Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
06/03/2019 às 08h34min - Atualizada em 06/03/2019 às 08h34min

Eles estão entre nós

FERNANDO CUNHA | JORNALISTA E PALESTRANTE
Há uma grande discussão no meio corporativo sobre como atrair e manter os jovens da chamada geração Y, que hoje têm, em média, 25 anos de idade. Muitos deles ainda não são casados e não têm filhos, são isentos de responsabilidades mais sérias e estão encontrando no empreendedorismo uma forma de ganhar dinheiro fazendo o que se gosta sem a figura maçante do chefe ou patrão. Se as organizações não criarem sintonia ao estilo dessa “turma”, podem perde-la rapidamente. Como se não bastasse, os representantes mais velhos da geração Z já estão no mercado. Sim, eles já estão entre nós. São jovens com até 20 anos de idade. Segundo previsão de especialistas, em 2020 a geração Z representará mais de 20% do mercado de trabalho, o que exigirá das organizações e suas lideranças uma adaptação à maneira de se comunicar com estes jovens.

A necessidade de usar as características desses profissionais a nosso favor é cada vez mais latente e uma comunicação eficaz ao estilo teen é a chave mestra desse processo. Primeiramente, precisamos tentar entende-los. Tratando-se das classes A e B, são jovens criados sem limites de conexão num ambiente completamente digitalizado, que sempre ganharam de tudo, inclusive bens materiais, e não conseguem lidar com perdas, além de serem altamente protegidos pelos pais. “Eles não respeitam a figura autoritária, a não ser que sejam conquistados por ela”, ressalta Bruce Tulgan, consultor de liderança e autor do livro O que Todo Jovem Talento Precisa Aprender (Ed. Sextante). A geração Z criou uma espécie de ruptura com o antigo conceito de que quem tem conhecimento tem poder.

Em sua maioria, a geração Z chega à idade produtiva com muito entusiasmo, energia e preparação técnica. Eles são ávidos em aprender, o que não é um fator negativo, ao contrário. Esta geração cresceu se relacionando e se familiarizando precocemente com o Google e tantos outros instrumentos que não existiam há 10 anos, como o Instagram, Facebook, Snapchat, WhatsApp, Iphone, Ipad, Kindle, Spotfy, Netflix, entre outros. Estes jovens também são extremamente curiosos. Com tanta informação disponível e de tão fácil acesso, buscam conhecimentos consistentes sobre tudo aquilo que lhes interessa antes mesmo de qualquer tentativa de persuasão e influência sobre eles. Neste cenário, cabe aos profissionais mais “experientes” se reinventarem e recriarem diferentes maneiras de se comunicar com essa “galerinha” de novos colaboradores. Literalmente novos.

Revistas e sites especializados apontam alternativas para que nos adaptemos aos tempos atuais. Inúmeras empresas, principalmente aquelas que lidam mais frequentemente com esse público, como os call centers, já estão se mobilizando para recepcioná-lo. A Ikê Assistência, empresa que vende apólices de coberturas para situações diversas, já realiza o treinamento dos colaboradores através de plataformas digitais e migrou sua comunicação para o celular. A ação visou atender aos jovens, mas todos os colaboradores se beneficiaram com a modernização. Numa reportagem publicada na Revista VOCÊ RH, a empresa alega que, devido a estas mudanças, a rotatividade caiu de 12% para 4%.

O psicólogo norte-americano Daniel Goleman, na obra Liderança – a inteligência emocional na formação do líder de sucesso (Ed. Objetiva), ressalta a importância de se cultivar o bom humor como instrumento eficaz de comunicação para lidar com as equipes mais jovens. Isso não quer dizer que não podemos ter um dia ruim e que necessitamos estar eufóricos e ininterruptos o tempo todo. Ser otimista, sincero e realista será suficiente. Basta acreditar que o ato de sorrir fará com que o mundo sorria para nós. O bom humor apressa a disseminação de um clima otimista, inclusive entre os mais jovens. É a lei da ação e reação em ação.

Maneiras obsoletas de comunicação e liderança não “colam” com a geração Z. É hora de “libertar” o jovem que existe dentro de nós, mesmo que sejamos tratados como o “tiozão” da equipe. Uma maneira de se adaptar a esta “nova onda” é buscar cursos de capacitação voltados para o tema e se modelar nos professores que hoje atuam no ensino médio. Mesmo que não sejamos mais tão jovens, eles ainda têm muito a nos ensinar. Seguindo o exemplo de muitos professores carismáticos que, através de muito bom humor, criatividade e sinergia, conquistam a atenção e simpatia de alunos, devemos aperfeiçoar nossas técnicas de comunicação para lidar com esse novo desafio no mundo corporativo.
 
           
Tags »
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90