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16/04/2022 às 11h00min - Atualizada em 16/04/2022 às 11h00min

Escolas voltadas para ensino de tecnologia ganham espaço em Uberlândia

Instituições trabalham com crianças a partir dos 5 anos oferecendo cursos de desenvolvimento de games e aplicativos e robótica

IGOR MARTINS
Nascidos na era tecnológica, jovens se interessam cada vez mais por áreas voltadas ao setor | Foto: Pexels
Seja para pedir comida por meio de um aplicativo, fazer uma pesquisa sobre determinado assunto, assistir a um clipe do artista favorito ou curtir a foto do amigo na rede social, o meio digital se tornou algo essencial. Com a popularização da internet e o constante crescimento do setor tecnológico, um novo segmento surgiu em Uberlândia para acompanhar essa modernização: as escolas voltadas para a tecnologia.

No final da década de 90 e início dos anos 2000, a tecnologia começou a ser implementada gradualmente nas escolas por meio das aulas de informática. Desde então, o setor cresceu tanto que os ensinamentos nos dias atuais envolvem programação, desenvolvimento de games e de aplicativos, além do curso de robótica. O que impressiona ainda mais é que esses assuntos são ministrados para crianças e adolescentes a partir dos cinco anos de idade.

A CodeBuddy, escola especializada em programação e robótica para crianças e jovens de sete a 16 anos, possui 45 alunos matriculados em Uberlândia. De acordo com o diretor da instituição, Marcelo Lourenço da Costa, o ensino digital é fundamental para a formação dos futuros profissionais, não apenas para o mercado profissional, mas para a vida pessoal de cada um.

“As crianças atuais já nasceram em um mundo tecnológico. O que nós oferecemos é justamente uma educação digital. É impossível uma criança não ter acesso à internet e aos celulares nos dias atuais. Ao invés de ela estar jogando ou vendo vídeos, ela pode estar aprendendo algo dentro dessa própria tecnologia. Ela aprende a ter segurança digital, fazer consultas em bases consolidadas para que ela use a internet de forma benéfica”, disse.

Em conversa com o Diário, Costa falou sobre os caminhos a serem percorridos dentro da escola tecnológica. A CodeBuddy oferece, atualmente, cursos de criação de jogos, produção de conteúdo, programação, criação de aplicativos e até mesmo o estudo da linguagem de programação JavaScript, a mais utilizada em sites da internet.

Marcelo explicou ainda que a instituição trabalha com projetos a cada fim de curso. A iniciativa, segundo ele, tem como objetivo a aplicabilidade dos conceitos estudados por parte dos alunos. De acordo com o diretor, algumas crianças já criaram até mesmo aplicativos para ajudar os pais em seus empregos, como foi o caso de uma garota que criou uma aplicação de fisioterapia.

“Uma aluna nossa fez um aplicativo para a mãe, que é fisioterapeuta. Era uma agenda de clientes, com agendamento, horário e aviso, com disparo de SMS para o celular do cliente avisando da consulta com um dia de antecedência. É algo normal no mundo tecnológico e que conseguimos medir a aplicabilidade”, relatou.

PROFISSÕES DO FUTURO
Professor de programação, robótica e desenvolvimento de games e apps na Happy Uberlândia, Arthur Laureano Silva afirmou que as profissões do futuro serão as relacionadas com tecnologia e desenvolvimento de softwares. O uberlandense de 20 anos trabalha com crianças entre cinco e 14 anos de idade e falou sobre a importância da alfabetização digital nessa faixa etária.

“As crianças já estão bastante acostumadas com o meio digital. Elas já sabem mexer em aplicativos, mas nós focamos muito na questão da importância de elas saberem se situar na internet, tentando conscientiza-las sobre os perigos da internet. Nos próximos 10 anos, eu acredito que a maioria dos empregos vão ser voltados para essas áreas, e há a expectativa de termos um déficit muito grande de profissionais, por isso a importância do aprendizado tecnológico desde já”, afirmou Silva.

Por conviver diariamente com crianças dessa idade, o professor afirmou que, mesmo muito jovens, várias delas já pensam em seguir a carreira em uma área voltada para a tecnologia, seja no desenvolvimento de softwares ou de games, ou até mesmo em áreas criativas, como desenho, design gráfico e produção de conteúdo para redes sociais.

“Muitos pais trabalham na área de tecnologia e colocam os filhos para ver se eles tomam gosto pelo setor. Outros colocam para que os alunos aprendam um pouco mais sobre os meios digitais. O importante é que além de formarmos um possível programador ou desenvolvedor, formamos cidadãos que conseguem ter os cuidados necessários ao navegarem pela internet”, explicou Arthur.

CULTURA MAKER
A tecnologia também tem sido trabalhada em escolas regulares de Uberlândia, como acontece no Sistema Gabarito. Por meio das disciplinas “Pensamento Computacional”, no Ensino Fundamental II e pela “Cultura Maker”, no ensino médio, as crianças e adolescentes têm acesso aos fundamentos da ciência da computação, programação, robótica e eletrônica, através de itinerários formativos desenvolvidos pela escola.

De acordo com Poliana Diniz, gestora pedagógica da escola, o uso da tecnologia aplicada às disciplinas é importante para o crescimento de espírito coletivo nos alunos. Por meio da cultura Maker, que é um movimento de incentivo à resolução de problemas por meio da criatividade e coletividade, os estudantes utilizam a linguagem digital para criarem suas próprias tecnologias e dispositivos.

“Se a gente não traz essas ferramentas aliadas a projetos significativos, a tecnologia não tem o potencial que ela tem. O mundo contemporâneo exige um profissional muito mais complexo do que antigamente. Cada aluno tem um problema para ser resolvido de modo coletivo com o uso da tecnologia. O aluno não pode ser totalmente passivo. Se a escola não se conectar com o mundo digital, o aluno também fica desconectado”, disse Poliana.

Aluna do ensino fundamental no início da década de 90, a gestora pedagógica comentou sobre a drástica mudança do ensinamento da tecnologia nas escolas regulares. Segundo ela, ao contrário do que acontecia anteriormente, a concepção do ensino tecnológico deixou de ser individualizada e passou a ser focado na coletividade.

“Hoje temos um trabalho muito mais cooperativo e multidisciplinar. O ensinamento das ferramentas tecnológicas por meio da cultura maker muda o cotidiano da escola e torna algo mais dinâmico. Hoje, não temos mais aquele formato totalmente formatado, com os alunos dentro da sala de aula, com a passividade de ficar ouvindo os professores. O mundo exige cada vez mais pessoas criativas e comunicativas”, relatou Poliana Diniz.


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