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21/12/2018 às 08h50min - Atualizada em 21/12/2018 às 08h50min

O toque do Natal

CELSO MACHADO
Confesso que as festas de fim de ano, por mais interessantes que sejam, não me tocam como toca o Natal. Não sei se pelos inocentes momentos da infância em que aguardava fascinado a chegada do bom velhinho. E olha que mesmo quando já não era tão criancinha assim, eram outros tempos em que a imaginação prevalecia, não as criativas propagandas sedutoras das ofertas.

Ainda lembro e sempre vou lembrar do primeiro Natal que passamos na casa que o papai acabara de adquirir na rua Eduardo de Oliveira, hoje  meu endereço profissional. O investimento no imóvel exigiu todo dinheiro da família e, por mais que mamãe e ele desejassem, não haveria presente naquele Natal. Eu devia ter aí por volta dos 6 anos de idade e já era louco, como ainda de certa forma sou, por jogar futebol. Resignado, mas triste, na rua sem calçamento, vejo chegar um carro alinhado e dele desce uma figura muito elegante, trajando terno de linho branco, bigode fininho e cabelo preto com uma bola de cobertão, como chamávamos na época..

Era o primo da minha mãe que nem eu, nem meu irmão conhecíamos trazendo aquele presente que tocou nossos corações e nos encheu de alegria. Triste que pouco tempo depois, ele veio a falecer num acidente de trânsito, por ter parado para dar socorro a um veículo na rodovia de Monte Alegre. Outra bela manifestação da sua generosidade.

O Natal também me toca pela noite que passava na casa do meu primeiro patrão, Walter Garcia, que sempre me tratou com um carinho muito especial. Durante  vários anos, adorava chegar estreando uma camisa nova e receber a atenção do seu elogio. Depois que ele faleceu, o Natal também continuou me tocando pela reunião tão familiar e acolhedora da dona Ophélia e do doutor Luiz, que deram sequência a essa comemoração da qual participamos ano após ano.

O Natal também me toca pelos presentes que dei, muito mais do que ainda dou. Aos amigos, que por circunstâncias diversas estavam passando por dificuldades, e que também ficavam tocados pela minha lembrança e atenção. Ele ainda me toca pelo convívio afetuoso com minha família, esposa, filhos e o time todo do nosso clã.

O Natal me toca porque me faz pensar no que estou fazendo, porque estou fazendo, o que devo deixar e o que devo passar a fazer. Me toca porque, graças a Deus, sinto emoção ao ouvir suas músicas, mensagens, lições. As luzes e enfeites.

Para mim, o Réveillon sempre foi e é festa. Natal, reflexão.

Escrever e produzir este CelSiceS me tocou, porque o tempo passa, os anos se vão, mas continuo com a alma de criança. Menino que adora ganhar  presente, como este da sua atenção e carinho.

Feliz Natal a todos vocês e muito obrigado pela lembrança.
 
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