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06/04/2022 às 15h50min - Atualizada em 06/04/2022 às 15h50min

Uberlândia possui mais de 40 mil doadores de medula óssea

Município é o segundo no ranking do estado, atrás apenas de BH; interessados em contribuir podem procurar o Hemocentro

IGOR MARTINS
Procedimento é simples e pode salvar a vida de pessoas que precisam de um transplante I Foto: PIXABAY
Dados do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) apontam que a cidade de Uberlândia é a segunda de Minas Gerais com o maior número de voluntários cadastrados para a doação do tecido, ficando atrás apenas da capital Belo Horizonte. O último levantamento do banco nacional, realizado em 2022, informa que o município tem 40.624 doadores atualmente.
 
A ação solidária salvou a vida do advogado Gabriel Massote, que passou pelo transplante em 2013. Ele falou sobre a dificuldade de conseguir um doador de medula óssea, mesmo com um grande número de voluntários. No caso do uberlandense, apenas uma pessoa em todo o mundo era compatível com ele, a dona Elza, de Rondônia.
 
“Ser doador de medula óssea significa fazer o bem, poder salvar uma pessoa. É sobre empatia, responsabilidade social e amor ao próximo. Não custa absolutamente nada. Você, sem saber, pode ser a única chance de alguém no mundo, como foi no meu caso. Se a dona Elza não tivesse se cadastrado, eu não estaria aqui”, contou o advogado.
 
Idealizador da plataforma Salve Mais Um, que busca conectar doadores de sangue a pessoas que precisam de transfusões, Gabriel disse que é extremamente importante manter o cadastro atualizado no banco de dados do Redome. Dessa forma, caso alguma compatibilidade seja identificada pelo Hemocentro, o voluntário pode ser acionado de maneira rápida e direta.
 
“Existem muitos casos em que a pessoa encontra o doador e o Redome não encontra o voluntário, seja porque a pessoa se mudou ou trocou de celular, por exemplo. Isso é fundamental e a atualização cadastral é muito rápida. Isso é tão importante quanto ser um voluntário”, explicou.
 
O advogado comentou também sobre o estigma que várias pessoas têm sobre a doação de medula óssea no Brasil. Segundo ele, grande parte da população acredita que o procedimento funciona como uma doação de órgão, o que não é verdade. Em entrevista ao Diário, Gabriel reforçou que o processo é simples e realizado de maneira rápida.
 
“As pessoas acham que doar medula óssea traz riscos à saúde de quem doa. A medula é simplesmente um líquido que pode ser retirado até mesmo pelo braço. Você faz a doação e não perde nada, daqui uma semana o organismo já produziu tudo de novo. As pessoas acham que existe uma dor absurda, mas não tem nada disso”, finalizou o uberlandense.
 
DOAÇÃO
Para se tornar um doador voluntário de medula óssea, é necessário ir até a unidade do Hemocentro de Uberlândia, localizado na avenida Levino de Souza, nº 1.845, no bairro Umuarama. A pessoa precisa apresentar um documento e preencher um formulário. Depois disso, será feita uma coleta de sangue para análise e teste, além da identificação da compatibilidade do transplante.
 
De acordo com o médico e coordenador do Hemocentro, Paulo Henrique Ribeiro Paiva, o processo é simples, mas existem algumas regras a serem seguidas pelo voluntário. Segundo ele, a pessoa precisa estar em bom estado de saúde e não pode ter alguma doença infecciosa transmissível pelo sangue, como HIV ou hepatite. Além disso, o interessado não deve apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune.
 
Outra regra a ser seguida pelo voluntário é ter entre 18 e 35 anos de idade. Anteriormente, o interessado poderia se cadastrar se tivesse até 55 anos, mas a determinação foi alterada pelo Governo Federal em 2021. Na visão do médico ouvido pelo Diário, a mudança fez com que o Hemocentro precisasse repor os doadores que estipularam a faixa etária permitida pelo Ministério da Saúde.
 
“A lei mudou porque nós temos um banco de doadores de medula óssea muito robusto. É o segundo maior do mundo. Esse banco é suficiente, mas nós precisamos repor os voluntários que estão saindo, seja porque faleceram, porque ficaram com alguma doença ou porque ultrapassaram a idade permitida. A ideia é tentar buscar cada vez mais jovens, para que eles fiquem o maior tempo disponíveis”, explicou.
 
Depois do cadastro e dos testes, os dados são incluídos no Redome e, em caso de identificação de compatibilidade com um paciente, o doador é contatado para realizar novos testes. “Existem muitas partes envolvidas. A nossa função é conseguir o maior número de possíveis doadores para que a gente consiga atender todos os pacientes que necessitem do transplante”.
 
Segundo o Hemocentro, a chance de encontrar um doador compatível entre irmãos, filhos de mesmo pai e mesma mãe, é estimada em 25% a 30%. O transplante é feito da seguinte maneira: o paciente irá se submeter a um tratamento que destruirá a sua própria medula e irá receber as células da medula óssea sadia de um doador.


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