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22/07/2022 às 11h30min - Atualizada em 22/07/2022 às 11h30min

Homem que matou a esposa na frente do filho em Uberlândia é indiciado por feminicídio qualificado

Polícia Civil concluiu o inquérito da investigação do assassinato de Wellen Kassia Cardoso de Melo (34 anos), morta com cinco facadas no início do mês

REDAÇÃO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Diego Mendes Pireth aparece em foto nas redes sociais com a vítima, Wellen Kassia Cardoso de Melo I Foto: REPRODUÇÃO/FACEBOOK
A Polícia Civil informou nesta sexta (22) que concluiu o inquérito da investigação do assassinato de Wellen Kassia Cardoso de Melo (34 anos), morta com cinco facadas pelo marido no dia 12 de julho, em Uberlândia. O autor do crime, Diego Mendes Pireth, de 37 anos, foi indiciado por feminicídio qualificado por motivo fútil, considerando a impossibilidade de defesa da vítima. Se condenado, Mendes pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.  
 
Ainda de acordo com as investigações, também ficou comprovado que o filho do casal, de apenas 8 anos, realmente presenciou o crime, ocorrido em um apartamento no bairro Brasil. Segundo o comunicado, o menor foi encaminhado ao Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde foi avaliado por um corpo clínico de psicólogas especializadas que emitiram o parecer que concluiu que a criança assistiu ao pai esfaqueando e matando a mãe. Segundo a Polícia Civil, este fato torna o crime mais grave, com possibilidade de aumento da pena.
 
Diego Mendes Pireth está detido em uma cela individual do Presídio Professor Jacy de Assis desde o dia 13 de julho. A informação foi confirmada ao Diário pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) que, por meio de nota, disse que o homem foi isolado em razão da repercussão do caso.


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RELEMBRE O CASO
O crime de feminicídio ocorreu na noite de terça (12 de julho), quando Wellen Kassia Cardoso de Melo, de 34 anos, foi esfaqueada cinco vezes na região do pescoço.
 
A irmã de Diego Pireth relatou aos militares que ele a procurou por volta das 19h40 em um veículo, acompanhado do filho, no bairro Monte Hebron. O autor entregou a criança a ela e disse: “cuida dele pra mim que vou fugir”. Segundo a testemunha, o suspeito tinha marcas de sangue nas roupas e saiu logo em seguida.
 
A cunhada da vítima contou aos militares que acionou os pais do casal, relatando a situação e que, logo depois, se deslocou até o endereço de Wellen Kassia. O apartamento estava trancado e foi necessária a intervenção de um chaveiro para abrir a porta. A mulher foi encontrada caída ao chão ensanguentada. Segundo o boletim de ocorrência, havia pegadas em meio ao sangue, um chinelo infantil e uma faca, de aproximadamente 24 cm, próxima à cabeça da vítima.
 
Segundo a PM, imagens de câmeras de segurança do condomínio revelaram que o casal chegou ao prédio por volta das 16h. Uma moradora vizinha disse ter ouvido gritos da criança dizendo "para pai, para", mas que logo em seguida não ouviu mais nada. O suspeito e a criança, de acordo com as imagens, deixam o prédio por volta das 19h. O autor foi flagrado carregando uma mala de mão e uma mochila nas costas, entrando em um veículo.
 
A mãe de Diego também foi ouvida pelos policiais militares e disse que naquele mesmo dia, o casal tinha ido até a residência dela, onde almoçaram. Por motivos fúteis, segundo a sogra da vítima, os dois teriam iniciado uma discussão e ido embora.
 
Após o flagrante, os policiais iniciaram rastreamento e Diego foi encontrado na cidade de Cachoeira Alta, no estado de Goiás. O autor foi preso em flagrante e encaminhado para Uberlândia.
 
SEQUESTRO
Ainda de acordo com a PM, os crimes de Diego começaram ainda em 2013, quando o autor passou a agredir e ameaçar Wellen. Em 2020, o acusado sequestrou a mulher e o filho com a ajuda de quatro comparsas.
 
"A esposa, cansada da situação, se separou dele em 2020 e em maio, ele sequestrou a ex-esposa e o filho e os manteve em cárcere privado durante 30 horas. Ele cumpriu um ano e cinco meses de prisão e estava solto há três meses. A vítima deu uma segunda chance a ele, e ele retornou para o convívio familiar", disse o Tenente Bispo, da Polícia Militar de Uberlândia.
 
O crime registrado em 15 de maio de 2020 aconteceu por motivo passional. Os criminosos quebraram a porta da sala da casa e amarraram a mãe e a filha de Wellen, apontando as armas em direção às cabeças. Diego encontrou a vítima e a arrastou para fora da residência, juntamente com o filho do casal. Uma testemunha afirmou que o homem gritava o tempo todo para que a mulher reatasse o relacionamento com ele.
 
Após uma operação realizada para localizar o criminoso e as vítimas, os militares conseguiram prender Diego Pireth e resgatar Wellen e o filho. Em junho de 2020, o criminoso foi indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) pelos crimes de ameaça, sequestro, violência doméstica e descumprimento de medida protetiva.
 
SEPARAÇÃO
De acordo com a delegada Lia Valechi, da Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher, o casal havia se separado um mês e meio antes de o sequestro acontecer. Wellen chegou a fazer um Boletim de Ocorrência (BO) e conseguiu na Justiça uma medida protetiva contra o homem que a perseguia e a ameaçava para que o casamento fosse retomado. "Ela solicitou duas medidas protetivas no mesmo dia. Uma para ela e uma para a mãe dela, que também foi perseguida pelo autor", disse a delegada.
 
Ainda segundo Valechi, Diego Pireth, que cumpria pena por sequestro e cárcere privado contra a vítima e o filho, foi solto no dia 9 de abril deste ano. Por meio das redes sociais, a delegada lamentou o fato e disse que Wellen se reconciliou com o homem e em seguida abriu mão da medida protetiva que havia solicitado em 2020.
 
O Diário de Uberlândia fez contato com a defesa de Diego Pireth e aguarda retorno.

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