A alta generalizada dos preços dos alimentos tem obrigado consumidores a substituírem itens do cardápio para tentar economizar. Em Uberlândia, feirantes e redes de supermercado têm notado o aumento do consumo do ovo, por exemplo, que passou a ser mais procurado a partir da escalada de preços da carne. O problema é que este item também tem sofrido reajustes constantes e já começou a impactar no bolso das famílias. Um levantamento da Central de Abastecimento (Ceasa) de Uberlândia mostrou que o preço do ovo subiu quase 30% nos últimos dois anos.
De acordo com os dados da Ceasa, em maio de 2020, uma caixa com 30 dúzias de ovos brancos custava R$ 140, enquanto a mesma quantidade de ovos vermelhos podia ser adquirida por R$ 160. No mesmo período de 2021, os itens poderiam ser comprados, respectivamente, por R$ 155 e R$ 175, o que representa um aumento de até 12%.
Em levantamento feito pela produção do Diário nesta segunda (16) confirmou que os valores continuam subindo. A mesma caixa de ovos brancos agora é encontrada por R$ 178 e os vermelhos por R$ 208. Em comparação com o ano passado, os preços praticados em 2022 aumentaram, em média, 16,8%. O número é ainda maior no recorte de dois anos, resultando em uma alta média de 28,5% de 2020 para cá.
Segundo o feirante José Olímpio, a procura pelo alimento cresceu consideravelmente nos últimos meses. Mesmo com a alta dos preços, comprar uma cartela com 30 ovos por cerca de R$ 20 ainda sai bem mais em conta do que comprar carne, na visão do uberlandense.
Ainda de acordo com o feirante, os comerciantes sentiram um crescimento exacerbado durante o período da quaresma, período em que a cartela de ovo tradicionalmente fica mais cara. Entretanto, o valor do alimento não diminuiu neste mês, impactado pela inflação e as dificuldades impostas pela guerra na Ucrânia.
“Nós estamos notando mais procura pelo ovo porque a carne está bem cara. É triste, porque muitas pessoas estão sem condições de comprar carne, mas o ovo é um alimento de ponta. A pessoa pode comer no café da manhã, fazer uma omelete, é um alimento bem completo. A nossa venda não caiu, muito pelo contrário”, disse José Olímpio.
NOVO REAJUSTE
A chegada do inverno e as baixas temperaturas devem causar um novo reajuste no preço do ovo nos próximos meses. É o que aponta o gerente da rede de supermercados D’Ville, Cleivon Guerra. Em entrevista ao Diário, o profissional disse que a alta do produto não afetou a procura do consumidor.
“O consumo do ovo subiu entre 20% e 25% no supermercado. Não sabemos o que vem pela frente. O consumidor está perdendo poder aquisitivo a cada dia que passa. Está complicado de termos uma melhora nesse sentido, a gente espera que os preços se estabilizem”, disse.
A demanda citada pelo gerente segue a tendência do levantamento feito pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que informou que a produção de ovos bateu recorde no Brasil em 2021. Ao todo, foram 54 bilhões de ovos produzidos em território nacional, sendo que 99,5% da produção é destinada ao mercado local. Ainda segundo a Associação, o consumo do produto per capita por habitante em 2021 foi de 257.
Na visão do gerente do D’Ville, a demanda pelos ovos cresceu também devido ao aumento do preço da carne. Segundo o Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), a média do valor praticado de 6kg do alimento atualmente é de R$ 240,60.
O índice é 37% maior do que em 2020, quando o preço médio registrado foi de R$ 174,71. Em comparação a 2021, a taxa já aumentou quase 5%. “O preço da carne subiu demais, e isso aumentou muito o consumo do ovo, porque é mais barato e mais flexível”, avaliou Cleivon Guerra.
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