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02/05/2022 às 09h00min - Atualizada em 02/05/2022 às 09h00min

Uberlândia tem mais de 4 mil imigrantes e refugiados, aponta Cátedra da UFU

Cidade acolhe haitianos, venezuelanos, afegãos e outras nações

SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Município conta com instituições que auxiliam e amparam os refugiados e imigrantes | Foto: Divulgação
Segundo dados da Cátedra Sérgio Vieira de Melo, vinculada a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia tem mais de quatro mil imigrantes e refugiados. A cidade acolhe haitianos, colombianos, bolivianos, venezuelanos, franceses, afegãos, ucranianos e pessoas de outras nações.

Conforme aponta um levantamento da Polícia Federal, com dados do Sistema de Registro Nacional Migratório, a estimativa é que 871 haitianos, 568 colombianos, 187 bolivianos e 167 franceses vivem em Uberlândia. Já a organização não-governamental (ONG) Taare, que trabalha oferecendo apoio aos imigrantes, a quantidade de venezuelanos na cidade já ultrapassa mil pessoas, entre adultos e crianças.

Segundo o presidente da ONG, Tiago Pereira, a chegada de refugiados e imigrantes em Uberlândia normalmente coincide com tragédias naturais e guerras que aconteceram no país de origem deles. Um exemplo foi o terremoto que tirou a vida de 300 pessoas no Haiti em 2010, resultando na vinda de muitos haitianos à cidade. As guerras e problemas sociais e econômicos, que aconteceram recentemente no Afeganistão, Síria, Venezuela e Ucrânia, também são motivos para as pessoas procurarem acolhimento no Brasil. 

“Hoje, temos muitos venezuelanos na cidade. Além disso, são 49 afegãos que estão no município atualmente, que fugiram da invasão do Talibã. E a cidade já está recebendo famílias ucranianas que saíram da guerra que ainda acontece entre a Rússia e a Ucrânia”, disse. 

Ainda de acordo com Tiago, Uberlândia é uma das cidades referência em acolhimento de imigrantes. Além disso, o município conta com instituições que apoiam as pessoas que precisam de refúgio. 

“É uma cidade que tem como característica ser acolhedora, as pessoas se solidarizaram no sentido de apoiar. Tendo instituições que dê suporte a eles, facilita. Com isso, eles têm acesso a outros benefícios, como todo brasileiro, de programas sociais, e, consequentemente, conseguem algum trabalho”, explicou Tiago Parreira, presidente da ONG.

Com essa facilidade de adaptação, muitos acabam entrando em contato com parentes e os aconselham a vir para a cidade também. “Eles conseguem se comunicar com parentes de outras localidades, falando que a cidade é boa, que tem apoio, e acaba conseguindo trazer familiares”, completou. 

UFU
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é uma das 32 instituições do país que fazem parte de um projeto das Nações Unidas para melhorar o acolhimento de refugiados. A Cátedra Sérgio Vieira de Melo tem como objetivo promover ações de pesquisa, ensino e asessoria para promoção de políticas locais para integração dos refugiados e imigrantes quando chegam no território brasileiro e uberlandense.

“Na UFU, o projeto foi criado em outubro de 2020. Desde então, nós reunimos inúmeros grupos e núcleos de pesquisa e extensão da universidade, comprometidos com a causa. Temos grupos que atuam na promoção da regularização dessas pessoas, da questão documental. Outros no combate do trabalho escravo, na promoção da saúde do trabalhador, que ensinam português como língua de acolhimento e que capacitam essas pessoas para trabalhar nos mais diferentes campos”, disse Marrielle Maia Alves Ferreira, responsável pela Cátedra Sérgio Vieira de Melo.

Segundo Marrielle, a cátedra está expandindo as áreas de atuação, realizando parcerias com ONGs locais e mantendo diálogo com o Governo do Estado e com a Prefeitura de Uberlândia, para tentar promover políticas públicas que, segundo ela, ainda são falhas. “Não há um olhar para os imigrantes refugiados”, frisou.

Entre as ações, está a luta para que seja aprovada uma resolução para a facilitação do ingresso de refugiados e imigrantes com visto humanitário nos cursos de graduação, pós-graduação e tecnológicos da universidade e na Escola de Educação Básica (ESEBA/UFU). “Além disso, temos buscado uma política para facilitação dos diplomas dessas pessoas. Muitos dos refugiados vêm para o Brasil com capacitação, têm formação, mas não conseguem exercer sua profissão por essa questão documental”, disse Marrielle.

Marielle também frisou sobre a importância da disseminação de informação para as pessoas imigrantes e refugiadas. “De maneira geral, essas pessoas quando entram no território brasileiro não têm informação. Os afegãos chegaram aqui simplesmente porque ficaram sabendo de ONGs que acolhiam. Então vieram a Uberlândia procurando sobreviver, espaços para conseguir garantir a sua vida”, finalizou. 


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