Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
24/02/2022 às 09h40min - Atualizada em 24/02/2022 às 09h40min

Com diesel mais caro, transportadoras em Uberlândia registram aumento de até 50% nos custos para realizar o frete

Em fevereiro, litro do combustível registrou alta de 40% se comparado ao mesmo período de 2021

GABRIELE LEÃO
Combustível é responsável por 50% das despesas do cliente, de acordo com a Transpanorama I Foto: TRANSPANORAMA/DIVULGAÇÃO
Assim como acontece em todo o país, Uberlândia vive um cenário de crescente encarecimento dos preços dos combustíveis. Se a gasolina e o etanol já estavam castigando o bolso, em fevereiro o grande vilão da economia tem sido o diesel. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor do litro vendido na cidade registrou um aumento de 46,8% neste mês se comparado ao mesmo período de 2020. Com a alta, transportadoras que atuam no município estão registrando um crescimento de até 50% nos custos operacionais para realizar fretes.
 
De acordo com o levantamento da ANP, neste mês de fevereiro o preço médio do litro do diesel em Uberlândia está na faixa de R$ 5,55, o que representa uma variação de 40% se comparado com o valor praticado no mesmo período do ano passado, quando essa mesma média era de R$ 3,96. O índice máximo encontrado nas bombas em fevereiro de 2022 foi de R$ 5,86.
 
Com esse aumento constante registrado nos últimos dois anos, empresas que trabalham com o transporte rodoviário de produtos e mercadorias estão tendo que repassar parte do valor dos custos de operação para os clientes. De acordo com empresários ouvidos pelo Diário, além do combustível, a cotação do frete também é projetada considerando os insumos e gastos do veículo, como manutenção, pneus e peças.
 
Segundo o proprietário da Transpontual, Edson Campelo da Rocha, no último ano, o aumento dos custos para o frete foi de 50%. O empresário contou que o valor da cotação do serviço é reajustado conforme o aumento do diesel e, somente nos primeiros dois meses de 2022, os valores foram reajustados duas vezes.
 
“O aumento esse ano foi de 8,68% no preço do combustível. O cliente que contrata o serviço em fevereiro já percebe a diferença no próximo mês. Seguramos ao máximo o repasse, pois se todos os custos fossem transferidos ao cliente seria inviável fazer o transporte da carga”, comentou.
 
A estratégia utilizada pela Transpanorama, segundo o coordenador de logística, Cleber Bomtempo da Silva, é absorver os custos do aumento do diesel e transferir aos poucos para os clientes.
 
“Apenas o combustível é responsável por 50% das despesas do cliente que busca o transporte rodoviário e com tantas alterações a empresa passou a adotar o planejamento diário ao invés de semanal para garantir a melhor oferta para o cliente”, disse.
 
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Triângulo Mineiro (Settrim), Cleiton César Silva, as empresas do setor em Uberlândia estão trabalhando com uma margem de aumento de custos para o serviço de aproximadamente 40% nos últimos dois anos.
 
“O transportador não consegue repassar os reajustes satisfatórios que permitam que ele trabalhe com uma lucratividade mínima, consequentemente, isso pode gerar gastos a longo prazo”, comentou o presidente do sindicato.
 
IMPACTO DO E-COMMERCE
Os obstáculos das transportadoras para manter as atividades ficaram ainda maiores com o aumento da demanda gerada pelo e-commerce após a pandemia. Segundo o empresário Edson Campelo da Rocha, os custos foram acelerados e ao mesmo tempo as vendas online fizeram com que a procura pelos fretes aumentasse.
 
“Temos uma frota de 12 caminhões próprios e outros terceirizados. A demanda é muito grande, pois o vendedor precisa que a encomenda seja entregue. Em contrapartida, assim como todos os produtos, o consumidor final é quem paga por toda essa instabilidade dos preços do transporte”, afirmou.
 
Segundo o coordenador de logística da Transpanorama, a instabilidade dos combustíveis nos últimos anos afetou a disponibilidade de veículos para as entregas.
“O digital é uma tendência mundial e de certo modo a pandemia acelerou essas vendas, mas vivemos uma outra realidade de não ter veículos suficientes para atender essa demanda do mercado. O poder de compra reduzido fez com que esse setor também fosse impactado”, disse Cleber Bomtempo.
 
O presidente do Settrim também ressaltou que essa alta impacta diretamente na linha de crédito das empresas de Uberlândia, uma vez que as taxas de juros estão mais altas. “Pensando na expansão do setor, uma vez que o município está localizado em uma das melhores rotas logísticas do país, as empresas ficam limitadas para criar oportunidades de expansão, e isso impacta em toda uma cadeia, desde empregos até o consumidor final. A alta traz um desconforto para as transportadoras com um maior custo operacional”, destacou.
 
MONTAR TABELA
 
EVOLUÇÃO DE PREÇOS DO DIESEL:
 
Fevereiro 2020
Preço Médio - R$ 3,78
Preço Máximo - R$ 4,92
 
Fevereiro 2021
Preço Médio - R$ 3,96
Preço Máximo - R$ 4,80
 
Fevereiro 2022
Preço médio - R$ 5,55
Preço máximo - R$ 5,86

VEJA TAMBÉM:
 
 
 

Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90