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14/05/2022 às 13h00min - Atualizada em 14/05/2022 às 13h00min

Novo reajuste do diesel pode elevar preço dos hortifrútis em Uberlândia

Petrobras aumentou valor do combustível em 8,87% nesta semana

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Produtores rurais têm enfrentado dificuldades na produção, segundo assessor da Ceasa | Foto: Pixabay
Na última terça (10), a Petrobras anunciou um novo reajuste de 8,87% do diesel para as distribuidoras. Com a adequação, o preço do litro do combustível aumentou R$ 0,40, passando de R$ 4,51 para R$ 4,91. Segundo o assistente técnico da Central de Abastecimento (Ceasa), Expedito Antônio Silva, o aumento pode impactar na elevação dos hortifrútis em Uberlândia.

Em conversa com produtores rurais, Silva afirmou que os preços de frutas, verduras e legumes aumentaram entre 25% a 30% devido exclusivamente aos reajustes dos combustíveis nos últimos dois anos. Além de impactar o frete dos produtos, o assistente da Ceasa conta que o diesel é a principal substância utilizada nos maquinários agrícolas, o que afeta diretamente a produção alimentícia.

O sistema de levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta que o preço médio atual do diesel em Uberlândia é de R$ 6,58. O valor é 45% superior ao valor encontrado em maio de 2021, que era de R$ 4,55. A comparação fica ainda maior com relação a maio de 2020, com aumento de 114%. À época, o combustível era comercializado a R$ 3,07.

“Como a produção fica afetada, a oferta muitas vezes fica comprometida, o que acaba aumentando um pouco os preços. Mesmo com o aumento do diesel, os produtores rurais não têm conseguido repassar tudo o que deveriam. As hortifrútis são perecíveis e dependem da oferta e demanda, eles têm que acompanhar a tendência do mercado”, explicou.

Ainda de acordo com o assistente técnico da Ceasa, os fatores climáticos também contribuíram para o aumento nos preços dos alimentos nos últimos tempos. “Tivemos um excesso de chuva nesse ano que atrapalhou a condução das lavouras, reduzindo a qualidade da colheita. A chuva dificulta muito o combate às pragas e isso também representa uma porcentagem do aumento dos valores desses produtos”, informou.

Mesmo com o aumento do preço do diesel, Expedito explica que os próximos quatro meses são propícios para a produção de hortifrútis, o que pode resultar em uma queda nos preços dos alimentos, ainda que seja algo imprevisível para o mercado, em decorrência da inflação e da guerra na Ucrânia, país responsável pela produção de defensivos agrícolas.

“De maio até setembro é um período que tem pouca chuva. Isso vai aumentar a produção e pode influenciar na queda de alguns dos nossos produtos. Sem a chuva, melhora a qualidade e a colheita. Temos a expectativa de que muitos produtores aumentem a área plantada. Eu acredito que deve seguir a mesma tendência de anos anteriores, mas pode ser que isso não ocorra pela baixa distribuição dos defensivos agrícolas”, explicou o funcionário da Ceasa.

INSUMO BÁSICO
Na visão do economista Fábio Terra, o novo reajuste do diesel vai impactar diretamente a cadeia produtiva no Brasil. Ele explica que o combustível é um insumo básico de produção e, dessa maneira, os custos para se produzir alimentos ou quaisquer outros produtos sofrem aumentos, resultando em um maior preço para o consumidor final.

Segundo o especialista, a adequação da Petrobras segue o Preço de Paridade Internacional (PPI), a política de preços implementada em 2016 pelo então presidente Michel Temer. De acordo com Terra, o preço do petróleo praticado no Brasil acompanha o movimento internacional, que tem sofrido altas devido à guerra e os contínuos lockdowns em Xangai, na China.

“Esses fatores têm acarretado atrasos e dificuldades de distribuições marítimas no mundo todo. A política de preços atual olha apenas para a empresa, sobretudo para os seus acionistas. Estamos falando de uma matriz básica do país. O petróleo é um produto importante que não pode seguir meramente os interesses da empresa. Ele precisa ser enxergado como um interesse público”, disse.

O especialista ouvido pelo Diário afirma também que, no momento atual, o balanço global do diesel está impactado pela redução da oferta frente à demanda. Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras. Sendo assim, o desequilíbrio resultou na elevação dos preços em todo o mundo, com a valorização do combustível muito acima da valorização do petróleo.

Conforme o economista, embora o Governo Federal seja detentor de 38% das ações da Petrobras, uma política de subsídio poderia reduzir o preço dos combustíveis e elevar a cadeia produtiva no país. “É necessário que o petróleo seja visto como um interesse público e entendermos que ele é essencial para a produção nacional. Não tenho dúvidas de que o presidente atual gostaria de mudar a política de preços, mas como ele tem medo da reação do mercado financeiro ele não toma atitude, ainda mais em um ano eleitoral”, detalhou.


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