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29/12/2017 às 16h38min - Atualizada em 29/12/2017 às 16h38min

Brasil 2018

BENITO SALOMÃO | COLUNISTA

O Brasil está no apagar das luzes de 2017 dividido entre dois climas: o otimista, pautado por aqueles 2% da população que avaliam o governo Temer como ótimo e bom; e o realista, pautado pelo restante da população, que sente o estômago doer quando os efeitos da crise criada por Dilma, Temer e Meirelles se fazem sentir em sua face mais cruel, seja através de 13 milhões de desempregados que ainda existem no país, seja ainda nos mais de 60 milhões de inadimplentes, em modalidades de alto custo como cartão de crédito e cheque especial.

Não adianta omitir a realidade, Dilma, Temer e Meirelles são galhos de uma mesma árvore chamada governo Lula, participaram como importantes coautores de uma Nova Matriz Heterodoxa que espalhou e prolongou a desgraça em nosso país. Temer omite de seu currículo os 6 anos no qual foi vice-presidente de Dilma. Meirelles quer se viabilizar como candidato, omite do currículo os 8 anos no qual foi presidente do Banco Central nos governos do presidente Lula.

O casamento de conveniência dos tempos em que o dinheiro sobrava devido a um superciclo de commodities acabou, mas as máculas curriculares das orgias financiadas com dinheiro público não podem ser apagadas da história. Temer rompeu com a Nova Matriz Heterodoxa muito mais pela imposição da crise, do que por convicção pessoal. Faltou a ele romper com o método Lulo-Petista de tomar de assalto o Estado. Na prática, o comportamento político é exatamente o mesmo: promiscuidade na troca de cargos por apoio legislativo, compra de votos no Congresso com emendas parlamentares e diretorias de estatais.

Mas e 2018? Esta pequena introdução se faz importante porque este método personalizado por Lula, Dilma, Temer e Meirelles estará em jogo nas eleições do ano que vem. Será a nossa democracia capaz de rechaçar o modelo de corrupção epidêmica em outubro do ano que vem, quando o Brasil estará as portas de quebrar com uma dívida pública de 87% do PIB? Teremos três testes de sobrevivência e maturidade democrática, cujas decisões vão repercutir nos próximos 10 anos:

1° Realizar esta reforma da previdência ainda no 1° semestre, para esticar a corda fiscal da dívida pública por talvez mais 2 ou 3 anos.

2° Eleger em 2018 um presidente reformista e moralmente probo, tarefa inegavelmente difícil dada as candidaturas postas até aqui. Não serve Bolsonaro, que se auto proclama honesto, mas que não tem nenhum compromisso com uma agenda que congregue: I) estabilização macroeconômica, II) crescimento econômico e III) distribuição de renda.

3° Que o presidente reformista, se eleito, encontre um ambiente mínimo para prosseguir com uma ampla agenda de saneamento do Estado brasileiro.

O Banco Mundial nos presenteou neste final de ano com o relatório “Um Ajuste Justo”. Lá, ele nos mostrou, a partir de 2 anos de estudo das nossas contas públicas, que poderíamos manter o mesmo padrão de serviços públicos economizando cerca de 7% do PIB em 10 anos.

Em resumo, o Banco nos mostrou que o Brasil desperdiça 10% do PIB com benefícios setoriais e privilégios classistas, quase sempre regressivos. Será que o conjunto da sociedade brasileira estará disposta a enfrentar este debate? Será que o Brasil está pronto para discutir prioridades? 2018 será um ano um pouco melhor do que o triênio 2015 – 2017, mas isso não importa. O relevante para nós é se vamos ser capazes de reverter, de forma consistente e sustentável, uma das piores décadas em termos de desempenho econômico e político no Brasil. Isto só depende das nossas escolhas em 2018.

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