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04/07/2019 às 08h57min - Atualizada em 04/07/2019 às 08h57min

O sol e a peneira

TIAGO BESSA

Acompanho o futebol desde o final da década de 1980, ainda quando criança, e tive a oportunidade (e o privilégio também) de testemunhar jogadores e jogos inesquecíveis. Citá-los aqui inviabilizaria esta coluna de uma lauda. A lembrança desses momentos me leva a concluir que o futebol, do ponto de vista da técnica e do velho “amor à camisa”, está, no mínimo, estagnado. Como não sou tão otimista assim, penso que o futebol atual está um bocado aquém do que presenciei até meados da primeira década dos anos 2000.

A Argentina, por exemplo, que viu no mesmo time Maradona, Caniggia, Batistuta, Goycochea, entre outros da mesma geração, impunha respeito tanto pelo peso da camisa quanto pela qualidade técnica de seus jogadores. O que vemos hoje é um time fraco, medroso e retranqueiro, que não assombra mais nem mesmo quem, anteriormente, era saco de pancadas na América do Sul.

Mas e o Brasil? Comecemos pelos nossos campeonatos: os estaduais estão abandonados e foram transformados em laboratório para os testes dos clubes “grandes”. Seus títulos ainda são bem-vindos, principalmente quando se trata de rivalidade, mas não têm mais o prestígio de outrora. O Brasileirão e a Copa do Brasil têm copiado dos europeus até mesmo as solenidades de premiação, com papelzinho picado voando e palquinho montado em campo. Produto de gôndola de supermercado, assim como nossos novos “craques”. O sujeito aparece em dois ou três jogos com destaque e já consegue um contrato milionário no exterior. A maioria, a grande maioria, cai nas graças do esquecimento e acaba voltando para mendigar migalhas em clubes de menor expressão.

Eu não me deixei enganar pelo jogo de ontem, nem por qualquer outro jogo anterior da Seleção Brasileira nesta Copa América. Vencer a horrível seleção argentina, em uma partida morna e insossa, não passou da famosa “obrigação”. Muitos leitores podem encarar minhas palavras como saudosismo bobo, mas não dá pra não sentir falta de Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho e agregados. Às vezes me pego com saudades até do futebol do Dunga, que virou “meme” daquela seleção de 1990 mas, depois, se redimiu em 1994 quando demonstrou toda a sua dedicação e empenho em trazer aquele troféu.

Provavelmente a Seleção Brasileira vença a Copa América: esta dos estádios vazios, do futebol decadente, do desfile de modas, dos egos inflados, das arquibancadas em processo evidente de branqueamento, enfim... da mercadoria exposta na gôndola do supermercado!


*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 

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