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15/06/2019 às 08h00min - Atualizada em 15/06/2019 às 08h00min

Explorando as vantagens do Mercosul

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA

A abertura comercial e livre circulação de capitais e serviços em uma escala mundial consolidou a globalização. Com isso, as disputas acirradas entre empresas e países do mercado global favoreceram a formação de blocos econômicos regionais. A partir destes blocos formam-se alianças, onde os participantes estabelecem relações econômicas, trocas comerciais e a criação de novas estratégias de comércio.

O primeiro bloco econômico regional, com características semelhantes aos da atualidade, surgiu na Europa, próximo ao final da 2ª Guerra Mundial, com a criação do Benelux. Formado por Bélgica, Holanda e Luxemburgo, sua intenção era integrar economicamente esses países para fortalecer os seus mercados, baseado em uma economia supranacional.

A partir daí, diversos países europeus começaram a firmar uma série de acordos, a fim de unir o continente, desestruturado socioeconômico e politicamente após duas guerras mundiais. Os blocos regionais – também nominados como Mercados Comuns – nasceram com a responsabilidade de reestruturar, fortalecer e garantir a competitividade das economias desses países, além de reduzir o risco de novos conflitos inflados pelo espírito nacionalista.

A experiência europeia foi estendida aos demais continentes. Paralelo a esta expansão, foram desenvolvidas várias iniciativas de integração regional na Europa. Entretanto, a única que vingou e teve consistência em suas ações foi a Comunidade Econômica Europeia (CEE), que posteriormente seria transformada na conhecida União Europeia (EU).

Todo bloco econômico tem o objetivo de proteger as economias dos países parceiros, tornando seus mercados mais competitivos. Hoje, os principais Mercados Comuns mundiais são: União Europeia, Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) e Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Dos blocos citados acima, o Brasil participa apenas do último. Criado em 1991, o Mercosul é composto pelos países: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (atualmente suspensa), como membros efetivos; Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname, como membros associados e México e Nova Zelândia, como membros observadores.

Baseados nos exemplos europeus, os países sul-americanos viram no Mercosul uma forma de união vantajosa. Todos os membros praticam o livre comércio e a redução de tarifas, garantindo maiores lucros. Cerca de 90% das mercadorias fabricadas nos países-membros são comercializadas internamente sem tarifa de importação. Além disso, o bloco estipula a união aduaneira, com a padronização das tarifas externas para diversos produtos.

Os cinco membros efetivos possuem uma população estimada de 206 milhões de habitantes, totalizando um PIB de 1,1 trilhão de dólares. Os acordos de integração econômica geram uma série de consequências para as empresas e os povos desses países. As positivas estão

relacionadas às parcerias econômicas e ao apoio comercial. Em contrapartida, quando um dos países do bloco entra em crise, os demais sofrem efeitos negativos também.

Recentemente, a reforma do Mercosul foi um dos temas na agenda de viagem do presidente Jair Bolsonaro à Argentina. Rumores apontam uma possível negociação de um tratado para a construção de duas hidrelétricas binacionais nos próximos anos, tal como o acordo entre Brasil e Paraguai que permitiu a instalação na usina de Itaipu.

Pensando estrategicamente, ainda que, para muitos, o Mercosul seja a principal via de integração política, econômica e cultural, os entraves se multiplicam entre as disputas dos países-membros. Um dos grandes desafios para sua continuidade é a necessidade de adquirir um perfil supranacional capaz de sobrepor os interesses de cada país e a harmonização das economias.

Um ponto importante para que o Mercosul seja “levado à sério” enquanto um bloco econômico, inclusive pelos próprios países-membros, seria estabelecer que o país líder nas eventuais negociações e acordos entre outros blocos ou países, fosse sempre negociado no formato “4+1”, onde todos os sócios serão incluídos na discussão. Deste modo, os interesses nacionais de cada membro não seria prioridade, mas sim o interesse do bloco.

A união de forças brasileiras e argentinas pode ser o ímã de futuros investimentos para a região, através do equilíbrio macroeconômico e da criação de instituições supranacionais que estabeleçam regras e compromissos de ambos países diante de terceiros. É essencial que as políticas norteadoras dessas relações sejam abstidas de viés político-ideológico.



*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.

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