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08/07/2022 às 10h20min - Atualizada em 08/07/2022 às 10h20min

COVID: casos em 2022 superam todo o ano de 2021 em Uberlândia; mortes reduzem quase 90%

Cidade registrou mais de 87 mil notificações até quinta (7); segundo especialistas, variante ômicron está associada ao aumento

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Apesar do alto índice de contaminações, mortes reduziram quase 90% I Foto: GOVERNO DE SÃO PAULO
Com pouco mais de 87 mil casos positivos, Uberlândia superou, em apenas sete meses de 2022, o total de notificações positivas de covid-19 de todo o ano de 2021. O levantamento feito pelo Diário, com base nos dados disponibilizados pelos boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), mostra ainda que, apesar do aumento da contaminação, houve uma diminuição de 89% no número de óbitos, na comparação entre janeiro e julho dos dois anos.
 
De acordo com os dados, de janeiro a dezembro de 2021, foram registrados 86.623 diagnósticos positivos na cidade. A marca foi superada nesta quinta (7), quando a cidade ultrapassou 87.071 infecções somente neste ano. Mesmo com o crescimento das infecções, houve diminuição das mortes. Segundo o levantamento, entre janeiro e julho de 2021, Uberlândia contabilizou 2.023 óbitos pela doença. Neste ano, na comparação com o mesmo período, foram 210 vítimas, o que representa uma queda de quase 90%.
 
Na visão do infectologista Marcelo Simão, o aumento no número de casos se deve à flexibilização de restrições contra o coronavírus na cidade. Ele explica que com a retomada das atividades presenciais e o avanço da vacinação, ver uma pessoa utilizando máscara de proteção em ambientes fechados tem se tornado algo incomum.
 
Isso ocorre, segundo o médico, porque uma parcela da população uberlandense deixou de se preocupar com a covid-19, já que a maioria das pessoas vacinadas apresentam sintomas leves quando são contaminadas. “Você vai ao shopping ou ao mercado e a maioria das pessoas não usa mais máscara, mas a pandemia ainda não acabou”, alertou o especialista.
 
De acordo com Simão, a variante ômicron também é uma das responsáveis pelo crescimento de notificações não apenas em Uberlândia, mas em todo o mundo. Um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado no mês passado identificou subvariantes mais transmissíveis da variante, nas linhagens BA.4, BA.5 e BA.2.12.1.


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Conforme apontado no estudo, a variante BA.1 foi a responsável pelo surto de covid no país ocorrido em janeiro deste ano, quando Uberlândia registrou 47.713 casos da doença, mais da metade das notificações de todo o ano de 2022 até o momento. “A variante ômicron é extremamente transmissível. Alguns estudos apontam que uma pessoa contaminada com ela pode transmitir a doença para até 15 pessoas”, explicou o médico.
 
Apesar da maior transmissibilidade da variante, Marcelo Simão afirma que as doses de reforço têm refletido fortemente nos quadros leves dos pacientes. Segundo o último boletim da SMS, divulgado nesta quinta (7), Uberlândia possuía 74 pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 22 em leitos de enfermaria, totalizando 52 pessoas hospitalizadas com algum sintoma da covid.
 
“Cerca de 98% dos casos atuais são leves. Temos visto cada vez menos pessoas jovens internadas. Sem dúvida, é um cenário muito diferente em relação ao ano passado. A maioria dos óbitos acontece entre pessoas idosas, com muitas comorbidades. Essas pessoas são muito vulneráveis a qualquer vírus e acaba sendo um fator complicador nesses casos”, disse.
 
SUBNOTIFICAÇÃO
Professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Thulio Marquez Cunha acredita que o número de casos de covid-19 em Uberlândia no ano de 2022 é ainda maior. Em conversa com o Diário, o médico disse que com a chegada do inverno, o índice de infecções virais tende a aumentar. Segundo ele, tem sido difícil distinguir uma infecção pelo SarsCov2 de uma gripe, por exemplo.
 
Além disso, a comercialização de autotestes nas farmácias faz com que o total de casos divulgados nos boletins epidemiológicos não sejam 100% fieis à realidade, uma vez que eles não entram na contagem oficial de notificações.
 
“Os casos de 2022 são subestimados, mas o índice pode ser explicado pela flexibilização das medidas de restrição, à variante ômicron e, durante essa época, por causa do inverno. Felizmente, a maioria dos quadros são leves. Os casos de internação geralmente acontecem em pessoas não vacinadas, ou em pessoas com muitas doenças graves”, detalhou.
 
Segundo Cunha, a vacinação continua sendo a arma mais importante contra a covid-19. Mesmo com quadros mais brandos da doença, o infectologista alerta sobre a necessidade de isolamento em caso de sintomas, bem como o uso de máscara de proteção e o repouso dentro de casa.
 
“A vacinação é muito importante porque reduz a transmissão, reduz a chance de a pessoa ficar doente e a gravidade do caso. A vacina é o motivo pelo qual desde janeiro estamos em uma situação tranquila com relação à mortalidade e internações. A vacina é o único caminho para que essa pandemia se torne uma infecção viral”, disse o especialista em saúde.
 
CRIANÇAS
Ainda de acordo com Thulio Marquez Cunha, os pais de crianças e adolescentes devem seguir tomando cuidados com os filhos durante a pandemia da covid-19. Com a volta das creches e das escolas, o infectologista conta que é comum que os pequenos cheguem em casa com alguma infecção viral, especialmente no inverno.
 
Conforme dito pelo infectologista, os Estados Unidos deram início à vacinação contra a doença em crianças com menos de cinco anos no último mês. De acordo com ele, a chegada da imunização a este público é fundamental para reduzir as chances de evolução da enfermidade nos pequenos.
 
Segundo análise do Observatório de Saúde na Infância, a covid-19 matou duas crianças menores de 5 anos de idade por dia no Brasil, desde o início da pandemia. No total, 599 crianças nessa faixa etária morreram pela doença em 2020 e 840 em 2021. Entre janeiro e 13 de junho de 2022, o país registrou 291 óbitos deste público.
 
“Os pais precisam estar muito alertas, porque temos um grande contingente de crianças que socializam muito, se abraçam, se beijam. É possível que a vacinação de crianças menores de 5 anos entre no Programa Nacional de Imunização (PNI). Se lançar a vacina, se ela for segura, tem que vacinar”, disse.
 
LIVRE DEMANDA
A Prefeitura de Uberlândia aderiu ao esquema de livre demanda na vacinação contra a covid-19. Dessa forma, quem estiver apto deve procurar uma das salas de vacinação pela cidade. O Município lembra que as doses estão sujeitas à disponibilidade.
 
Para que a população possa verificar de forma fácil se está no intervalo preconizado entre as doses, Uberlândia elaborou um sistema online de checagem que indicará se o interessado está apto ou não a procurar uma das unidades de saúde. Pela ferramenta, que pode ser acessada no Portal da Prefeitura, basta que o cidadão digite os dados solicitados e o sistema prontamente fará a indicação de aptidão ou não.

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