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16/07/2022 às 13h00min - Atualizada em 16/07/2022 às 13h00min

Uberlândia registra média de quatro denúncias por dia de maus-tratos a animais

Em nove meses, IML Animal da UFU, recebeu 10 animais mortos por envenenamento nas rodovias da região; cães, onças, jaguatiricas e tamanduás estão entre as vítimas

SÍLVIO AZEVEDO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Cães estão entre as vítimas atendidas e resgatadas I Foto: ALEXANDRE SANTOS/UFU
Uberlândia registra, em média, quatro chamados referentes a denúncias de maus-tratos a animais por dia. Os dados são da Policial Militar de Meio Ambiente (PMMA), que atende as ocorrências através do 190, ou via 181, canal utilizado para denúncias anônimas. Segundo informações Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), somente no primeiro semestre deste ano, quase 20 ocorrências foram contabilizadas pelos órgãos de atendimento à população.
 
Os registros são contabilizadas não apenas no perímetro urbano, mas também nas rodovias da região. Para se ter uma ideia, nos últimos nove meses, o Instituto Médico Legal (IML) do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (HV-UFU) recebeu a carcaça de 10 animais que tiveram morte constatada por envenenamento nas estradas. Entre as espécies, estão três onças, duas jaguatiricas, dois cães e três tamanduás.
 
De acordo com o IML do HV-UFU, a suspeita é que, entre os casos confirmados, os cães tenham sido envenenados por humanos por chumbinho, as onças e jaguatiricas por derivados de cumarínicos (raticidas), e os tamanduás por organofosforados, normalmente utilizados em agrotóxicos.
 
“A gente recebe a carcaça, faz a avaliação nela. Se houver algum achado que suspeite que seja um caso de envenenamento, coletamos o material biológico e encaminhamos para o laboratório de toxicologia, em Porto Alegre (RS). Eles fizeram a cromatografia em camada líquida, que detecta a presença, ou não, da substância química”, explicou o coordenador do IML Animal, Márcio Bandarra.
 
Os cães chegaram ao IML Animal através da Polícia Civil, uma onça pela Polícia Militar do Meio Ambiente, os demais felinos pela ECO050, concessionária que administra a BR-050, e os tamanduás pela ONG TamanduASAS. O coordenador do IML Animal reforça que o papel do órgão é tentar chegar a uma causa da morte, mas que a responsabilidade de identificar a autoria e a intencionalidade é das autoridades.
 
“Nosso papel é identificar e tentar chegar em um nexo causal. Os cães, com o chumbinho, está claro que o humano faz isso com os animais. Mas, quem decide se foi intencional ou não são as autoridades. Os felinos podem ter sido vítimas da ação humana, ou ter entrado em contato com o veneno através de roedores, porém, apenas uma jaguatirica possuía restos mortais de roedores no estomago”, explicou.


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Dos animais encaminhados ao IML Animal, os laudos dos cães já foram entregues à Polícia Civil para dar andamento na ocorrência. Os demais estão em processo de elaboração. A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil para saber sobre o andamento das investigações, mas, até o fechamento da reportagem, não obteve retorno.
 
IML ANIMAL
Em abril deste ano, foi oficializado um acordo de cooperação entre a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com o Governo de Minas para a elaboração de laudos em animais que foram resgatados, com ou sem vida, nas rodovias que cortam Uberlândia. Com a novidade, o município passou a contar com
o segundo Instituto Médico Legal (IML) do país e o primeiro a atender, além dos animais domesticáveis, também espécies silvestres.
 
O acordo foi publicado no Diário Oficial do Governo de Minas em 6 de abril e tem validade de dois anos. A parceria tem possibilitado que a Polícia Civil utilize o IML Animal, que está inserido no Hospital Veterinário da UFU, para realização de exames de corpo delito, necropsia, identificação de carcaça e ossada, entre outras ações. A implantação do IML Animal na UFU foi uma iniciativa do professor e responsável pelo setor de animais silvestres no Hospital Veterinário, Márcio Bandarra.
 
RODOVIAS
De acordo com a Eco050, que administra 436,6 km de concessão da BR-050, entre Delta (MG) e Cristalina (GO), o número de animais resgatados, ou afugentados, aumentou 24,5% entre 2020 e 2021, passando de 1.867 para 2.325. Em 2022, foram 364 ocorrências até abril. Os números foram contabilizados e divulgados pelo Diário
em uma matéria publicada neste ano.
 
Segundo o levantamento, o número de animais mortos recolhidos diminuiu, passando de 2.032 em 2020 para 1.996, em 2021. Esse ano, já foram encontradas 289 carcaças. Os números são de ocorrências com animais domésticos e silvestres, após acionamentos via 0800 940 0700 ou originadas do videomonitoramento realizado pelo Centro de Controle de Operações (CCO) da Eco050.
 
CRIME
De acordo com o tenente da Policial Militar de Meio Ambiente, Diego Jorge de Oliveira, a PMMA tem verificado as denúncias de maus-tratos que chegam ao órgão. “O pessoal tem ligado no 190, que é emergência, quando acaba de acontecer, a militar desloca e verifica. Primeiro faz um análise do animal, se tem indício de envenenamento e leva para a UFU fazer uma análise mais apurada, inclusive, elaborar um laudo. Em cima disso, a gente adota as providências criminais. E em seguida, a administrativa também”, explicou.
 
Para casos de maus-tratos de animais silvestres, é realizado um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) no local, e, quando há envolvimento de cães e gatos, já que há uma legislação diferente, o envolvido é encaminhado para a delegacia. Em ambas as circunstâncias, segundo o Tenente Diego, é aplicada uma multa com valor a partir de R$ 2 mil, mas que pode variar pela quantidade de animais envolvidos.
 
“Muitas vezes a pessoa denuncia os maus-tratos e vamos ao local verificar o estado do animal, se está ferido, se falta alimentação, se está doente. Mas, essa análise posterior para identificar o envenenamento é importante demais”, destacou.
 
O oficial reforça que é importante realizar as denúncias e, sempre, observar características que possam ajudar a identificar os acusados. “Deparou com a situação, 190 que é a emergência e, que é passado para nós. Caso não queira se identificar, no 181, que é de denúncia anônima. Importante colher informações como placa de veículos, característica das pessoas”.

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