que você talvez ainda não conheça era o tema da conversa, da qual participou Roberto Viana, diretor de operações da startup Ipê Digital. Com a palavra, o empreendedor mineiro e representantes de comunidades de Pernambuco, Amazonas e Acre.

Inovação é produzida em todos os cantos e, graças aos modelos de negócio que vêm se disseminando, pode ser oferecida e comercializada a partir de qualquer lugar. As fronteiras são cada vez mais fluidas – o que é uma ótima notícia para os bons profissionais, que podem encontrar trabalhos gratificantes sem ter de se deslocar para os grandes centros, e para as cidades também, que conseguem preservar algumas das suas melhores cabeças localmente. É, enfim, bom para todo mundo.

Ecossistemas de inovação têm a colaboração como premissa. Cada um “doa” um pouco de si – do seu trabalho e do seu tempo – para que o ambiente inteiro cresça e apareça. Pode ser promovendo um evento. Ou abrindo a própria casa (a empresa, no caso) para uma visita. Ou trocando ideias sobre as dificuldades de mercado que todo mundo enfrenta. O fato é que quando um ecossistema está no interior, tudo isso é ainda mais importante, já que ele não conta com a inércia que movimenta os negócios nas maiores cidades. Mas como manter o engajamento entre os membros e as iniciativas coletivas, quando cada um também tem o enorme desafio de manter viva a própria startup? E como prevenir que – nas palavras de um dos participantes na plateia – um “egossistema” tome o lugar do ecossistema?
 
Como resolver?
 
Não há, é claro, respostas definitivas para esses questionamentos. Mas Viana e seus companheiros de discussão deram algumas pistas do que pensam sobre o assunto. “É um grande desafio dar continuidade e formar lideranças em comunidades ou ecossistemas, acredito que independentemente da localização”, diz Viana. A continuidade das iniciativas, avalia, envolve a contribuição construtiva de todos, ainda que nasçam lideranças temporárias. A comunicação, na visão dele, tem um papel importante: é necessário que todos estejam a par de tudo o que acontece, para que novos ciclos de liderança aconteçam de maneira natural.

Emidia Felipe, da startup Neurotech, de Recife, foi uma das participantes do painel e resumiu em seis itens o que considera serem os principais papeis de uma comunidade de startups: atrair gente nova, compartilhar informação, promover integração, gerar conexões de valor, dar voz às pessoas e seus aprendizados e divulgar o que está sendo feito. “Mas para tudo isso, é preciso gente disposta a fazer a coisa acontecer. É aí que o bicho pega”, escreveu em um artigo, publicado logo depois do evento. “Ter gente disponível está entre os principais desafios das comunidades fora do eixo, como nós. Gente pra promover eventos, gente pra divulgar o que é feito, gente pra compartilhar suas jornadas empreendedoras, gente pra dar mentoria e gente pra orientar essa gente toda”.

Assim como Viana, Emidia também apresenta algumas sugestões de como os ecossistemas podem avançar. É preciso apresentar quem é quem e qual é seu papel, além de valorizar as pequenas contribuições de quem chega para participar. A relação em uma comunidade, diz ela, é de ganha-ganha – mas antes de ganhar é preciso oferecer. Não é simples, não é fácil. Demanda persistência e engajamento. Até um pouco de sorte – é uma sorte, afinal, que justo ao nosso redor haja quem se disponha a embarcar nessa onda. Bora lá?

(#ficaadica: O artigo completo da Emidia Felipe está disponível no site blog.manguez.al)

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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