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07/06/2022 às 11h30min - Atualizada em 07/06/2022 às 11h30min

“Foi um milagre”: mãe comemora alta do menino Gabriel, que venceu a hepatite aguda em Uberlândia

Garoto de apenas três anos ficou internado por duas semanas; pediatra ouvida pelo Diário orienta sobre como identificar sintomas

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
“Foram os dias mais desesperadores da minha vida e de minha família. Foi muito agoniante e uma situação muito ruim, mas graças a Deus ele está bem”. O relato emocionado é da empreendedora Franciele Maciel, mãe do garoto Gabriel, de apenas três anos, que após duas semanas de internação, venceu a hepatite aguda e recebeu alta em Uberlândia.
 
O menino começou a passar mal no dia 19 de maio. A mãe contou ao Diário que reparou que o filho sempre vomitava após a mamada, o que levou uma médica a acreditar que o pequeno estava com intolerância à lactose. Mesmo após a retirada do leite, a criança continuou com o sintoma.
 
Passados alguns dias, a empreendedora afirmou que Gabriel apresentou os olhos amarelados (icterícia), ficando ainda mais visível com o decorrer da semana. De imediato, Franciele levou a criança até um hospital particular de Uberlândia, onde foi informada de que o filho precisaria ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica, com a possibilidade de fazer um transplante de fígado.
 
Gabriel chegou a ser transferido para o Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Lá, o garoto apresentou melhoras durante o tratamento e foi liberado pela equipe médica da unidade sem a necessidade da cirurgia. Segundo Franciele Maciel, a causa da doença no filho ainda é incerta.



“O diagnóstico do hospital de Uberlândia ainda não foi fechado, e no hospital da USP constataram que era uma hepatite. O problema é que não sabem o motivo da hepatite, se foi algum medicamento, alguma doença autoimune. O Gabriel ainda está passando por alguns exames de sorologia que podem mostrar a causa nos próximos dias”, relatou.
 
Durante relato, Franciele mostrou alívio após a alta do filho na última quinta-feira (2). A família já está de volta a Uberlândia e tem seguido a vida após o susto da enfermidade que acometeu Gabriel. De acordo com a empresária, a possibilidade de diagnóstico da hepatite misteriosa deixou todos aflitos e muito preocupados nos últimos dias.
 
“Eu assisti a uma reportagem que falava sobre a hepatite misteriosa e fiquei alerta. Minha família toda foi ao hospital com muito medo, por conta de não sabermos sobre a doença, o risco de precisar fazer um transplante. Não sabíamos o que ia acontecer, é uma doença nova que nós nem sabemos quais os medicamentos precisam ser aplicados. Ele não podia tomar outros medicamentos porque afetava ainda mais o fígado”, disse.
 
De volta à rotina, Franciele Maciel espera que o filho, que completa quatro anos no próximo mês, volte a fazer o que uma criança precisa: brincar e ser feliz. “Foi um milagre. Deus foi maravilhoso na vida do Gabriel. Agora a família precisa se recuperar e o Gabriel também. Foi muito difícil para ele. Num dia, ele estava brincando e no outro estava em uma UTI”, contou.
 
HEPATITE MISTERIOSA
No fim de maio, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que dois casos suspeitos de hepatite aguda estão sob investigação em Uberlândia. Ainda de origem desconhecida, a nova doença já tem mais de 600 notificações confirmadas e nove mortes em todo o mundo, acendendo o alerta de especialistas da área.


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Em entrevista ao Diário, a infectologista Silvia Nunes Szente Fonseca pediu cuidado aos casos suspeitos em que o agente infeccioso não é confirmado, como no caso de Gabriel, e explicou que muitas notificações chamam a atenção pela gravidade dos sintomas, incomuns em casos de hepatite A, B ou C.
 
“Muitas crianças apresentaram essa hepatite, mas constataram que não era a hepatite A, B ou C. O que chama a atenção é que 75% dos casos são em crianças com menos de cinco anos, e algumas ficaram internadas, o que não é comum na hepatite. Algumas tiveram um caso muito grave e foram para a UTI e 10% precisaram de transplante hepático. É uma hepatite relativamente grave e não é causada por nenhum dos agentes que a gente sabe que causa os outros tipos da doença”, detalhou.
 
Ainda de acordo com a infectologista, a principal preocupação das autoridades de saúde é identificar o agente infeccioso da hepatite aguda, já que isso pode facilitar o tratamento e ações de combate na transmissão da doença. Segundo a especialista, é importante que os pais fiquem atentos e levem os filhos ao médico ao notar os primeiros sintomas da enfermidade.
 
“Se uma criança ou até mesmo um adulto ficar com o branco dos olhos amarelados, começar a ter fezes esbranquiçadas, urina escura e dor abdominal, tem que ir ao médico. Só ele pode fazer o diagnóstico de hepatite. Se não for um dos vírus já conhecidos, pode ser que seja a chamada hepatite misteriosa”, disse a pediatra.
 
A SMS ainda investiga o caso de um bebê de quatro meses de idade que deu entrada em um hospital de Uberlândia com suspeita da doença. 

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