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13/11/2022 às 12h00min - Atualizada em 13/11/2022 às 12h00min

Rede pública municipal promove ações para incentivar diagnóstico do câncer de próstata

Levantamento do HC-UFU revela queda na procura por testagem da doença em 2022

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Câncer de próstata é o segundo tipo de neoplasia mais incidente entre homens | Foto: PMU/Divulgação
Novembro é marcado pela prevenção ao câncer de próstata, o segundo tipo de neoplasia mais incidente entre homens e o segundo mais letal, atrás apenas do tumor de pulmão, de acordo com o Ministério da Saúde. Em Uberlândia, somente no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mais de 12 mil exames para o diagnóstico da doença foram realizados nos últimos dois anos. Durante todo o mês, ações para incentivar o rastreamento do tumor estão ocorrendo nas unidades de saúde do Município. 

A busca pelo diagnóstico, segundo dados do HC, tem sido mais baixa em relação a 2021. Segundo o último levantamento, neste ano, 5.067 diagnósticos foram feitos na unidade. No ano passado, o índice foi de 7.078. A diferença é de aproximadamente 2 mil exames a menos, uma queda de 28%. 

De acordo com o médico oncologista Leonardo Santos Mundim, o câncer de próstata é uma doença que pode ser fatal. A fala do profissional é corroborada pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade, que aponta que entre 2019 e 2021, mais de 47 mil óbitos foram registrados no Brasil em razão desse tipo de câncer. Só no ano passado, foram 16.055 mortes, o que gira em torno de 44 óbitos por dia.

Segundo uma estimativa publicada em julho deste ano pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 65 mil casos de câncer de próstata foram registrados no Brasil em 2020. O número representa quase 30% de todos os tipos da doença contabilizados no país durante o período. Em 2022, são esperados mais 65.840 casos do mesmo tipo da neoplasia.

Dados do HC-UFU revelam que 174 pacientes com câncer de próstata foram atendidos na unidade em 2021. Neste ano, 114 pessoas diagnosticadas com a doença passaram pelo local. O número, segundo o especialista ouvido pelo Diário, pode ser ainda maior, já que a enfermidade pode ser silenciosa no início.

“Habitualmente, o câncer de próstata é uma doença que não produz tantos sintomas no início. Conforme ela vai se desenvolvendo, o paciente começa a ter urina presa, sangue na urina e dor ao tentar iniciar o jato urinário. Alguns pacientes começam a manifestar os sintomas em um quadro mais avançado, daí a importância de ter um acompanhamento médico”, orienta o médico Leonardo Mundim.

O oncologista do Hospital do Câncer lembra que o diagnóstico se dá por uma biópsia guiada por ultrassom ou ressonância. Para isso, a indicação é procurar preferencialmente por um urologista, que vai avaliar o paciente e fazer o acompanhamento caso o diagnóstico seja positivo. 

No HC-UFU, o exame mais comum para o rastreamento da neoplasia é o Antígeno Prostático Específico (PSA) Total. Em 2021, 4.898 pacientes realizaram esse tipo de teste. Em 2022, 3.696 homens passaram pelo procedimento. O PSA Livre é o segundo mais utilizado, com 2.313 exames realizados nos dois anos.

Outro exame feito pela unidade de saúde é a biópsia de próstata, que contabiliza 110 procedimentos entre 2021 e 2022 e a ultrassonografia de próstata via transretal, que teve 136 pacientes testados. A ultrassonografia via abdominal contabiliza 992 exames desde janeiro de 2021. No total, 12.145 exames foram feitos nos dois anos.

PREDISPOSIÇÃO
O médico Leonardo Santos Mundim lembra ainda que homens que possuem algum familiar de primeiro grau acometidos pela doença possuem risco mais elevado de desenvolverem a neoplasia. O caso é tratado como predisposição genética e também acontece com outros tipos de câncer.

Outro fator que contribui para o desenvolvimento do câncer de próstata é a idade. De acordo com o oncologista, à medida que o paciente envelhece, maiores são as chances de ter a enfermidade. Apesar disso, o especialista disse que há muitos casos de pessoas jovens, entre 40 e 50 anos, que acabam sendo diagnosticadas após os exames.

Mesmo não sendo possível mudar a herança genética ou a idade, Mundim afirmou que é possível diminuir os riscos de desenvolver o câncer de próstata. Segundo ele, ter hábitos saudáveis contribui diretamente com maior qualidade de vida também com relação a outras doenças.

“A obesidade está relacionada como um fator de risco do câncer de próstata. É muito importante que a pessoa tenha hábitos saudáveis e evite o sedentarismo, se mantenha sempre ativa e com hábitos alimentares saudáveis. Pessoas que têm contato diário com o composto hidrocarboneto também precisam tomar cuidado”, detalhou Mundim.

TRATAMENTO
O câncer de próstata é considerado uma doença heterogênea. Por vezes, a enfermidade permanece confinada na próstata por anos sem produzir grandes transtornos. Já em outros casos, a doença é mais agressiva e acomete outros órgãos. Neste caso, o tumor coloca em risco a vida do paciente.

O tratamento é feito de forma multimodal. O paciente pode passar pela cirurgia de prostatectomia, quando ocorre a remoção de parte ou de toda a próstata. Há também a possibilidade da hormônio-terapia, que busca diminuir os níveis de hormônio do paciente, reduzindo os níveis de testosterona no organismo, que está diretamente ligado ao desenvolvimento do câncer de próstata.


A radioterapia também pode ser indicada em alguns casos, e nos mais avançados a quimioterapia é a saída para eliminar a neoplasia do corpo. “Se eu diagnosticar um tumor confinado ainda na próstata, a possibilidade de cura é muito maior. Se o tumor já tiver acometido o osso ou outros órgãos, o tratamento é para controlar a doença”, explicou o médico.

REDE PÚBLICA
Para incentivar o diagnóstico precoce da doença, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) divulgou uma programação que ocorre durante todo o mês. A campanha enfatiza, além da prevenção e combate ao câncer de próstata, a saúde masculina em sua totalidade. 

As ações estão sendo realizadas em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS e UBSF) do município. Segundo a coordenadora do Núcleo de Atenção Primária à Saúde, Karina Kelly de Oliveira, a campanha Novembro Azul traz mais visibilidade e informações sobre a importância dos homens se atentarem para a própria saúde.

“A boa saúde exige, além de hábitos saudáveis, orientações seguras. Já na sala de espera, o paciente terá acesso às informações enquanto aguarda o atendimento. Com os profissionais de saúde, o paciente será conscientizado sobre as doenças, sintomas e prevenção, além de realizar os exames, caso pertinente. Ao longo do mês, haverá também inúmeras outras atividades nas unidades referentes ao Novembro Azul, portanto, contamos com o apoio das famílias para que estimulem os parentes, os amigos e conhecidos sobre a campanha e a prevenção, evitando problemas maiores futuramente”, disse.

A campanha “Novembro Azul” foi criada para promover a conscientização da neoplasia, buscando alertar os homens sobre a importância e a seriedade da doença. O movimento surgiu em 2003, sendo que o mês de novembro foi escolhido por causa do dia 17, quando é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

 AÇÕES NAS UBS E UBSF
- Realização de teste rápido IST pela enfermagem;
- Avaliação lesão de boca pela odontologia;
- Aferição de pressão arterial e teste de glicemia capilar, buscando o registro correto e identificação da comorbidade;
- Abordagem pela nutricionista em relação a alimentação saudável e nutrientes que contribuem para prevenção do câncer, com temas voltados os indicadores da POEPS (alimentação saudável, saúde reprodutiva, cidadania e direitos humanos, saúde do trabalhador, prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas e plantas medicinais/fitoterapia);
- Atividade laboral conduzida por profissional de Educação Física e Fisioterapeuta e orientação de ergonomia;
- Abordagem importância do sono e lixo emocional conduzida por psicólogo;
- Informação sobre direito do homem: planejamento familiar, licença paternidade, aposentadoria conduzido pelo profissional do Serviço Social
- Explanações sobre a importância da prevenção que facilita a luta pela cura, mostrando a necessidade do diagnóstico precoce e exames sem tabus
- Agendamento de consultas com os colaboradores das unidades


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