Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
25/05/2019 às 08h30min - Atualizada em 25/05/2019 às 08h30min

O Brasil precisa rever suas prioridades

ANTÔNIO CARLOS
Nossas experiências de vida até aqui nos mostraram que tudo que é importante requer um pouco de atenção. E esse aprendizado pode ser aplicado em diversas áreas – das relações interpessoais à administração da máquina pública. Uma vez que precisamos lidar com vários pontos relevantes ao mesmo tempo, é necessário que façamos uma “peneira” do que é mais significativo.

Do latim prior (“anterior”), o conceito de prioridade faz luz à anterioridade de tempo e/ou ordem de alguma coisa em relação a outra. Aquilo que é prioritário encontra-se em primeiro lugar em comparação ao resto. Quando não temos noção do que realmente importa, acabamos tomando decisões precipitadas, baseando-nos apenas na ordem que elas surgem.

Um dia completo possui 24 horas, porém a nossa percepção de tempo está cada vez menor. Precisamos trabalhar, estudar, praticar atividades físicas, cuidar dos afazeres domésticos e ter momentos de lazer com a família e amigos. Por isso, selecionar prioridades é, antes de tudo, uma forma de otimizar nosso tempo de dedicação.

Agora vamos ao âmbito político: quais as prioridades brasileiras atualmente? De acordo com o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Alexandre da Costa, a reforma da Previdência é pauta prioritária e o maior desafio do governo em 2019. Segundo ele, a prioridade do governo Bolsonaro é reverter essa situação cortando os gastos do Estado.

Um dos motivos para o enfraquecimento da economia brasileira nos últimos anos foi a falta de confiança do empresariado. Ao final do governo Temer, por conta dos baixos investimentos nos setores públicos e privados e da queda no consumo da população, impulsionada pelo alto índice de desemprego no país, a economia brasileira estagnou.

Além disso, o desequilíbrio fiscal impôs dificuldades ao setor produtivo. Esse rombo nos cofres públicos vem acontecendo desde a última década. Para contê-lo, ou minimizá-lo, o Banco Central precisou reorganizar a arrecadação tributária da União subindo os juros. Desta maneira, o brasileiro sofreu com a alta da inflação e viu seu dinheiro sumir dos bolsos. É um ciclo desastroso.

A equipe econômica do atual governo vem declarando que está empenhada em elaborar medidas que ajudem o país na reconquista de bons índices de crescimento, emprego e renda. Todavia, sabemos que a economia não é uma ciência exata, pois está imersa em uma sociedade que passa por constantes transformações e lutas, com causas e consequências imprevisíveis.

Em contrapartida, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nos deu boas novas. No seu informe anual, ela apontou que o número de empregados no Brasil deverá subir nos dois anos subsequentes. Hoje, o índice brasileiro de desemprego é o dobro da média mundial. Para a OIT, esse aumento está ligado à recuperação econômica do país, e não acredita que a reforma trabalhista ajudará nesses resultados.

Para alguns economistas, o Brasil não tem mais concerto. Outros mais positivistas acreditam que podemos sair desta situação caso haja um real interesse dos responsáveis pelas mudanças. O fato é que em uma visão realista do atual cenário econômico – deixando de lado o cabresto partidarista – conseguimos enxergar sinais promissores no horizonte econômico.

A eleição de Jair Bolsonaro aconteceu em um contexto de instabilidade e queda do crescimento mundial e financeirização, de modo que a natureza de seu governo é de responder as necessidades da ofensiva neoliberal no Brasil. Por isso, o presidente traz consigo características autoritárias na política e ultraneoliberais na economia.

É evidente que existe uma imprevisibilidade das políticas econômicas a serem implementadas, causadas pela necessidade de conciliar os interesses de grupos heterogêneos da sua base. Contudo, o núcleo de seu governo é a austeridade econômica, a privatização de empresas públicas e o Estado mínimo e enxuto. Não há chance de um crescimento econômico sem o equilíbrio das contas públicas.

Pensando estrategicamente... precisamos estabelecer prioridades. Após uma séria recessão em 2015 e 2016 (com uma variação negativa do PIB de 3,5%), o Brasil conquistou sua segunda alta anual consecutiva em 2017 e 2018. Essa retomada do crescimento não se deve a alguma medida ativa do Estado, mas a uma flutuação cíclica da economia, tendo como base de comparação dois anos de resultados negativos.

Com a concretização das metas do governo e o aumento da produtividade, o Brasil poderá ter um crescimento de 4% a partir do próximo ano. Para isso, precisamos persistir em rumos claros, elegendo prioridades. Talvez podemos chegar aonde nenhum outro país pisou. Um passo de cada vez, com os pés no chão.

*Esta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90