Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
31/07/2024 às 13h25min - Atualizada em 31/07/2024 às 13h25min

Número de pessoas diagnosticadas com hepatite B dobra em Uberlândia

Pacientes com 35 a 49 anos de idade são os mais afetados; médico alerta para diagnóstico e tratamento precoce

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Ambulatório Herbert de Souza oferece testes e tratamento para hepatites B e C em Uberlândia | Foto: Divulgação

No último ano, o número de casos de hepatite B dobrou em Uberlândia. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em 2023, a cidade registrou 26 notificações, enquanto em 2022, a doença afetou 13 pessoas. Até junho deste ano, seis casos foram notificados no município. 

Em relação a hepatite A, foram registrados dois casos em 2022, um em 2023 e, até o momento, nenhum em 2024. Quanto ao tipo C, foram 25 casos em 2022, 20 em 2023 e 11 em 2024. Em termos de óbitos, considerando todos os tipos, a cidade registrou três mortes em 2022, oito em 2023 e duas em 2024. 

Em entrevista ao Diário, o médico hepatologista Allan Rêgo explicou que as hepatites são uma inflamação do fígado causada por vírus. Conforme aponta o levantamento da SES-MG, a faixa etária mais afetada pela doença é de 35 a 49 anos. 

O especialista destacou que a vacina é a principal forma de prevenção para os tipos A e B. A vacinação contra a hepatite A é indicada para crianças de 15 meses a quatro anos. Já para a B, a imunização ocorre ao nascer, com reforços aos dois, quatro e seis meses. Para adultos que não foram vacinados na infância, são recomendadas três doses. 

Atualmente, não há vacina para a hepatite C e para preveni-la é fundamental evitar o compartilhamento de objetos que furam ou cortam, como agulhas, lâminas de barbear e alicates de unha. “Também é importante ter atenção ao local onde se faz tatuagens, tratamentos dentários e médicos”, orientou Allan.

SINTOMAS E TRANSMISSÃO
Ainda de acordo com o médico hepatologista, a hepatite A tem um curso autolimitado, o que significa que o organismo geralmente consegue eliminar o vírus após cerca de duas semanas da contaminação. Neste caso, o vírus é transmitido por meio de fezes contaminadas que entram em contato com água e alimentos. Quando uma pessoa consome esses alimentos ou água contaminados, pode contrair a doença.

Já as hepatites B e C têm a particularidade de se tornarem crônicas. “Nesses casos, o organismo não consegue eliminar os vírus. Eles permanecem no corpo e podem evoluir para cirrose e até ter relação com câncer de fígado”, explicou Allan Rêgo.

A hepatite B é transmitida principalmente por via sexual, mas também pode ocorrer no momento do parto, da mãe para o filho. Já o tipo C é transmitido principalmente por via sanguínea. “No passado, isso era comum em procedimentos como tatuagens, piercings e uso de materiais cirúrgicos ou de dentistas que não eram devidamente esterilizados”, destacou o especialista.

O diagnóstico das hepatites é feito por meio de sorologias, com exames de sangue específicos para cada vírus. “O tipo A geralmente manifesta sintomas como olhos amarelados, urina escura, náuseas, vômitos e dor abdominal. Já as hepatites B e C são, na maioria das vezes, assintomáticas”, afirmou.

Para a hepatite A, não há tratamento específico, sendo tratada como outras viroses, com hidratação, medicação sintomática e repouso. Nos casos de B e C, existem medicações específicas fornecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No caso da hepatite B, o tratamento é crônico e visa tornar o vírus inativo. Já para a hepatite C, o tratamento é finito, podendo eliminar o vírus em 3 a 6 meses.

AMBULATÓRIO HERBERT DE SOUZA
O Ambulatório Herbert de Souza oferece testes rápidos para as hepatites B e C, além de tratamento para as doenças, em Uberlândia. O ambulatório fica localizado na rua Avelino Jorge do Nascimento, nº 15, bairro Roosevelt.

Claudia Spirandelli, coordenadora do programa IST/Aids, destaca a importância da prevenção. “Durante todo o ano, realizamos orientações nas unidades de saúde e ações em empresas e universidades para ressaltar as formas de prevenção e as consequências da falta de cuidados”.

O diagnóstico precoce é fundamental para evitar a evolução das hepatites para condições mais graves, como cirrose e câncer de fígado. A realização de testes específicos é crucial para a detecção precoce e tratamento adequado das hepatites.

Julho foi adotado pelo Ministério da Saúde como o mês de conscientização e prevenção das hepatites virais, reforçando a importância das ações de vigilância e controle dessas doenças, sendo as principais causadoras de câncer no fígado. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece as hepatites virais como um desafio para a saúde pública global, apontando que 60% dos casos de câncer de fígado são causados pelos tipos B e C.


Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90