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05/04/2019 às 08h38min - Atualizada em 05/04/2019 às 08h38min

O poder, a bebida e o whatsapp

CELSO MACHADO
Diz um velho ditado popular que se você quer conhecer uma pessoa dê a ela poder. Aí sim você vai descobrir verdadeiramente quem ela é. Não são poucos aqueles que ao terem a oportunidade de assumir posições que lhes atribuem maior relevância não conseguem administrar essa relação. Ao invés de exercerem a função, se tornam submissas a ela. Deixam de ser o que sempre foram, para se tornarem reféns do cargo que momentaneamente exercem.

Isso me faz lembrar uma sábia expressão que ouvi num evento comemorativo em homenagem a uma pessoa influente. O de que todo aquele que exerce uma atividade que lhe dá muito poder, deve ter uma conversa honesta consigo mesmo semanalmente para avaliar quem está mandando em quem.

Ao longo da vida a experiência me levou a acrescentar a bebida como outro ingrediente igualmente poderoso para revelar a personalidade de alguém. Ao passo que uns ficam apenas chatos, aborrecidos ou aquietam-se no canto, outros se tornam agressivos, atrevidos e não raras vezes, inconvenientes. Adotam atitudes absolutamente inimagináveis e depois da ressaca usam o argumento pouco consistente que agiram sem o controle de suas atitudes.

Com a vivência prática de quem, religiosamente e até com certa frequência mantém o hábito etílico de desfrutar de umas cervejinhas, tenho avaliação diferente. Todo aquele que sob o efeito de algumas doses de álcool exagera no comportamento e faz coisas que depois arrepende na verdade as tem guardadas no íntimo. O que a bebida provoca é o despudor de manifestá-las.

Penso que nesses casos convivemos com três pessoas distintas. Aquela que é o que a pessoa é na sua conduta sóbria e longe do poder; uma outra quando ela está no exercício da função que a torna poderosa e influente mostrando o verdadeiro caráter que tem e a terceira, quando o estado etílico revela a outra que tem vontade de ser, mas não assume porque as outras duas prevalecem.

E o que o whatsapp tem a ver com isso? É que ele torna a pessoa numa quarta, naquela que está ao seu lado, mas não esta nem aí pra você. Sua presença até está próxima, mas a atenção bem longe.

Não é um ser humano compartilhando da sua convivência plena, apenas superficialmente para comentar o que está assistindo ou falar em voz alta aquilo que só diz respeito a ela.

Complicado é quando em diferentes ocasiões convivemos com as quatro, sem entender direito como elas relacionam entre si. Não são raras as vezes em que, se tivéssemos que escolher uma delas a preferência ficaria para a “que tomou umas”.
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